12 de Abril de
2015-
Nas tradições das primeiras comunidades
circulavam dois tipos de textos sobre a ressurreição: uns relativos à
constatação do túmulo vazio e outros relacionados às aparições do ressuscitado.
Em Marcos encontramos apenas a tradição do túmulo vazio. Os demais evangelistas
combinam-se ao coletar textos extraídos das duas tradições. No texto de hoje,
do Evangelho de João, temos a narrativa do encontro do túmulo vazio. Em
continuação, o Evangelho apresentará as narrativas de aparições. A tradição do
túmulo vazio suscita a fé no ressuscitado sem vê-lo.
Precisamos fazer um rebusco ao que Jesus disse aos discípulos na
última ceia. Ele já comunicara aos discípulos, de maneira expressiva, a sua
paz; e agora, na condição de ressuscitado, a renova. Jesus aparece entre os
discípulos reunidos, anuncia-lhes a paz e mostra-lhes as chagas.
A primeira testemunha do cumprimento destas palavras foi Maria
Madalena que chega ao túmulo. Vê a pedra que o fechava removida e acha que
roubaram o corpo. Ela o comunica a Pedro e ao discípulo que Jesus amava. Este
discípulo é mais ágil do que Pedro ao dirigir-se ao túmulo; porém, em
consideração a ele, deixa que entre primeiro. O pano que tinha coberto a cabeça
de Jesus estava enrolado num lugar à parte. O discípulo que Jesus amava viu e creu
na presença viva de Jesus. Até então não tinham compreendido que Ele
ressuscitaria. Contudo, os sinais do túmulo vazio são suficientes para o
discípulo amado crer que Jesus continuava vivo.
No Evangelho de hoje, os discípulos estão com as portas trancadas
com medo dos judeus. Este detalhe exprime a situação da comunidade de João,
excluída pelos judeus, os quais, inclusive, denunciavam os cristãos aos
romanos. Porém, a presença do ressuscitado liberta a comunidade do medo e lhes
traz a alegria. O mostrar as chagas das mãos e a do lado é a confirmação de
identificação do ressuscitado com Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Agora,
conforme anunciara nos discursos de despedida, Jesus comunica aos discípulos o
Espírito, soprando sobre eles.
Os discípulos são enviados em missão, com o conforto do Espírito.
Suas comunidades, que vivem na comunhão e partilha, movidas pela fé em Jesus,
são responsáveis pela prática da misericórdia no acolhimento dos excluídos como
pecadores e de todos aqueles que se sentem atraídos por Jesus. A partir da
experiência de Tomé, Jesus proclama a bem-aventurança da fé. Começa o tempo dos
bem-aventurados que não viram e creram.
Em Atos, Lucas narra o anúncio de Pedro: a partir do batismo de
João, iniciou-se o ministério libertador de Jesus, por toda parte, até sua
morte na cruz. Porém, ressuscitado, continua presente entre os discípulos. É o
mesmo Jesus de Nazaré, Filho de Deus encarnado, que a todos comunicou
eternidade e vida divina. As primeiras comunidades tinham consciência de que, pelo
batismo, já viviam como ressuscitadas, isto é, em união com Jesus em sua
eternidade e divindade.
Comprometer-se, hoje, com o projeto vivificante de Jesus, na
justiça, no amor, na partilha, é viver a ressurreição, em comunhão com o Deus
eterno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário