09- Quarta - Evangelho
- Mt 11,28-30
Padre
Antonio Queiroz
Vinde
a mim todos vós que estais cansados.
No
Evangelho de hoje, Jesus nos faz um maravilhoso convite: para nos aproximarmos
dele quando estivermos cansados ou desanimados. Ele nos confortará, prometeu.
Jesus é um amigo de todas as horas, mas especialmente das nossas horas mais
difíceis. Um amigo que quer ajudar, e pode porque é Deus.
“Aprendei
de mim que sou manso e humilde de coração.” Como que é uma pessoa mansa e
humilde: é pacífica, acolhedora, paciente, compreensiva, alegre e serviçal. As
pessoas não precisam se preparar para se aproximar delas, porque sabem que
sempre serão bem acolhidas e compreendidas. As crianças são as primeiras a
conhecerem essas pessoas, e logo as procuram.
Por
outro lado, há pessoas que são de difícil relacionamento. Você ensaia, ensaia,
para falar algo com elas, e mesmo assim se dá mal às vezes.
“O
meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Quando estamos cansados de carregar o
pesado jugo do mundo, Jesus nos convida a nos aproximarmos dele. Além de suave,
o seu jugo nos leva para o céu. Alias, o Evangelho nem é jugo, nós é que temos
essa impressão, devido à nossa inclinação ao pecado.
“O
Senhor corrige a quem ama e castiga a quem aceita como filho” (Hb 12,4). “Eu
repreendo e educo aos que amo” (Ap 3,10). É justamente o amor que Deus tem por
nós que o leva a nos impor o seu suave jugo.
E
Jesus não mudou este seu comportamento, mesmo nas suas horas mais difíceis, que
foram a condenação e a morte. “Jesus, tendo amado os seus que estavam no mundo,
amou-os até o fim” (Jo 13,1).
“Ele
tomou sobre si as nossas enfermidades e assumiu os nossos sofrimentos. Foi
castigado por nossos crimes. Nós fomos curados, graças aos seus padecimentos. O
justo justificou a muitos” (Is 53,4). A nossa salvação foi o principal gesto de
amor de Jesus.
“Cristo
morreu pelos pecadores, o justo pelos injustos, a fim de os conduzir a Deus”
(1Pd 3,18). Amar quem é bom, até que não é muito difícil. Mas amar um inimigo e
um injusto é difícil. Jesus nos amou quando éramos ruins, e este seu amor nos
tornou bons.
E
ele nos pede para imitá-lo: “Irmãos, tende em vós os mesmos sentimentos de
Cristo Jesus que, sendo rico se fez pobre por amor de vós!” (Fl 2,5). “Jesus,
manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso.”
Queremos imitar o Senhor, tendo a virtude da benignidade, que é o amor às
pessoas fracas, que cometem erros ou que nos ofendem.
Ninguém
é totalmente ruim, nem totalmente bom. Só do demônio é totalmente ruim, e só
Deus é totalmente bom. Mas a nossa benignidade para com os ruins é um forte
convite a se tornarem melhores. E assim o mundo vai melhorando ao nosso redor.
Certa
vez, uma moça da roça foi para a cidade grande estudar. Lá começou a andar com
más companhias e a sua cabeça começou a mudar. Não era mais aquela jovem de
olhos brilhantes e sorriso estampado no rosto, como antes.
Os
pais perceberam tudo e começaram a escrever freqüentemente a ela. Eram cartas
com palavras de carinho e orientação. A menina foi guardando as cartas, mas
estava difícil deixar o mau caminho.
Preocupados,
os pais pediram ao filho mais velho, ainda solteiro, que fosse morar com ela.
Ela deixou a república onde morava e os dois foram morar num pequeno
apartamento.
Com
a ajuda do irmão, a jovem logo abandonou as más companhias e recuperou a
felicidade. Alguns colegas do grupo de jovens da paróquia começaram a
freqüentar o apartamento, aprofundando uma amizade saudável e gostosa. E os
pais continuaram escrevendo cartas, pois naquele tempo o telefone era difícil.
Quando
terminou a faculdade, na festa de formatura, aquela moça fez uma surpresa para
seus pais. Entregou a eles um belo álbum, onde estavam todas as cartas que eles
lhe tinham escrito durante o curso. Ao lhes entregar o presente, ela lhes disse
emocionada: “Aqui está o meu caminho”.
Deus
também não nos abandona, quando erramos. Ele mandou para a humanidade pecadora
inúmeras cartas, que são os livros da Bíblia. Depois nos mandou seu próprio
Filho, que veio morar conosco. E ele nos convida: Vinde a mim!
O
fardo imposto pelo amor e acolhido com amor, não pesa. A mãe não vê como peso o
seu trabalho, que começa de manhã e termina à noite. Que Maria Santíssima nos
aproxime mais do seu Filho, para carregar o seu suave jugo.
Vinde
a mim todos vós que estais cansados.
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