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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

“Um Doutor da Lei que quer ir além...” -Diac. José da Cruz


SEGUNDA FEIRA DA 27ª  SEMANA DO TC 07/10/2013
1ª Leitura Jonas 1, 1-2, 1-11
Salmo Lucas 1,49 “Porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo”
Evangelho Lucas 10, 25-37


Esse Doutor da Lei tinha uma régua de referência, que julgava perfeita e completa, e não estava a fim de mudá-la, o evangelista frisa bem que a pergunta era para por Jesus á prova, isso  é, ele queria saber se Jesus tinha algo de novo que fosse mais relevante e perfeito do que a lei, seu coração estava fechado para a Boa Nova, pois sabia que nada estava acima da lei.
Para sua surpresa Jesus cita a Lei, que para ele era sagrada, onde está explícito o amor a Deus em primeiro lugar, e o segundo que é semelhante ao próximo. Tem-se as impressão de que a partir daí o Doutor da Lei foi mais sincero, pois a sua pergunta procedia. A Lei determinava amar ao próximo, a quem está mais perto, esposa, esposo, filhos, parentes. Parece que isso deixava o coração daquele Doutor da Lei um tanto inquieto, talvez ele quisesse amar um pouco mais a outras pessoas, fora desse círculo seleto. Mas quem?
Presume-se que Jesus também começou a gostar da conversa, e não vai só responder quem é o próximo, mas sim no principal “O que é amar o próximo”. Amar o próximo que nem sempre nos retribui, que não é digno do nosso amor, que não vai muito com a nossa cara, que não comunga da nossa mesma ideologia, que não é da nossa igreja ou do nosso grupo, o próximo que pensa totalmente diferente de nós, do próximo que parece desejar o nosso mal....Do próximo que parece ser arrogante e metido, que não olha na nossa cara....Esse mesmo!
E então vem essa parábola revolucionária para um Judeu, poderíamos até dizer, Provocante. Percebam como o quadro se inverte, agora é Jesus que provoca o Doutor da Lei. Um Sacerdote e um Levita são referências sagradas para todo judeu, são pessoas selecionadas pela Lei, mediadores entre o Sagrado e o Humano, e que pelas funções sagradas que desempenhavam no templo, estavam mais próximas de Deus do que o resto da comunidade. Já o Samaritano...pessoa desprezível, de outra religião, contrária a Religião da Aliança, que dos Judeus só tinha o desprezo e o escárnio, a ponto do judeu mudar o seu caminho e direção, caso estivesse para cruzar com o Samaritano.
E foi esse Samaritano, odiado de coração por todo Judeu piedoso, que Jesus coloca como “mocinho” da parábola, o texto frisa muito bem que o Samaritano, diante do homem gravemente ferido, vítima de assaltantes cruéis (naquele tempo já tinha) estava ali á beira do caminho, e ele ao passar Viu-o e moveu-se de compaixão...Ver o outro e não permanecer indiferente á sua dor, ao seu sofrimento, não passar “batido” pelas pessoas da família ou da comunidade, ou seja lá quem for..... Compaixão significa sofrer junto, gemer junto, chorar junto, sentir as mesmas dores junto. Quando se sente compaixão do outro, a gente supera qualquer barreira, seja ela de ordem social, moral ou até mesmo religiosa, a gente vai além dos limites estabelecidos. Isso é amor ao próximo.
O próprio Doutor da Lei, agora convencido de que Jesus tinha realmente algo novo a ensinar, se convence disso quando o Senhor lhe pergunta “Qual desses foi o próximo daquele homem?”.  Prestemos atenção na resposta do Doutor da Lei, ainda marcada pelo preconceito, não disse “Foi o Samaritano...”, mas pelo menos reconhece nessa ação uma virtude “Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
E Jesus, percebendo que o Doutor da Lei estava mais manso e mais aberto á sua Palavra, ordenou “Vai, e faze tu o mesmo”.Não se sabe se o Doutor da Lei cumpriu essa ordem, mas com certeza, em Jesus ele viu a beleza da Lei de Deus, que tem n o centro o amor sem limites, que ama quando vê as necessidades do próximo.
OBS  “Dia de Nossa Senhora do Rosário” outra alternativa para o evangelho Lucas 1, 26-38.
Diácono José da Cruz
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP

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