DIA 8 SÁBADO - Evangelho - Mc 6,30-34
O Evangelho de hoje mostra Jesus cuidando de seus discípulos e em
contato com as multidões carentes, atento às suas necessidades e procurando libertá-las
de suas carências e opressões, dirigindo-lhes a palavra. Jesus repete
novamente sua preocupação a respeito da falta de operários para a messe, ou de
pastores para o rebanho, em outras palavras, hoje seria a falta de padres que
sejam verdadeiramente pastores das ovelhas. Muitos e santos ministros ordenados
e comprometidos com a vida das ovelhas. Ontem, como hoje também, existem
muitas ovelhas precisando de pastores pelo mundo afora! E Cristo nos compromete
nesta missão.
O amor de Cristo é tão sincero e afetuoso pelos seus irmãos, que nem
mesmo o cansaço ou a fome são capazes de privar as pessoas de Seu convívio.
Nesta Palavra de hoje, percebemos duas atitudes de Cristo para com os seus: a
primeira, quando Ele chama Seus discípulos ao descanso, sabendo que eles
viveram uma batalha espiritual árdua, e para tanto é preciso recolhimento,
descanso físico e espiritual. É preciso se fortalecer. A comida, por exemplo,
pode ser entendida como alimento material, mas também alimento espiritual,
afinal nem só de pão vive o homem. Em muitos momentos dos Evangelhos, o próprio
Cristo recolhe-se para orar, para conversar com Deus e Ele nos ensina a,
justamente, ter esses tipos de momento, para criar intimidade com o Pai.
Entretanto,
aquela multidão que ali se encontra não percebe essa situação, porque estão
sedentos de amor, atenção, pois eles estão constantemente sendo excluídos da
sociedade, da própria religião que professavam. Em Jesus e nos Seus discípulos
se percebe um acolhimento, uma Palavra que é diferente de tudo que eles
conheciam uma palavra que une e não separa que perdoa e não se vinga das suas
faltas. A razão é simples: Eles eram como ovelhas sem Pastor. Isto
significa que eles agiram até agora por ignorância. Sem saber ou distinguir a
mão direita da esquerda. Que constatação triste, não existe nada pior que a
solidão, não ter com quem contar, com quem conversar, dividir dores e alegrias,
não fomos feitos pra viver como ilha, mas juntos. Jesus sente essa solidão em
cada pessoa, apesar de estarem numa multidão.
O texto ressalta a compaixão de Jesus para com o povo com uma
característica específica: era um povo muito sofrido, rejeitado e desprezado
pelos chefes político-religiosos de então, que nem tinha tempo para comer. E
quando Ele se retirava, o povo ia atrás dele. O que atraía tanta gente? Com
certeza não foi em primeiro lugar a doutrina, nem os milagres, mas o fato de
irradiar compaixão, de demonstrar duma maneira concreta o amor compassivo de
Deus. Jesus não teve “pena” do povo, não teve “dó” dos sofridos. Teve
“compaixão”, literalmente, sofria junto, e tinha uma empatia com os sofredores,
que se transformava numa solidariedade afetiva e efetiva. Este traço da
personalidade de Jesus desafia as Igrejas e os seus ministros hoje, para que
não sejam burocratas do sagrado, mas irradiadores da compaixão do Pai.
Infelizmente, muitas vezes as nossas igrejas mais parecem repartições públicas
do que lugares do encontro com a comunidade que acredita no amor misericordioso
de Deus e na compaixão de Jesus! A frieza humana frequentemente marca as nossas
atitudes, pregações e cuidado pastoral. Num mundo que exclui que marginaliza e
que só valoriza quem consome e produz, o texto de hoje nos desafia para que nos
assemelhemos cada vez mais a Jesus, irradiando compaixão diante das multidões
que hoje como nunca estão como ovelhas sem pastor.
Então, mesmo sabendo da necessidade de descanso, Ele sente compaixão, e
serve. Ensina-nos que servir ao próximo deve ser prioridade, apesar dos
cansaços, apesar das dores, precisamos ver e entender que existem muitas
pessoas necessitadas! E pode ter certeza que muitos a nossa volta, que
aparentemente não precisam de nada, são carentes de uma palavra, de um ombro
amigo, de alguém que os escute. E por isso manifestam a sua carência de várias
formas: agressividade, mau comportamento, irritação, puxam o chão dos nossos
pés. E tudo o que fazem é só procurar arruinar a vida dos outros. Minha irmã,
meu irmão, não existem pessoas difíceis ou que nos roubem tempo. O segredo é
levá-las não nos ombros e sim no coração. Pois, as pessoas nos serão pesadas se
nós as carreguemos nos ombros. Mas se as levarmos no coração elas se tornam
mais leves que o fumo. Basta pedires que Jesus faça do seu coração semelhante
ao d’Ele. E verás que estas pessoas são como que ovelhas sem pastor. E então tu
serás o pastor que elas estão precisando.
Ó Pai dai-nos a Graça de levar nossos irmãos no coração, de servir acima
de nossas próprias necessidades, confiando que, em Jesus, poderemos descansar e
entregar nosso peso para que Ele nos ajude a levar o nosso e o dos outros.
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