12 de julho - Sábado-Evangelho
- Mt 10,24-33
Para que seus discípulos não desanimem diante das perseguições, Jesus
lembra que também ele encontrou oposição.
As
exigências da missão são extremas, podendo incluir a perseguição e a morte!
Hoje, Jesus introduz no seu discurso a expressão «Não temais», que ocorre 366
vezes na Bíblia. O nosso texto está estruturado sobre a repetição, a modo de
imperativo: “ não tenhais medo”! E depois dá razões pelas quais a confiança
deve sempre vencer. A primeira razão é: ainda que o bem esteja, por agora,
velado, e a astúcia e a virulência do mal pareçam escondê-lo, acontecerá uma
reviravolta completa e veremos, no triunfo de Cristo, a vitória dos que
escolheram praticar o bem. Eis a razão pela qual os discípulos de Jesus são
encorajados à audácia do anúncio. O que recebemos é pequeno como uma luzinha
nas trevas, como um sussurro ao ouvido, mas deve ser dado à plena luz do dia,
gritado sobre os telhados. Inicialmente, o Evangelho era algo de oculto e
misterioso, que era preciso manter em segredo, dado a conhecer a poucos e com
as devidas precauções, para não desencadear a perseguição. Mas chegou o tempo
de o dar a conhecer ao mundo inteiro! O pior que pode acontecer aos
missionários do Reino é a morte do corpo. Mas seria muito pior a morte da alma,
a perda da vida. Ora, só Deus pode tirar a vida. Mas não o faz àqueles que O
amam e O temem. Jesus conclui a sua argumentação com duas imagens muito ternas:
a dos pássaros que, valendo pouco, são amados pelo Pai, e a dos cabelos da
cabeça, contados por Ele. Não há, pois, que temer: Ide: proclamai que o
Reino do Céu está perto! (Mt 10, 7).
O temor de Deus é uma atitude complexa
em que conflui o respeito reverente, a obediência, a adesão profunda, a
adoração, o amor. Foi sentido por muitos profetas e santos, que fizeram a
experiência do encontro com Deus, três vezes santo. Diante d´Ele, damo-nos
conta da nossa condição de criaturas e da impureza da nossa vida. Já o salmista
rezava: «Senhor, nosso Deus, como é admirável o teu nome em toda a terra!
Adorarei a tua majestade, mais alta que os céus… que é o homem para te
lembrares dele, o filho do homem para com ele te preocupares?» (Sl 8, 2.5).
Mas, se nos deixarmos penetrar por esta atitude, também poderemos ter toda a
confiança na sua misericórdia. Jesus une o temor de Deus e a confiança: «Não se
vendem dois pássaros por uma pequena moeda? E nem um deles cairá por terra sem
o consentimento do vosso Pai! … Não temais, pois valeis mais do que muitos
pássaros» (vv. 29.31)
Ambas as leituras nos falam da
experiência de temor na presença de Deus, que Se nos revela e chama a uma
missão. Mas também em ambas as leituras escutamos a palavra do Senhor que nos
diz: «não tenhas medo», «não temais». Aquele que nos ama, nos chama e nos
envia, purifica-nos e está conosco: «Não temas: eu estarei contigo»; «não
temais, eu estarei convosco» (Ex 3, 12; Dt 31, 6; 31, 15; 1 Cr 28, 20; Jr 1,
17; 46, 28; 30, 11). A Virgem Maria também experimentou a sua condição de
criatura limitada e frágil perante a grandeza e poder de Deus, no dia da
Anunciação. Por isso, o Anjo lhe diz: «Não tenhas medo, Maria » (Lc 1, 30).
O medo e a desconfiança, na relação com
Deus, mas também na relação conosco ou com os outros, paralisam-nos,
transformam-nos em escravos. Mas Paulo adverte-nos: «Vós não recebestes um
espírito de escravidão para recair no medo, mas recebestes um espírito de
filhos adotivos, por meio do qual gritamos: “Abbá, Pai!”. O mesmo Espírito
atesta ao nosso espírito que somos filhos de Deus» (Rm 8, 15-16). «Se vivemos
do Espírito, caminhemos segundo o Espírito» (Gl 5, 25). Na relação com Deus,
embora conhecendo os nossos limites e os nossos pecados, temos consciência de
estar perante um Pai, cheio de amor e de misericórdia. No exercício da missão
que nos confia, na sua obra de salvação do mundo, sabemos que não estamos sós,
mas que Ele está connosco.
Senhor purifica os meus lábios, mas
purifica, sobretudo, o meu coração. Quantas vezes alimento pensamentos e
desejos, que não nascem da certeza do teu amor, da vontade de lhe corresponder,
da confiança em Ti. Quantas vezes me deixam dominar pelo temor, quando surgem
dificuldades e problemas no caminho para Ti, ou na missão que me confiaste.
Faz-me escutar novamente a tua palavra: «Não temas; Eu estou contigo!».
Purifica-me, Senhor, e dá-me coragem e confiança para aceitar a purificação!
Dá-me agilidade no combate espiritual contra as paixões, para que deseje e
queira, sempre, em tudo, e somente a tua glória. Assim encontrarei também a paz
e a serenidade, que tornarão mais felizes e plenos os breves dias da minha
vida. Amén!
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