08 de Abril - Quarta - Evangelho
- Lc 24,13-35
Bom
dia!
Tudo
indica que um dos discípulos de Emaús (Cleófas) era o pai de Judas Tadeu e
Tiago, ambos apóstolos. O que impedia, segundo estudos recentes, o próprio tio
de Jesus de reconhecê-lo pelo caminho? E a nós? O que nos impede ainda de ver a
Jesus ressuscitado?
Tristeza,
a falta de fé, a descrença, o orgulho, a vaidade, o desamor, a perca da
esperança, a decepção, a ansiedade, a urgência, (…) nos cobrem os olhos a graça
da presença de Jesus em nosso meio. “(…) Enquanto conversavam e discutiam, o
próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com eles, MAS ALGUMA COISA NÃO
DEIXOU QUE ELES O RECONHECESSEM”. Em virtude disso, e de outros fatores,
deixamos de ver Deus a nos cercar e também de vê-lo no irmão ao nosso lado.
Algo
brotou nessa reflexão: O quanto sou igreja? Consigo ver no irmão de outra
pastoral ou movimento a face de Jesus? Consigo ver no irmão que perambula pela
rua a imagem do seu Senhor? Sou igreja ou uma identidade? Parecem perguntas
desconexas, mas tem muito haver com a reflexão.
Alguns
movimentos e pastorais sucumbem ou sofrem por falta de humildade ou de apoio.
Muitos, como os discípulos de Emaus, andam com o Senhor, mas não o reconhecem,
pois esquecem que são igreja quando se apegam a uma identidade pastoral para
justificar suas faltas com a igreja como um todo. “Batem no peito” o nome do
seu grupo ou movimento, esquecendo o principal: VER JESUS, A PRÓPRIA CABEÇA DA
IGREJA.
Essa
cegueira (ou seria miopia) que fez sucumbir a teologia da libertação, que
apesar de ser muito preciosa e bem fundamentada, agarrou-se ao partidarismo
político abandonando a oração e consequentemente a Jesus. Essa cegueira, como
dos discípulos de Emaús, tem sinais bem clássicos:
Marcam
reuniões nos horários de missas e celebrações, não participam e tão pouco
ajudam nas festas comunitárias; não acatam ou aceitam regras de horários; nas
missas esquecem da liturgia, não ajudam na campanha da fraternidade, no natal,
no advento; não fazem ações sociais; mas no quesito “CRÍTICA”, são imbatíveis!
(risos).
Quando
limito propositalmente meu olhar esqueço paulatinamente os propósitos de
Cristo. Quando vejo que precisam do meu serviço, da minha ajuda, da minha
atenção, mas limito a ajudar os meus, grandemente me equivoco.
Veja
na primeira leitura. Se Pedro fingisse não ver o problema do coxo, não teria
compreendido o quanto Deus habitava em seu coração
“(…)
Quando viu Pedro e João entrando no Templo, o homem pediu uma esmola. Os dois
olharam bem para ele e Pedro disse: ‘Olha para nós!’ 5O homem fitou neles o
olhar, esperando receber alguma coisa. 6Pedro então lhe disse:’Não tenho ouro
nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno,levanta-te
e anda!’”. (Atos 3, 3-6)
Esse
evangelho nos apresenta um alerta: MESMO CAMINHANDO COM JESUS, SENDO SEU
PRÓXIMO, ESTUDANDO SUA PALAVRA, SEM A DIVINA SENSIBILIDADE E A DOCILIDADE EM
OUVIR, NÃO CONSEGUIREMOS RECONHECÊ-LO.
Preciso
rever minhas falas e meus conceitos sobre ser igreja. Será que ficar só numa
sala rezando é ser igreja? Será que fazer uma ação social sem rezar é ser
igreja? Em ambos os casos, é e não é! Frei Faustino Paludo (referencia em
liturgia da CNBB) certa vez disse que receber a eucaristia sem meditar a
consequência do nosso pecado “como” e “na” comunidade torna nossa comunhão
incompleta. “Sou santo”, mas não me misturo; vou à igreja todos os dias, mas
não mudo minha forma de lidar com as pessoas… É preciso rever isso!
Ainda
estamos vivendo a páscoa, a espera de Pentecostes, mas não podemos esquecer
nossos dons, o que aprendemos, por medo ou preciosismo.
Sim,
parece utopia, mas busquemos completar o gesto eucarístico de cada dia com
ações, a começar enxergando o que minha comunidade igreja precisa.
Para
terminar deixo a reflexão proposta pela CNBB
“(…)
Este trecho nos mostra todas as etapas do trabalho evangelizador. Inicialmente,
as pessoas estão caminhando em comunidade. NINGUÉM CAMINHA VERDADEIRAMENTE
QUANDO ESTÁ SOZINHO. Jesus é o verdadeiro evangelizador, que entra na caminhada
das pessoas, caminha com elas. DURANTE A CAMINHADA, FAZ SEUS CORAÇÕES ARDEREM,
PORQUE DESPERTA NELES O AMOR, PERMANECE COM ELES, FORMANDO UMA NOVA COMUNIDADE,
E SE DÁ VERDADEIRAMENTE A CONHECER QUANDO AS PESSOAS DÃO RESPOSTAS CONCRETAS
AOS APELOS DO AMOR, fazendo com que elas sejam novas testemunhas da
ressurreição”. (CNBB)
Um
imenso abraço fraterno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário