DIA 4 TERÇA -
Evangelho -Mc 5,21-43
Jairo era chefe de uma sinagoga. Entre as atribuições dele estavam a
presidência da assembléia, a interpretação da a Lei, a decisão sobre questões
legais, a administração da justiça, abençoar os casamentos e decretar os
divórcios, a direção do culto na sinagoga, a seleção daqueles que deveriam
liderar a oração, ler as Escrituras e pregar. Geralmente apenas uma pessoa
ocupava essa posição em cada sinagoga, tornando-se alguém influente em sua
comunidade.
Jairo era um homem respeitado, culto, inteligente, com boa formação
acadêmica e religiosa. Mas quando Jesus desceu do barco e a multidão festejava
o Seu retorno, o semblante dele [Jairo] não era de alegria. Ele demonstrava um
misto de tristeza e esperança: sua filha de doze anos estava à beira da morte.
A multidão está reunida em torno de Jesus (5,21) e não na sinagoga. O
próprio chefe da sinagoga, Jairo, vem também a Jesus, em busca de socorro para
sua filha que estava prestes a morrer.
Jairo lançou-se aos pés de Jesus Cristo. Seria esta uma atitude de
desespero ou de fé? De qualquer forma, o homem parece enxergar no Senhor a
única possibilidade para salvar sua filha doente. Ele rogava a Jesus “com
insistência”. Aqui, sim, aparece um sinal indiscutível de fé e perseverança.
Mais tarde essa fé será provada ao extremo.
Perder um filho certamente é uma experiência tenebrosa. É uma situação
que foge ao curso natural da vida. A Bíblia não dá detalhes sobre a doença da
filha de Jairo, mas é certo que era algo muito grave. Jairo vivia sob a sombra
da morte de sua única filha.
É fácil imaginar que ele tenha usado de todos os recursos disponíveis
para curá-la. Os melhores médicos, os melhores remédios. Cuidado e carinho não
devem ter faltado àquela menina. Mas ainda assim, a morte rondava a vida
daquela família e Jairo, o chefe da sinagoga, não podia fazer mais nada.
Acompanhando Jairo, Jesus para e dá atenção a uma mulher excluída, que O
toca e fica curada. A dedicação ao chefe da sinagoga não distrai Jesus da
atenção para com os pobres excluídos, e até os prioriza. O caso da mulher com
hemorragia também traz seus significados: a mulher com este problema naquela
época era considerada impura e vivia excluída da sociedade. Mais uma vez Jesus
vai realizar um milagre que resultará na inclusão social.
Vemos que, enquanto Jesus cura e dialoga com a mulher com perda de
sangue, a situação da menina se agrava ao extremo: ela morre. Alguém
(pessimista, sem fé) diz a Jairo para “não incomodar mais o Mestre”, pois tudo
já está perdido. Jesus pede a Jairo que mantenha a fé; e este persevera. Para quem crê em Deus sempre há uma
esperança; a morte não é o que parece. Surge aqui uma ligação com os
ensinamentos escatológicos de Jesus: há vida após a morte; a morte não é o fim
de tudo; para quem crê em Cristo há ressurreição!
Na casa de Jairo, parentes e amigos estavam chorando e fazendo grandes
lamentações. Para aqueles que não crêem em Jesus, a morte é o fim de tudo. O
desespero toma conta da casa (família, coração, vida). É uma situação
irreversível? Jesus mostra que não. Ele entrou na casa, tudo vai ser mudado,
como em Zaqueu (cf Lc 19). Na casa do chefe da sinagoga, aqueles que até então
choravam agora zombam de Jesus. Tomando a menina pela mão, o Senhor ordena que
ela se levante. E ela se levanta. Jesus fala que dêem de comer à menina,
realçando sua recuperação.
A fé perseverante de Jairo até o fim obtém o resultado. Aquilo que
parecia impossível acontece para aqueles que se entregam na fé em Jesus. A
tristeza na casa desaparece quando Jesus entra nela.
Você está vivendo uma situação parecida com a de Jairo? Talvez não com
uma filha à beira da morte, mas com alguma situação sobre a qual você já não
tem mais o controle? Você já usou todos os seus recursos, a sua inteligência e
a sua influência para solucionar essa questão, mas nada mudou?
Eu quero
encorajá-lo a tomar uma atitude que deveria ter sido tomada desde o começo da
sua angústia: prostrar-se aos pés de Jesus e suplicar a ajuda d’Ele.
O chefe da sinagoga, sem alternativa para doença da filha, foi procurar
Jesus. Mas aqueles que conhecem o Filho de Deus como seu Salvador não precisam
esperar. Podem suplicar e clamar por socorro em qualquer tempo.
As coisas andam complicadas? Parece que nada dá certo? Parece que na
batalha da vida você sempre está perdendo? Os problemas são maiores que sua
capacidade de resolvê-los? Faça como Jairo, prostre-se aos pés de Jesus e
suplique que Ele vá até sua casa! O Senhor Jesus prontamente atendeu ao chamado
do chefe da sinagoga e também vai atender ao seu chamado.
A tristeza em nossa vida também desaparece quando permitimos a entrada
de Cristo.
Padre Bantu Mendonça
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