24 de Maio - DOMINGO -
Evangelho - Jo 20,19-23
Padre Antonio Queiroz
Como o Pai me enviou,
também eu vos envio: Recebei o Espírito Santo!
Hoje celebramos com
alegria a solenidade de Pentecostes, que é a vinda do Espírito Santo. O fato
está narrado na primeira Leitura e no Evangelho. O Evangelho narra que Jesus
nos mandou o Espírito Santo a fim de continuarmos a sua missão na terra: “Como
o Pai me enviou, também eu vos envio. E, depois de ter dito isso, soprou sobre
eles e disse: Recebei o Espírito Santo!”
O Evangelho destaca
também que o Espírito Santo veio sobre os Apóstolos para lhes dar o dom de
perdoar os pecados: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a
quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
Jesus é o “Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29); e a Igreja é a continuadora de
Jesus, levando esse perdão a todos os homens e mulheres do mundo.
Neste pequeno trecho
do Evangelho, Jesus fala duas vezes: “A paz esteja convosco”. Dá impressão que
essa foi a finalidade de tudo: dar-nos a paz, uma paz completa e permanente. O
pecado gera sentimento de culpa, o que nos tira a paz. Sem paz, a pessoa não
tem alegria, nem felicidade, nem força para agir e fazer o bem. Como que é
importante o sacramento da confissão!
Também o perdão que
nos damos uns aos outros faz bem. Ele traz a paz tanto para quem é perdoado
como para quem perdoa. Há pessoas que só vêem as limitações do próximo. Isso é
uma “miopia”, porque as pessoas têm muito mais qualidades do que defeitos.
Destacar as qualidades de uma pessoa é um incentivo para que ela vença as suas
falhas e melhore de vida.
A paz é melhor que as
riquezas, que as honras e melhor até que a saúde. Mas a paz não nos vem
isolada; ela é fruto da justiça e do perdão. Quem é justo e perdoa torna-se uma
fonte de paz no mundo.
“Estando fechadas, por
medo dos judeus, as portas...” Com esse medo todo, dá impressão que, se o
Espírito Santo não tivesse vindo, a Igreja teria acabado ali mesmo.
O Espírito Santo tira
o medo exagerado, e acrescenta à nossa coragem a confiança de que Deus fará
também a parte dele e nos defenderá. “Se pegarem em serpentes e beberem veneno
mortal, não lhes fará mal algum” (Mc 16,18).
Na primeira Leitura, o
Espírito Santo vem como Luz e Força para os discípulos. Luz para nos mostrar o
caminho, e força para seguimos esse caminho.
Outro dado interessante
é que o Espírito Santo não veio sobre indivíduos, mas sobre a Comunidade cristã
reunida. Ele não deseja destacar pessoas, mas sim a Comunidade, que é o Corpo
Místico de Cristo e o principal instrumento de construção do Reino de Deus no
mundo.
A Igreja (Comunidade)
é a grande agente transformadora do mundo; nós somos membros, ou peças dessa
máquina.
Eu vou contar um fato
acontecido no Estado do Acre, em 1981. João Eduardo era um senhor, pai de
família e líder da Comunidade rural onde ele morava.
O governo desapropriou
uma grande área de terra e encarregou o João Eduardo de fazer a distribuição
para as famílias de agricultores sem terra.
Durante esse trabalho,
João descobriu que havia um atravessador vendendo lotes do assentamento. João o
procurou, pediu que ele parasse com aquele ato ilegal, e ameaçou denunciá-lo. O
atravessador o ameaçou de morte, caso o denunciasse. Mesmo assim, João Eduardo
o denunciou. E não deu outra: ele foi assassinado dia 18/01/1981.
O Espírito Santo nos
dá coragem para enfrentar até ameaça de morte, para fazermos o bem e
implantarmos a justiça. João Eduardo sabia que a nossa existência não a morte,
mas é eterna. E ele acreditava que, se lhe acontecesse alguma coisa, a
providência divina não abandonaria a sua família, como de fato não abandonou.
Após a ascensão, os
discípulos foram para Jerusalém e se reuniram, a espera do Espírito Santo que
Jesus havia prometido. E ali, “todos eles perseveravam na oração em comum,
junto com algumas mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus” (At 1,14). Que
Maria Santíssima esteja também em nosso meio, ela que é a esposa do Espírito
Santo.
Como o Pai me enviou,
também eu vos envio: Recebei o Espírito Santo!
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