20 de julho-DOMINGO - Evangelho
- Mt 13,24-43
Uma das
maiores tentações que enfrentamos em nossa vida consiste na desconfiança acerca
da nossa existência, ou seja, se verdadeiramente a nossa vida é mesmo um dom de
Deus. Os sofrimentos sempre procuram levar o ser humano a um questionamento
profundo: a minha vida (a semente) é boa? Esta vida (semente) é um dom
verdadeiramente? Se é um dom,
sendo Deus o Sumo Bem, de onde e por que vem o joio (o sofrimento)?
A primeira certeza que precisamos gestar
e viver em nossa vida, urgentemente, é a de que eu existo para dar certo e tudo
concorre para isso; a cruz é a maior prova desta verdade. Mas quanto ao joio
(sofrimento), visto que de Deus só pode vir o bem, como ele surge na nossa
vida? Surge das tantas vezes em que cochilamos diante da vontade de Deus em
nossa vida; quando queremos existir de forma independente, sem a graça d’Ele;
quando achamos que nos bastamos, fechando-nos a tudo aquilo que nos constrói
enquanto pessoas nas realidades de valores e virtudes.
Mas a
pedagogia de Deus – do pai da família, segundo a parábola – é algo
surpreendente e maravilhoso; quando os servos tomam a iniciativa de arrancar de
uma vez o joio, a primeira coisa que o pai diz é: deixai crescer junto com o
trigo. Arrancai-o somente no momento da colheita. Pensamos: “Meus Deus,
como se não bastasse o fato de que o sofrimento (joio) nos faz tanto sofrer,
ainda tenho que conviver um tempo com ele?” Humanamente falando não dá para entender.
O pai justifica o fato com a preocupação de ser arrancado, com o joio, o trigo.
Na vida é a mesma coisa: queremos agir no ímpeto e na euforia com o primeiro
sofrimento que nos aparece, pondo tudo a perder.Quando tomamos decisões na euforia ou na depressão, ou seja, nos extremos
da nossa vida, é certeza de que a decisão será errada. O equilíbrio
consistirá no tempo apropriado de permitir que o joio (sofrimento) cresça
junto.
O trigo e o joio são duas plantas
parecidíssimas, de forma que somente quem conhece a fundo estas duas plantas
sabe diferenciar uma da outra. Na época da colheita, o que acontece? O trigo,
que está carregado de seus frutos, [na época da colheita], pesa e seus ramos
inclinam-se; em contrapartida, o joio, que não dá frutos, permanece reto, em
pé. É exatamente neste momento que percebemos a fundo o que é trigo – está
inclinado – e o que é o joio – está reto. O agricultor passa a mão por cima da
plantação e vai puxando o joio, arrancando um a um, sem puxar o trigo, pois
este se encontra abaixado.
Segundo a parábola, o joio arrancado é
posto fora? Não, pois o pai da família pede que, arranque-o primeiro, o amarre
em feixes e o guarde com muito carinho. Depois de ter feito todos os
procedimentos com o joio, daí sim, recolhe-se o trigo e guarda-o no celeiro.
Verdadeiramente que absurdo, humanamente falando. Como se não bastasse o fato
de o joio ser algo mau, sofrimento, ainda guardá-lo com tanto carinho? Sim! Por
quê? Vejamos. O homem do deserto – no tempo de Jesus – não possui lenha em
abundância, como nós no Brasil, para poder cozer o pão. O que ele faz? Ele se
utiliza do joio – guardado em feixes – para torná-lo combustível para que o
forno seja aquecido para o cozimento do pão. Sem o calor – no caso,
proporcionado pelo joio que é queimado – não tem como cozinhar o pão.
O que a parábola quer nos ensinar? Que devemos deixar de olhar para os
“joios” da vida como sofrimentos que só podem nos fazer mal. Não, a
sabedoria da parábola quer nos levar a uma sabedoria de vida, ou seja,
temos de aprender com o sofrimento; temos de nos perguntar diante de Deus:
“Senhor, este sofrimento não vem de Ti, mas o que eu tenho e posso aprender com
ele?” Para dizer que o sofrimento – que nunca vem de Deus – é uma escola, por
excelência, de formação e de crescimento. Na vida ou aprendemos com o
sofrimento – também – ou vamos continuar a sofrer muito mais. Infelizmente!
Padre Pacheco
Seus comentários trazem novos
ResponderExcluirEnsinamentos. Muito bom.
QUE LINDA REFLEXÃO PADRE ,PUXA ! ANSEIAMOS POR ENTENDIMENTO ASSIM DA PALAVRA. DEUS SEJA LOUVADO PELA PARTILHA MARAVILHOSA. DEUS OS ABENÇOE.
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