Segunda Feira da 2ª Semana do Advento
07/12/2015
1ª Leitura Isaias 35, 1-10
Salmo
Isaias 35,4 “Eis que vem o nosso
Deus! Ele vem para salvar”
Evangelho Lucas 5, 17-26
"NOSSOS PARALÍTICOS..."
(A
Força do Amor e da Fé nunca fica sem uma resposta diante de Deus)
Certa ocasião, quando
refletíamos esse evangelho em grupo, alguém perguntou se na casa onde Jesus
estava pregando, havia elevador ou coisa parecida, se olharmos o relato em si
mesmo, vamos acabar fazendo outras perguntas como, "Será que eles não
podiam pedir licença para passar no meio das pessoas e entrar na casa?" e
mais ainda... Seria normal que as pessoas que estavam aglomeradas á entrada,
quando vissem o esforço dos quatro homens, subindo na parede com o paralítico
deitado em uma cama, oferecessem ajuda, buscando uma alternativa mais fácil...
O próprio Jesus, não
poderia ter dado um jeito de sair para atender o paralítico, sem precisar tanto
esforço de subir e ainda ter de abrir um buraco no telhado? Fazer perguntas
como essas, é muito importante para a nossa reflexão, pois vamos e convenhamos,
o modo que eles encontraram para colocar o paralítico á frente de Jesus, não
foi o mais fácil, aliás, correu-se até o risco de um grave acidente.
Hoje em dia a gente sabe
que nossos templos existentes, ou os que estão em construção, devem ter em seu
projeto, a construção de rampas, para facilitar o acesso de nossos irmãos deficientes.
Mas com certeza, não é este o tema do evangelista, ele está querendo dizer
alguma coisa as suas comunidades e aos cristãos do nosso tempo.
Dia desses, alguém bastante
estressado dizia-me que certas pessoas só atrapalham a vida da comunidade, porque
são muito radicais, geniosas, incomodam a todos, e o tempo todo eles só
arranjam encrencas e mais encrencas, concluindo, dão muito trabalho, são sempre
do contra, enfim, chatas e duras de engolir, e que sem elas, a comunidade é uma
maravilha, o conselho deveria tomar providência, ou quem sabe, o padre impor a
sua autoridade.
Pessoas com essas
características não caminham, e ainda dificultam a vida de quem quer caminhar:
pronto, já começamos a descobrir os paralíticos e paralíticas de nossas
comunidades, irmãos e irmãs que não se emendam de seus defeitos, nunca mudam o
seu jeito de ser, não se convertem e precisam portanto, ser acolhidas e
carregadas. Há irmãos na comunidade que a gente tem prazer de encontrar, é
sempre uma alegria imensa, mas há também esses, que nos perturbam, incomodam, e
a gente não fica a vontade, se estão conosco em uma reunião da pastoral ou do
movimento, a troca de "farpas" será inevitável...
Há no texto duas coisas que
chamam a nossa atenção, primeiro o esforço desse quarteto, subir pela parede,
desfazer o telhado e descer a cama com cordas. Jesus elogia-lhes a fé, parece
até que fez o milagre como retribuição a tanto esforço. Eles tinham fé em Jesus
Cristo, sabiam que se o levassem diante dele, seria curado, mas por outro lado,
embora o texto não cite isso, a gente percebe que o amavam muito, tiveram com
ele muita paciência, sei lá quantos quilômetros tiveram que andar, carregando
aquela cama que deveria ser pesada, e ainda, ao deparar com a multidão
aglomerada á frente da casa, poderiam ter desistido, já tinham feito a sua
parte. Mas a força do amor e da fé, fez com que não desistissem, e se preciso
fosse, seriam capazes de derrubar a casa.
Os quatro são uma
referência para as nossas comunidades, onde muitas vezes falta-nos o amor e a
fé, para carregar nossos paralíticos e superar os obstáculos, passando por cima
dos preconceitos. Nas comunidades há pessoas amorosas, pacienciosas, que
aceitam conviver com todos, amando-os como eles são, sem exigências,
preconceitos ou radicalismo, mas há também a turma de "nariz
empinado", como aqueles doutores da lei, que não crê em um Deus que é
misericórdia, e que perdoa pecados, seguem normas e preceitos, até trabalham na
comunidade, mas são extremamente exigentes com os "paralíticos",
acham-se perfeitos e não aceitam a convivência com os imperfeitos.
Jesus elimina o problema
pela raiz, "Filho, teus pecados te são perdoados...", a cura física
vem em segundo plano, e se a enfermidade impede que o paralítico se aproxime de
Jesus, a comunidade os carrega, possibilitando que ele também faça a
experiência do Deus que perdoa, ora, se houver na comunidade intolerância,
preconceitos, e ranços ocultos, como é que essas pessoas poderão experimentar o
amor, o perdão e a misericórdia? Os intolerantes têm sempre um olhar
extremamente crítico e severo, para com os paralíticos, e não aceitam que
outras pessoas tenham por eles amor e ternura, manifestada na paciência e
tolerância.
Por isso Jesus ordena –
levanta-te, toma o teu leito e vai para casa. Deus nunca faz as coisas pela
metade, na obra da salvação, Jesus não fez simplesmente uma reforma no ser
humano, mas o transforma em uma nova criatura, na graça santificante do
Batismo, fazendo com que deixe de se relacionar com Deus na religião normativa,
porque crê no Deus que é todo amor e misericórdia, que perdoa pecados e os
liberta com a sua santa palavra, em Jesus de Nazaré.
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