10 - de Junho - Quarta - Evangelho
- Mt 5,17-19
Não
vim para abolir a Lei, mas para dar-lhe pleno cumprimento.
Neste
Evangelho, Jesus nos fala a respeito do valor e da importância das Leis do
Antigo Testamento para nós hoje.
O
“pleno cumprimento” da Lei consiste principalmente na maneira correta de
obediência. Obedecer corretamente a uma lei é procurar descobrir e praticar a
intenção do legislador, o que ele tinha em mente ao promulgá-la. É o que
chamamos espírito da lei. Isso vai muito além da obediência literal, que só vê
o que a lei diz em si, sem considerar o seu sentido mais profundo.
No
caso da Bíblia, as leis do Antigo e do Novo Testamento vieram do mesmo autor,
que é Deus, nosso Pai amoroso. Suas palavras são as de um Pai que só quer o bem
dos filhos e filhas. Também nós devemos receber essas leis com amor de filhos e
filhas. “Não és mais escravo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro;
tudo isso por graça de Deus” (Ef 4,7). Somos de dentro da casa de Deus, somos
sua família. Assim que devemos ver as Leis dele.
Quando
amamos uma pessoa, nós lemos no coração dela o que suas palavras não conseguem
expressar. Precisamos fazer o mesmo com Deus. Jesus fez isso, em relação às
Leis do Antigo Testamento.
As
palavras do Evangelho de hoje são o começo de um discurso de Jesus, no qual ele
apresenta cinco exemplos, para mostrar como que as Leis do Antigo Testamento
devem ser vistas por nós hoje:
1)
“Não matarás.” Deus está dizendo que não quer que façamos o mal ao próximo, e
sim o bem. Isso começa com pequenos gestos, como tratar o nosso irmão com
raiva.
2)
“Não cometer adultério.” No fundo, é respeitar a família, e não desrespeitar o
matrimônio nem com um olhar.
3)
“Não jurarás falso.”. No fundo, é ser verdadeiro, falar sempre a verdade e
nunca enganar ninguém e nunca colocar Deus como nossa testemunha. “Seja o vosso
sim, sim, e o vosso não, não”.
4)
“Olho por olho, dente por dente.” Significa não se deixar levar pelo espírito
de vingança ou pela ganância. Se alguém nos tomar a capa, vamos entregar-lhe
também a túnica. Se alguém nos der um tapa, vamos virar-lhe a outra face.
5)
“Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.” Com esta Lei, Moisés cortou
noventa por cento do ódio que havia entre as pessoas, e introduziu um controle.
No fundo, o que Deus queria era que amássemos a todos, até os nossos inimigos.
“Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer
o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre juntos e injustos” (Mt
5,45).
E
Jesus termina o discurso com uma frase chave que resume tudo: “Sede perfeitos,
como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Aí está a grande meta da nossa
vida: que sejamos parecidos com Deus Pai, pois o filho se parece com o pai.
Ser
cristão é obedecer aos mandamentos de Deus. “Isto eu peço a Deus: que o vosso
amor cresça ainda, e cada vez mais, em conhecimento e em toda percepção, para
discernirdes o que é melhor. Assim estareis puros e sem nenhuma culpa para o
dia de Cristo...” (Fl 1,9-10).
Ser
santo consiste em amar a Deus e amar o próximo como Deus ama. O amor vem de
dentro, o amor tudo transforma. Ele brota da nossa liberdade, não de leis
externas. Jesus nos libertou da lei. Mas é uma libertação que nos leva a viver
para os outros. “Ame, e faça o que você quiser... Se a verdade nos faz livres,
o amor nos faz escravos” (Santo Agostinho).
A
propaganda cria em nós o desejo de comprar coisas, de substituir a geladeira, o
fogão, a máquina de lavar... A necessidade muitas vezes é ilusória,
tornando-nos escravos do dinheiro e das lojas que vendem a prestação. As lojas
não querem vender à vista, porque o lucro, ou melhor, o roubo delas é menor. Os
juros embutidos nas prestações são exorbitantes, mas o consumidor dificilmente
percebe isso. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.
Certa
vez, um homem encontrou dentro de um baú dos seus tataravôs, entre as
bugigangas, uma moeda. Estava escurecida e desgastada pelo tempo. Ninguém da
família conhecia o seu valor.
O
homem então levou a moeda a um economista. Este, após examiná-la, a desprezou,
dizendo que não valia mais nada.
Não
conformado, o homem dirigiu-se a um especialista em raridades. Quando o
especialista a viu, sua feição se mudou. Após examiná-la, disse ao dono da
moeda ser dono de uma peça de imenso valor, uma rara moeda de ouro, na verdade,
uma peça única.
Economia
e vida. As pessoas são como essa moeda. Elas não podem ser avaliadas apenas
pelo seu valor econômico, isto é, pela capacidade de trabalhar e de produzir.
Toda pessoa é uma peça rara, única, de valor infinito.
Certa
vez, um homem decidiu seguir Jesus Cristo para valer mesmo. Ele praticava
caridade, ajudava todo mundo, dizias boas palavras, fazia o bem de manhã até a
noite. O grande desejo dele era ir para o céu. Ninguém tinha dúvida de que ela
ia mesmo para o céu.
Um
dia, ele morreu, chegou à porta do céu e aquele que o recebeu disse que seu
nome não constava na lista. Ele obedeceu direitinho e foi logo para o inferno.
Dois
dias depois, o capeta foi lá à porta do céu e reclamou: “Vocês me mandaram um
que está causando a maior desordem e anarquia. Está um caos lá no inferno. Está
todo mundo se falando, um olhando nos olhos do outro, se abraçando e querendo
bem, perdoando e falando de amor. Trate de tirá-lo de lá o mais rápido
possível”. O porteiro consultou a lista e viu que houve um engano.
Vamos
viver tão bem a nossa fé, sendo caridosos fraternos e dando bons exemplos que,
mesmo se porventura houver um engano lá na porta do céu, nós não o perderemos.
Faça de tudo para o capeta não gostar de você.
Onde
há amor, não há necessidade de lei. Maria Santíssima amava muito a Deus, e lhe
obedecia espontaneamente em tudo.
Não
vim para abolir a Lei, mas para dar-lhe pleno cumprimento.
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