17 de Abril de 2015-Evangelho - Jo 6,1-15
Jesus sabe que o caminho dos homens é longo e que
eles são fracos. Podem desfalecer enquanto caminham pelo mundo afora. É o que
vemos no evangelho de hoje: Jesus tem pena daquele povo que já estava cansado e
com fome. Assim, com pena de despedi-los neste estado, o Senhor realiza o
portentoso milagre da Multiplicação dos pães. O que vinha a ser este milagre de
Nosso Senhor? Uma figura da multiplicação de um pão muito mais excelente: vendo
nossa fraqueza espiritual, Jesus, por amor, quer multiplicar um pão para
alimentar nossa alma na caminhada para o céu: Ele mesmo na Santíssima
Eucaristia!
A multidão seguia Jesus “porque via os sinais que ele operava a favor
dos doentes”, no entanto, o Senhor tinha para com eles um zelo e um olhar de
quem via todas as suas necessidades. Assim foi que logo ao enxergar a multidão
que vinha ao seu encontro, Jesus lembrou-se de que eles deveriam estar com fome
e precisavam alimentar-se. Jesus aproveitava todas as oportunidades para
instruir os seus discípulos e para dar testemunho da bondade do Pai. Por isso,
Ele os punha à prova a fim de medir a generosidade daqueles que caminhavam com
Ele. Ele sabia que a multidão faminta não poderia aprender os mistérios do Pai
e, ao mesmo tempo, exercitava os Seus discípulos a não se omitirem diante dos
desafios e a se colocarem a mercê da providência do Pai. “Onde vamos comprar
pão para que eles possam comer?” Assim foi que questionados sobre o que teriam
de fazer apareceu André que lhe deu notícia de alguém que tinha cinco pães e
dois peixes. São lições que hoje servem para a nossa vida: Como alimentar tanta
gente, tendo pouco? O que fazer? O que pensar? Desistir? Resmungar? Murmurar?
Assim como os discípulos fizeram devemos também nós fazer: “Está aqui alguém
que tem cinco pães e dois peixes, mas o que será isto para tanta gente?” “Fazei
sentar as pessoas!” O que isto pode significar para nós? Quando nos sentamos em
família, em comunidade e colocamos o pouco que temos nas mãos de Deus, quando
juntamos os nossos poucos dons e os oferecemos ao Senhor o milagre acontece.
Cada um de nós tem seu papel no diálogo, na compreensão, na serenidade, na
partilha do amor. Quando nós nos colocamos nas mãos do Pai e nos dispomos a
partilhar o que temos, com amor, Ele multiplica suas graças de provisão e nunca
nos faltará nada.
Você tem vivido isto na sua família? Já percebeu na sua casa o que
cada um tem para oferecer? Costuma sentar-se para fazer uma avaliação das suas
possibilidades colocadas nas mãos de Deus? E o que é feito do milagre? Ele já
aconteceu? Todo milagre é possível, porque Jesus se despiu de Sua glória e se
tornou ser humano e habitou entre nós. Vemos nesse texto que Jesus estava
sempre próximo da multidão, dando-lhes acesso por meio de sua convivência na
sociedade. Jesus vivia no meio do povo: religiosos e pecadores, fariseus,
sacerdotes, prostitutas, romanos, samaritanos, judeus, fenícios, ricos, pobres,
fazendeiros, agiotas, lavradores, coletores de impostos, militares, pescadores,
revolucionários, leprosos, cegos, aleijados, loucos, possessos, homens e
mulheres. Jesus congraça com pervertidos, bêbados, adúlteros, tratantes e
prostitutas. Jesus encontrava as pessoas onde elas estavam – seja um cego na
beira da estrada, uma mulher no poço, agiota desiludido caminhando. Ele sempre
aceitava o convite para passear, jantar, ir a sua casa, conhecer uns amigos,
visitar doentes, ler a Bíblia, beber uma jarra de vinho numa festa etc. Assim,
deves hoje sair do templo e ires conviver com as pessoas. Vá ao encontro das
pessoas. Deves ser o milagre entre o povo.
Reveja as prioridades da sua agenda. As pessoas eram priorizadas na
agenda de Jesus. Este é o contexto anterior ao milagre da multiplicação de pães
e peixes que Jesus estava inserido: a) O dia havia sido exaustivo. b)
Jesus recebe a notícia do assassinato de João Batista. c) Jesus sabe que
Herodes perguntava por ele. Jesus respirava ameaças de morte. d)
Jesus recebe seus discípulos contando tudo que tinham feito e ensinado, após
serem enviados dois a dois. e) Jesus não teve tempo de almoçar e nem de
descansar. f) Mas, diante da multidão necessitada, Jesus reviu sua agenda. Ele
permitiu que a necessidade da multidão carente se impusesse à sua. A compaixão
venceu o luto, a ameaça de morte, a explosão de alegria, o cansaço e a fome. A
compaixão é o instrumento de Deus para nos fortalecer para servir os pobres e
necessitados. Fuja do ativismo religioso que prioriza templo, coisas,
programações. Priorize sempre pessoas.
“Quem não serve para servir, não serve para
viver”. Pregue o evangelho para todo o mundo. Para falar de amor eu tenho que
aprender a repartir o pão, chorar com os que choram e me alegrar com os que se
alegram. Lembro-te que o serviço acontece como uma ponte que liga a
palavra do evangelho pregada e a necessidade humana. E nós, os discípulos de
Cristo, somos os construtores dessa ponte para transformar as vidas e salvar
almas.
Pai, que a Páscoa de Jesus renove em mim a consciência de pertencer
a teu povo, cuja existência deve se pautar pela caridade e pela partilha
solidária.
É uma pena ,muitos que estão nas igrejas não saibam disso.
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