DIA 10 SEGUNDA - Evangelho - Mc 6,53-56
Depois dos
discípulos terem anuido ao convite do Mestre, abandonaram a casa de Simão e
partiram para outras regiões da redondeza. E no Evangelho de hoje vemos os
discípulos fazendo a travessia do mar agitado com seu próprio barco desembarcando
em Genesaré e logo o povo reconhece Jesus. O
povo vai em massa atrás de Jesus. Eles vêm de todos os lados, carregando seus
doentes. O que chama a atenção é o entusiasmo do povo que reconheceu Jesus e
vai atrás dele. O que o move nesta busca de Jesus não é só o desejo de
encontrar-se com ele, de estar com ele, mas também o desejo de obter a cura das
suas doenças.
A
salvação é dirigida a esta multidão formada por gentios e judeus
marginalizados. São os moradores dos povoados, cidades e campos por onde Jesus
andava, com seus discípulos. Jesus realiza a sua atividade sobretudo entre as
camadas mais sofredoras e abandonadas do povo, costituindo, praticamente, a
única esperança dessa gente.
O
enfoque é a presença física libertadora de Jesus. As curas são conseguidas com
o toque, pelo menos na franja do manto dele. A doença generalizada é fruto das
barreiras a exclusão.
A
cura resulta da libertação da exclusão e é fruto da acolhida. Assim como,
fisicamente,
o
pão foi partilhado, o mesmo vale para o corpo. A comunicação não se faz apenas
pela palavra. Faz-se também pela partilha do corpo. A presença física, o toque,
o abraço, o sorriso acolhedor, o olhar compreensivo e atento, a compaixão
complementam a força comunicadora da palavra libertadora.
Desde
o começo da sua atividade apostólica, Jesus anda por todos os povoados da
Galiléia para falar ao povo sobre o Reino de Deus que estava chegando (Mc
1,14-15). Onde encontra gente para escutá-lo, ele fala e transmite a Boa Nova
de Deus, acolhe e cura os doentes, em qualquer lugar: nas sinagogas durante a
celebração da Palavra nos sábados (Mc 1,21; 3,1; 6,2); em reuniões informais
nas casas de amigos (Mc 2,1.15; 7,17; 9,28; 10,10); andando pelo caminho com os
discípulos (Mc 2,23); ao longo do mar na praia, sentado num barco (Mc 4,1); no
deserto para onde se refugiou e onde o povo o procurava (Mc 1,45; 6,32-34); na
montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1); nas praças das
aldeias e cidades, onde povo carregava seus doentes (Mc 6,55-56); no Templo de Jerusalém,
por ocasião das romarias, diariamente, sem medo (Mc 14,49)! Curar e ensinar,
ensinar e curar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o
costume dele (Mc 10,1). O povo ficava admirado (Mc 12,37; 1,22.27; 11,18) e o
procurava em massa.
Na
raiz deste grande entusiasmo do povo estava, de um lado, a pessoa de Jesus que
chamava e atraía, e, de outro lado, o abandono do povo que era como ovelha sem
pastor (cf. Mc 6,34). Em Jesus, tudo era revelação daquilo que o animava por
dentro! Ele não só falava sobre Deus, mas também o revelava. Comunicava algo do
que ele mesmo vivia e experimentava. Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino.
Ele mesmo era uma amostra, um testemunho vivo do Reino. Nele aparecia aquilo
que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida. O
que vale não são só as palavras, mas também e sobretudo o testemunho, o gesto
concreto.
Pela
fé, todos nós esperamos e sonhamos com o Reino de Deus, como um novo tempo,
onde não haverá dor nem lágrimas. Ao curar muitas pessoas, Jesus mostra que
Deus reprova tudo o que faz o ser humano sofrer. Mergulhemos na certeza de que
nossa missão é seguir os passos do Mestre para construir este “novo tempo”,
entre nós.
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