DIA 17 SEGUNDA - Evangelho - Mc 8,11-13
Padre
Pacheco -
Canção Nova
Jesus, além de ser Deus, Deus mesmo que
se encarna e assume a nossa humanidade se fazendo igual a nós em tudo, exceto
no pecado, é – pela Sua encarnação – o grande sinal visível da graça invisível
da presença do Pai em nosso meio. Foi Cristo mesmo quem disse: “Quem me vê, vê
o Pai.”
Jesus Cristo, por excelência, é o grande sinal do Pai em
nosso meio. Para dizer que, se tomamos a decisão de buscar Deus em nossa vida,
em tudo encontraremos o sinal concreto da presença de Deus em nossa vida;
agora, se buscarmos aquilo que Deus tem a nos oferecer, teremos sérias
dificuldades para descobrir-Lo nas coisas e nos acontecimentos.
Tenho meditado muito acerca dos milagres que somos chamados a
saborear, das intervenções maravilhosas de Deus na vida, pela intervenção de um
Santo, quando celebramos uma memória ou uma festa de um Santo na Igreja. Muitas
pessoas querem sinais, querem milagres, fazem promessas – algo que não é errado,
e que devemos continuar a fazer. Todavia, o mais importante ao comemorarmos um
Santo é a certeza de que devemos imitar a vivência das virtudes e dos valores
evangélicos que aquele Santo ou aquela Santa viveram. Vou mais além ainda:
caminhar de joelhos em torno de uma igreja, para pagar uma promessa, por
exemplo, é fácil; difícil é tomarmos a decisão de seguirmos os passos de tal
Santo ou tal Santa. Continuemos a fazer nossas promessas, nossos pedidos, mas
vamos mudar nossas concepções sobre aquilo que é a essência.
Os fariseus pediram um sinal. O grande sinal é Jesus: sinal
da presença de Deus em nosso meio, em nossa família. Quantas vezes suplicamos
sinais e sinais diante de Deus. Quem busca o Senhor e procura viver a Sua
Palavra, entende quem em tudo e em todas as circunstâncias, ali está a presença
de Deus agindo e operando em nossa vida.
Certa vez aconteceu na vida de uma família, algo que abalou
uma cidadezinha no interior de um determinado Estado. A família era composta
por três pessoas: o pai, a mãe e uma menina – filha do casal – que tinha por
volta de 5 anos de idade. O pai era usuário de drogas e, quando drogado ou na
falta da droga, tinha atitudes de extrema violência. Numa determinada noite,
após a esposa chegar em casa, sem conseguir dinheiro para que seu esposo
pudesse ingerir droga – cocaína, no caso – este, tomado de profundo
desiquilíbrio emocional e psicológico, puxou o revólver e deu dois tiros na
esposa, e não suportando a dor do arrependimento, instantaneamente puxou o
gatilho dando um tiro em sua cabeça, cometendo suicídio. A filha de 5 anos
estava ali presenciando toda a cena. Quando a polícia chegou, foi logo se
encarregando de tirar a menina daquele ambiente horrível. Passado uns meses,
sem notícia de parentes daquele casal morto, a criança foi adotada por uma
família muito católica e ali foi crescendo e sendo educada na fé.
Quando ela chegou aos completou 9 anos de idade, seus pais
adotivos foram conversar com o padre da comunidade para que a menina fosse
introduzida na turma em preparação para a Primeira Eucaristia. O casal
conversou com o padre acerca do histórico horrível da menina para com os seus
pais biológicos e este – o padre – foi conversar com a catequista para que
fizesse uma dinâmica toda especial para a primeira “aula” de catequese da
menina. A catequista providenciou um quadro muito lindo de Jesus Misericordioso
e o cobriu com uma toalha, preparando a sala para o primeiro encontro de
catequese. A catequista pediu para as crianças que fossem entrando na sala e
que cada uma tomasse a sua carteira, para que pudessem dar início ao encontro.
As crianças, tomadas de curiosidade, num primeiro momento foram convidadas para
aquelas apresentações, para que pudessem se conhecer. Após a costumeira
apresentação, a catequista introduziu a dinâmica – muito simples – retirando a
toalha de cima do quadro.
Ao tirar a toalha, ela pediu para as crianças, que sabiam
quem era aquele homem, que levantassem a mão para responder; quem soubesse,
ganharia uma lembrança. Mas tinha que saber o nome e um pouco da história
daquela devoção, a devoção de Jesus Misericordioso. Qual foi a surpresa, frente
à pergunta da catequista? Aquela menina, cuja morte dos pais foi trágica, não
somente levantou a mão, mas com um grande sorriso pulou da carteira e gritou
para que pudesse responder. A catequista perguntou: “Você sabe quem é
este homem? E o nome dele?” A resposta da menina foi taxativa: “Tia, não sei o nome e nem de onde este homem vem; só sei que foi
ele que me pegou pela mão e me colocou no colo no momento em que meu pai matou
minha mãe e se matou; senti muita paz naquele momento, uma paz que vinha de
dentro deste homem!”
Jesus
é o sinal, por excelência, do amor misericordioso do Pai. Mas para que possamos ver o sinal – que é
Jesus – nos fatos e nos acontecimentos, por piores que sejam, é preciso que
tomemos a decisão de ver tudo e todos com um olhar de amor, de misericórdia;
com um olhar que seja capaz de não só enxergar, mas ver além das coisas e dos
fatos. É preciso olhar além e através das coisas e dos fatos.
Padre
Pacheco
Comunidade Canção Nova
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