SANTA MÃE DE DEUS, MARIA 01/01/2016 – Sexta Feira
1ª Leitura Nm 6, 22-27
Salmo 66 “Que Deus nos dê sua graça e sua Bênção”
2ª Leitura Gl 4, 4-7
Evangelho Lucas 2, 16-21
"BÊNÇÃO
E PAZ!"
A Igreja celebra em todo
dia primeiro de ano a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, onde a primeira
leitura nos apresenta a chamada “Bênção de Aarão” que traz uma tríplice
invocação de Deus, precedida de uma ação.
Para o homem bíblico,
bênção tinha muitos significados e há correntes religiosas que em nossos dias
ainda vê a bênção dentro desses conceitos do Antigo Testamento, o que é
perigoso, pois pode gerar uma distorção nos ensinamentos básicos do
Cristianismo, transmitidos por Jesus.
Bênção não é uma
superproteção divina para alguns privilegiados, nem tão pouco aumento de
patrimônio e conquista de riqueza, porque nesse caso, o homem Jesus de Nazaré
seria o mais rico que já pisou nessa terra e seu nome estaria evidentemente
relacionado entre as maiores fortunas do mundo, e Jesus também não teria
proclamado que os pobres e pequenos são os prediletos no Reino de Deus.
A bênção também não é um
amuleto de sorte ou uma fórmula mágica para se fazer uso quando algo dá errado
em nossa vida. Na verdade, bênção é todo bem que desejamos e que Deus quer nos
dar, não porque sejamos merecedores, mas porque a sua misericórdia nos concede
gratuitamente.
E qual é o maior bem que
podemos desejar? O mundo responde que é o “ter” e o “poder”, porém, infeliz do
homem que assim pensar. A segunda leitura dessa liturgia nos dá a resposta e
nos leva ao coração de Deus porque fala da bênção na sua essência, pois o Bem
mais supremo e a maior de todas as bênçãos que Deus nos concede é Jesus Cristo,
que nos transforma de escravos, porque éramos devedores de Deus, em filhos,
herdeiros da sua graça!
É exatamente nesse ato da
bondade divina que se concretiza a bênção de Aarão – Em Cristo, Deus nos
guarda, nos mostrou a sua face, concedeu-nos a sua graça, voltou para nós o seu
olhar e nos concedeu a verdadeira Paz.
E quem é portador dessa
bênção? São pessoas especiais, dotadas de poderes sobrenaturais? O evangelho de
Lucas, que narra alguns episódios da infância de Jesus, nos mostra que é
portador dessa bênção, quem crê e vive essa grande esperança chamada Jesus. A
narrativa coloca em realce Maria e os pastores, que eram pessoas simples do
meio do povo. Os pastores viviam isolados em suas aldeias próximas a pastagem e
não tinham acesso ao sistema religioso, porque sua conduta não era das melhores
já que tinham fama de mentirosos e violentos. Maria é de um vilarejo pobre,
Nazaré, que em nada poderia contribuir para alguma mudança na humanidade. É no
coração dessas pessoas, excluídas do sistema religioso e econômico, que Deus
age.
O poder religioso da época
jamais admitiria que Jesus fosse o Messias prometido; já os pastores, ao
ouvirem o anúncio na noite santa, puseram-se a caminho. Lucas gosta da palavra
“pressa” (ele a utiliza para Maria, na visita a sua prima Isabel: Maria foi às
pressas...) e nesse domingo novamente menciona que os pastores foram as
pressas... Ter pressa nos sugere movimentos feitos com rapidez, mostrando-nos
assim que o anúncio da Boa Nova requer certo dinamismo, uma ação eficiente e
objetiva.
Quando o nosso agir emana
da fé, nossas atitudes e palavras provocam admiração; porém, o verdadeiro
anunciador da Boa Nova jamais aponta para si mesmo, mas para o “outro”. A
admiração das pessoas é porque vê nos pastores o agir de Deus, é Ele quem causa
admiração. As pessoas na verdade descobrem Deus no agir de quem o anuncia. Essa
ação de Deus em nossa vida, nem sempre pode ser explicada, pois a fé é por si
um mistério. Há muita gente que quando depara com o mistério em sua vida, e não
consegue explicação lógica para certos acontecimentos , acabam desistindo de
viver a fé.
O texto dá a entender que
Maria e José se admiraram das coisas que os pastores anunciaram. Maria é por
excelência a portadora de Jesus para o mundo, mas não sabe tudo e vai
descobrindo a verdade aos poucos, sabendo reconhecer Deus nas palavras daqueles
homens rudes. Por isso, ela guardava todas essas coisas no coração.
A exemplo de Maria e dos
pastores, louvemos e glorifiquemos a Deus, adorando-o no mais íntimo do nosso
ser a cada dia de nossa vida, e neste primeiro dia do ano rezemos como o
salmista “Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção”. Amém.(Diácono José da Cruz
– Paróquia Nossa Senhora Consolata – E-mail cruzsm@uol.com.br)
Excelente comentário. Objetivo e claro.Possui conteúdo.
ResponderExcluirExcelente comentário. Objetivo e claro.Possui conteúdo.
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