SÁBADO DEPOIS DE PENTECOSTES 30/05/2015
1ª Leitura Eclesiástico 51, 17-27
Salmo 18/19 “Os preceitos do Senhor são retos, e deleitam o
coração”
Evangelho Marcos 11, 27-33
“Quem te autorizou a fazer isso?
Autoridade e Direito, eis aí duas palavrinhas perigosas, que quando
mal empregadas e interpretadas, destroem ao em vez de edificar. Autoridade e
direito não pode ser confundido com Autoritarismo, que leva a prática de um
poder centralizador. Temos de um lado Jesus Cristo, Filho de Deus, revestido de
todo poder e glória, mas que se rebaixou à nossa natureza humana, sem,
entretanto deixar de ser Deus. E de outro os príncipes dos sacerdotes, escribas
e anciãos, defensores ferrenhos da tradição do antigo Israel, e que, por isso
mesmo, falando em nome dessa tradição se tornaram autoritaristas, julgando-se
com pleno direito sobre a vida do povo, por conhecerem a Lei e os Profetas
(Torá), a última palavra eram sempre deles, todas as ações concernentes a
prática religiosa, tinham de ter o aval desse grupo, tidos como sábios,
guardiães da tradição e da lei, e que se aproveitando desse status, impunham o
seu domínio sobre o povo e não havia quem os afrontasse, isso é, que ousasse
dizerem algo que contrariasse os seus ensinamentos. Até que surgiu Jesus de
Nazaré, profeta ousado e corajoso, cuja sabedoria superava todas as demais,
merecendo a atenção e a admiração do povo...
O que fazer quando alguém subestima nosso conhecimento e autoridade
nos trabalhos pastorais? A estratégia utilizada pelos que exerciam o poder na
comunidade de Israel, era o questionamento. "Com que direito fazes isso?
Quem te deu autoridade para fazer essas coisas?"
O direito emana do Poder, e quem tinha o Poder nas mãos eram eles,
os Doutores da Lei, Escribas e Príncipes dos Sacerdotes. Em nossas comunidades
o questionamento vai também nessa linha "Escuta, o Padre está sabendo
disso?" ou "Você falou com o cooperador?" e ainda "O
Coordenador autorizou?". Sem o crivo desses nada se pode fazer ou criar, e
nem dar opinião. Quando se faz tal questionamento, é porque a Autoridade virou autoritarismo
e aplica-se aquele ditado "Manda quem pode, obedece quem têm
juízo..."
Jesus desmascara essa Sabedoria Humana, que quer manipular a Deus,
e impor as coisas da terra, como superiores as do Céu. E Jesus mostra como o
sistema é frágil, quando indaga sobre o Batismo de João Batista, como se
perguntasse aos "Donos e Mandatários da Religião", "Quem de
vocês autorizou João Batista a pregar e batizar no deserto?". Os Sabichões
percebem que, na armadilha que armaram para Jesus, iriam cair eles próprios, se
respondessem que o poder e autoridade de João vinha do Céu, estariam
legitimando o Messianismo de Jesus, se respondessem que era da Terra,
arrumariam encrencas com o povo, que ouvia, respeitava e admirava João Batista
porque viam nele o Profeta enviado de Deus.
E pela primeira vez, os "Donos absolutos da verdade"
tiveram que admitir que "Não Sabiam", mas fizeram isso diante do
Mestre de todos os mestres, Jesus de Nazaré, nosso Deus e Senhor, diante do
qual toda a sabedoria humana, mesmo a mais brilhante, é menor que um grão de areia
da praia.
Portanto diante de Jesus somos eternos discípulos em constante
aprendizado, esta é a verdadeira sabedoria, aquela que vem do alto e requer do
discípulo a permanente abertura do coração para acolhê-la. Feliz do homem que
assim procede, tornando-se sábio sem deixar que a soberba corrompa o seu
coração. (Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
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