07- Segunda - Evangelho
- Lc 5,17-26
Padre
Antonio Queiroz
Hoje
vimos coisas maravilhosas.
Este
Evangelho narra a cura do paralítico descido pelo telhado. Ao ver o milagre,
“todos ficaram fora de si, glorificavam a Deus e cheios de temor diziam: Hoje
vimos coisas maravilhosas!”
Nós
também, se tivermos fé como aquele paralítico e os homens que o carregavam,
veremos coisas maravilhosas. Aliás, o próprio nascimento de Jesus, para cujo
aniversário estamos nos preparando, é a coisa mais maravilhosa que Deus fez
para nós.
O
único jeito que aqueles homens encontraram de levar o paralítico até Jesus foi
descê-lo pelo telhado, fazendo este enorme sacrifício. Nós não precisamos ir
tão longe. Jesus está ao nosso lado, principalmente nas nossas igrejas,
presente na Eucaristia. E está ali com a mesma força e bondade que tinha
naquele tempo.
Ao
ver aquele paralítico sendo descido do telhado na sua frente, Jesus ficou
admirado com a fé deles e diz: “Homem, teus pecados estão perdoados”. Jesus
tinha consciência de que este era o maior presente que ele podia dar a alguém,
muito mais valioso do que a cura física, pois esta até o médico pode nos dar.
Ao
ver Jesus dizer: “Os teus pecados estão perdoados”, os escribas e fariseus se
escandalizam, pensando que é uma blasfêmia, pois só Deus pode perdoar pecados.
Eles não acreditavam que Jesus era Deus. Mas a cura do paralítico veio provar
que Jesus é Deus mesmo. No fundo, a cena é um relato de epifania, isto é, é
manifestação da divindade de Jesus.
Esse
poder, o Senhor ressuscitado transmitiu-a à sua Igreja, quando disse aos
Apóstolos: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados,
ser-lhes-ão perdoados” (Jo 20,22).
A
santa Igreja é a depositária e mensageira do perdão de Deus para o homem
pecador, função que ela exerce no sacramento da Reconciliação ou Penitência. A
perda do sentido de pecado que o homem moderno tem é a principal prova do
pecado em que vive mergulhado, e da necessidade que ele tem de ser perdoado,
salvo e regenerado. No meio de um mundo secularizado, queremos anunciar e
testemunhar as realidades transcendentes, que são eternas.
Em
nossa Comunidade cristã, nós queremos valorizar ao máximo este grande presente
que Jesus nos trouxe que é o perdão dos pecados. Valorizá-lo e usufruirmos
dele.
Para
que uma Comunidade seja reconciliadora, é necessário que seus membros se
perdoem mutuamente. “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos...” Os
agentes da reconciliação precisam estar reconciliados entre si e com Deus.
Infelizmente, o pecado é uma realidade sempre possível na Igreja, que é santa e
pecadora. Devemos não só nos perdoar, mas ter misericórdia uns dos outros: “Não
devias tu ter piedade do teu companheiro como eu tive de ti?” (Mt 18,33).
A
confissão é chamada o sacramento da alegria. Isso porque ela é irmã do batismo.
Este nos dá a graça de Deus, a confissão recupera essa para quem perdeu e
aumenta para quem não a perdeu. Pelo batismo nós nascemos para Deus; na
confissão nós renascemos para ele. Com o batismo nós ingressamos na Família de
Deus; pela confissão somos reintegrados nessa Família.
Que
escutemos o apelo do Senhor à conversão e deixemos que ele nos transforme, ele
que é capaz de fazer brotar rios no deserto. E que a consciência de que somos
pecadores nos torne mais humildes.
S.
Francisco de Sales viveu na França, no Séc. XVI. Durante muitos anos foi pároco
numa paróquia do interior. Havia um rapaz que se confessava frequentemente com
ele, e sempre contava o mesmo pecado. Todas as vezes, o padre, com a maior
bondade, dava a absolvição e dizia: “Vá em paz, filho!” Na confissão seguinte,
o jovem pensava: agora ele vai dar bronca. Mas nada. Sempre com a mesma
bondade, o padre dizia: “Vá em paz, filho!”
Um
dia, após a confissão, foi o moço que perdeu a paciência com o padre e disse:
“Sr. padre, o senhor está me conhecendo, e lembra-se das outras vezes que me
confessei?” Pe. Francisco respondeu com bondade: “Sim, filho, lembro-me muito
bem”. “Então – continuou o jovem – por que o senhor não fica bravo comigo, pelo
fato de eu sempre contar o mesmo pecado?”
Pe.
Francisco respondeu: “Filho, cada vez que você cair, levante-se. O importante é
que, quando Deus vier buscá-lo, o encontre em pé!”
Aí
está o grande segredo da vida cristã: o importante não é nunca fazer pecado – o
que ninguém consegue – mas é levantar-se cada vez que cai, porque assim, quando
Deus vier nos buscar, estaremos em pé. Cair num buraco, todo mundo cai. Mas
ficar lá dentro, isso não. Podemos pecar um milhão de vezes que Deus sempre nos
perdoará. O que ele quer é que sempre nos levantemos.
Maria
Santíssima é coração de Mãe, que sabe e quer perdoar. Que ela nos ajude a
sempre buscar o perdão do seu Filho.
Hoje
vimos coisas maravilhosas.
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