DIA 16 DOMINGO-Evangelho - Mt 5,20-22a
27-28.33-34a 37 ou Evangelho
- Mt 5,17-37
Hoje escutamos do Senhor: «Não penseis
que vim abolir a Lei e os Profetas; […], não vim para abolir, mas para
cumprir». No Evangelho de hoje, Jesus ensina que o Antigo Testamento é parte da
revelação divina: Deus, no início, deu-se a conhecer aos homens por intermédio
dos profetas. O povo escolhido reunia-se aos sábados na sinagoga para escutar a
Palavra de Deus. Assim como um bom israelita conhecia as Sagradas Escrituras e
as punha em prática, aos cristãos também convém a meditação frequente diária,
se possível, delas [Sagradas Escrituras].
Em Jesus temos a plenitude da revelação.
Ele é o Verbo, a Palavra de Deus, que se fez homem (cf. Jo 1,14), que vem a nós
para dar-nos a conhecer quem é Deus e o quanto Ele nos ama. O Todo-poderoso
espera do homem uma resposta de amor, manifestada no cumprimento dos Seus
ensinos: «Se me amais, observareis os meus mandamentos» (Jo 14,15).
No texto do Evangelho de hoje
encontramos uma boa explicação sobre isso na Primeira Carta de São João: «Pois
amar a Deus consiste nisto: que observemos os seus mandamentos. E os seus
mandamentos não são pesados» (IJo 5,3). Observar os mandamentos de Deus nos
garante que O amamos com obras e verdadeiramente. O amor não é só um
sentimento, senão que também pede obras, obras de amor, viver o duplo preceito
da caridade.
Jesus nos ensina a malícia do escândalo:
«Quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e assim
ensinar os outros, será considerado o menor no Reino dos Céus» (Mt 5,19). Quem
diz: «’Eu conheço a Deus’, mas não observa os seus mandamentos, é mentiroso e a
verdade não está nele» (IJo2,4).
Também ensina a importância do bom
exemplo: «Quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus»
(Mt 5,19). O bom exemplo é o primeiro elemento do apostolado cristão. O próprio
Cristo cumpria a lei, não para anulá-la, nem para destruí-la, mas para viver em
obediência. Jesus instruiu Seus seguidores a observar os mandamentos.
Certa vez um jovem, príncipe e rico,
aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe: “Mestre, que farei para herdar a vida
eterna? E respondeu-lhe: ‘Se queres entrar na vida guarda os mandamentos’”. (
Mt 19, 16 e 17).
Jesus advertiu seus seguidores sobre o
perigo de menosprezar a obediência a Seus mandamentos. Disse ele: “Nem todo o
que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7, 21). Não basta, para entrar no
Reino do Céu, a confissão verbal. É necessário que se cumpra e que se faça a
vontade de Deus revelada. E Jesus deixou isso bem claro.
A verdadeira obediência é fruto do amor.
Paulo, escrevendo aos Romanos 13:10, assim afirmou: “De sorte que o cumprimento
da lei é o amor”. Jesus relacionou de forma muito clara a ligação do amor e da
obediência. Em Suas orientações finais aos discípulos, pouco antes de Sua
morte, Ele disse: “Se me amais guardareis os meus mandamentos”(Jo 14:15). E “Se
guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu tenho
guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço” (Jo 15:10). Com
essas declarações, Jesus não deixa dúvida alguma com respeito a esse assunto. A
obediência genuína tem como fonte geradora o amor. O amor verdadeiro se
manifesta por meio de atos de amor pela obediência.
São João, o apóstolo do amor, em I João
5:2 e 3 escreveu: “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos
a Deus e praticamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus, que
guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são pesados”.
Jesus foi vitorioso em Sua luta contra o
pecado, porque estava ligado ao Pai, de quem buscava poder para vencer como
humano. Da mesma forma, a vitória de Cristo nos é oferecida! Para que ela seja
a nossa vitória, necessitamos estar tão ligados a Jesus, como o ramo está
ligado ao tronco.
Ligados dessa maneira a Cristo,
produziremos, pelo Seu poder, o fruto da obediência. Somente se permanecermos
em Cristo nos será possível prestar obediência de coração, fruto do amor.
Voltando ao Sermão da Montanha, no
capítulo 5 de São Mateus, encontramos Jesus apresentando uma dimensão
profundamente espiritual dos mandamentos, da lei de Deus. O povo de Israel
estivera tão apegado à forma e à letra da lei, que perdera completamente o
discernimento espiritual que sustentava e sustenta cada ordenança.
Uma religião legal é insuficiente para
pôr a alma em harmonia com Deus. Puramente o fundamento destituído de
contrição, ternura ou amor, é apenas uma pedra de tropeço. Os que agiram assim
nos dias de Jesus eram como o sal que se tornara insípido. Sua influência não
tinha poder algum para preservar o mundo da corrupção.
O povo de Israel perdera completamente a
percepção da natureza espritual da lei. Sua obediência não passava de uma mera
observância de formas e cerimônias em vez de ser uma entrega do coração à
soberania do amor.
As palavras de Cristo, proferidas no
sermão da Montanha, conquanto fossem serenas, eram ditas com sinceridade e
poder tais que moviam o coração do povo. De pronto se admiravam e percebiam que
“ensinava como tendo autoridade”.
O Salvador, com Seu divino amor e
ternura, exaltava a majestade e beleza da verdade. Com branda, mas profunda
influência, os homens eram atraídos para ouvir e aceitar Seus ensinos.
De igual maneira hoje, se olharmos para
a lei como um fim em si mesma, nos tornaremos formais, praticantes de uma
religião cerimonial destituída de alegria. Mas quando olhamos para a lei e
vemos nela algo que aponta nossa necessidade de Jesus, e encontramos n’Ele o
Salvador que nos perdoa e nos capacita a viver de acordo com Sua vontade nos
tornamos cristãos felizes na mais completa acepção da palavra.
É essa dimensão espiritual que Cristo
resgatou em Seus ensinamentos e da qual nós necessitamos para revitalizar nossa
vida religiosa.
Pai, livra-me do perigo de reduzir minha
obediência aos Teus mandamentos à execução mecânica de gestos exteriores.
Revela-me, cada vez mais profundamente, a Tua vontade, como o fez a Jesus. Que
Ele seja hoje e sempre o meu exemplo de obediência à Tua Palavra viva na Lei e
nos profetas de hoje! Amém!
Padre Bantu Mendonça
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