QUINTA FEIRA DA XVI SEMANA DO TEMPO COMUM 24/07/2014
1ª Leitura Jeremias 2, 1-3.7-8.12-13
Salmo 35(36), 10ª “Em vós está a fonte da vida, e é na vossa luz
que vemos a luz”
Evangelho Mateus 13, 1-17
Quando conversamos com alguém sobre algum assunto muito importante,
mas notamos que o ouvinte está “longe” da conversa, distraído, olhando para os
lados, preocupado com outras coisas, lógico que não sentimos vontade de
continuar, e assim logo encerramos o assunto ou
transformamos a conversa em uma
futilidade, que não requer tanta atenção do outro.
Na celebração de casamentos ás vezes enquanto o Padre ou o Diácono
capricha na homilia, os noivos estão dando risinhos entre si, ou olhando para a
cara de algum padrinho engraçado, ou olhando a da minha ou o noivinho, ou o que
é ainda pior, fazendo pose para uma foto. Como diz o caboclo, “dá uma raiva”, e
daí a gente logo conclui,e perde a vontade de continuar com a reflexão, pois os
principais interessados, que são os próprios celebrantes, estão distraídos, a
palavra é apenas um ruído, um barulho que não passa dos ouvidos.
Para fazer esse desabafo no evangelho de hoje, Jesus deve ter
passado essa experiência inúmeras vezes diante da multidão, ele ali falando com
entusiasmo do Reino Novo, falando e revelando o Pai, e o povaréu nem aí com o
“peixe”, parece que só se ligavam quando Jesus fazia algum milagre, daí a coisa
fervia, pois milagre não exige compromisso da parte de quem o recebe.
Temos em nossas vidas pessoas com quem conversamos todo dia, mas
algumas nos são especiais, e com essas a conversa passa do mero formalismo para
um colóquio, algo mais profundo. As multidões sempre seguiram Jesus, no meio
delas havia aquelas que viam em Jesus alguém especial, interessava-se em
ouvi-lo, prestando toda atenção, porque suas palavras traziam esperança,
fortalecimento, coragem e conforto, e com isso trazia também a vontade de
pensar diferente e construir um mundo novo. Não era apenas uma mensagem bonita
que deleitava os ouvidos, mas era algo que entrava no coração, no centro da
vida, provocando mudanças...
Mas havia também os “avoados”, os interessados em buscar em Jesus
alguma vantagem, esses até o aplaudiam e o admiravam, mas não estavam
interessados em mudanças radicais de vida, ouviam as pregações, entravam por um
ouvido e saia pelo outro. Jesus era só mais um pregador entre outros, muito
bom, falando com sabedoria, mas era só mais um. Assim é que o homem da
pós-modernidade vê o cristianismo, como mais uma religião entre centenas de
milagres, como uma Filosofia de Vida, entre tantas outras, muito boa, sólida,
consistente, tradicional, mas é só mais uma....
Os Discípulos foram escolhidos do meio da multidão, o Senhor viu
neles, muito mais do que ouvidos atentos, mas corações abertos, sedentos de
esperança e uma total disponibilidade para segui-lo. Não são homens especiais e
superdotados de algum poder sobrenatural, mas para eles Jesus não é apenas mais
um, é o Único e absoluto. Com eles Jesus inicia o Novo Povo de Deus, os homens
e mulheres da Nova Aliança, haverá entre Jesus e eles um forte elo como havia
no Código da Aliança entre Deus e Israel “Eu serei o Vosso Deus e Vós sereis
meu Povo” em uma relação única e particular.
Por isso Jesus os trata de modo especial e os introduz
pedagogicamente ao conhecimento sobre os mistérios do Reino dos Céus, que não é
revelado a multidão. Hoje esses discípulos estão nas nossas comunidades
cristãs, são todos os batizados que se abriram á Graça de Deus, que foram
capazes de se encantarem com Jesus e seu evangelho, e se colocam sempre
disponíveis para construir esse Reino que é Eterno. Jesus não fala mais em
parábolas, ele é o Logus do Pai, a sua Palavra encarnada no meio de nós, ele se
entrega totalmente na Eucaristia em cada celebração.
Ai de nós se o ouvirmos de
má vontade, sem nenhuma disposição interior para o segui-lo, ai de nós se não o
acolhermos com o coração aberto...Melhor seria nem ser batizado e não ter se
apossado do nome de Cristão.
nossa! Esse primeiro parágrafo diz tudo, mas como o discípulo não é maior que o Mestre, vamos em frente.
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