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segunda-feira, 6 de abril de 2015

O RESSUSCITADO SE FAZ PRESENTE NA COMUNIDADE REUNIDA - Maria de Lourdes Cury Macedo


2º Domingo da Páscoa, 12 de Abril de 2015

EVANGELHO de Jo 20, 19-31

Este Evangelho narra duas aparições de Jesus a seus discípulos. Numa, Ele comunica com seu sopro o Espírito Santo e o poder de perdoar pecados e na outra, é narrado o episódio de Tomé.
                   Jesus aparece aos apóstolos no cenáculo, na tarde do domingo, dia da ressurreição. Com a ressurreição de Jesus começa um novo tempo inaugurado pela vitória de Jesus sobre a morte. Jesus é o Vencedor, é o Vitorioso.
                   Os apóstolos estavam reunidos em comunidade, mas estão de portas fechadas porque estão com medo, estão inseguros. Ainda estão muito recentes, muito presentes os acontecimentos dos últimos dias da morte de Jesus. E, no entanto, Jesus aparece vivo entre eles. Jesus vence qualquer barreira porque para o ressuscitado não há mais barreiras. (O corpo ressuscitado é diferente, não é material, é transformado, glorioso. Atravessa portas, paredes, aparece, desaparece, é irreconhecível, se faz reconhecer). Enfim, é diferente, é transformado, agora é um corpo glorioso.
                   Jesus então aparece no meio dos apóstolos, no meio daquela comunidade, se faz presente. O mesmo Jesus, que viram agonizante na cruz e depois colocado no sepulcro. Jesus vem ao encontro deste medo e os saúda dizendo: “A paz esteja com vocês”. Esta saudação é a do Cordeiro Jesus vencedor do mundo e da morte, que ainda traz no seu corpo os sinais da tortura, as marcas nas mãos e no lado. Jesus lhes mostra as mãos e o peito, os discípulos enchem-se de alegria. Já nada e ninguém lhes vai arrebatar a alegria. Jesus lhes concede quatro dons: a paz, a missão, o Espírito Santo e o poder de perdoar os pecados.
                   O primeiro fruto da ressurreição do Senhor, ou da sua páscoa, foi trazer a paz aos corações angustiados. Jesus transmite a grande mensagem da páscoa: a paz. O Senhor é o Deus da Paz, é o Rei pacífico.
                   Qual foi a reação dos discípulos de Jesus ao vê-lo? A reação dos discípulos reunidos em comunidade ao ver Cristo ressuscitado é de alegria.  Alegria que ninguém poderá tirar. Aquela pequena comunidade se torna fortalecida e sente que está pronta para a missão que Jesus recebeu do Pai e passa agora para seus discípulos: Jesus diz: “Como o Pai me enviou, assim também eu envio vocês”. E dizendo isto Jesus sopra sobre eles comunicando o Espírito Santo, dizendo: “Recebei o Espírito Santo”.
                   Jesus sopra sobre os discípulos e lhes comunica sua própria missão. O sopro de Jesus nos recorda que quando Deus criou o homem soprou nele, comunicando-lhe a vida e o homem tornou-se um ser vivente. E assim, podemos entender que Jesus soprando sobre os apóstolos está agindo como Deus criador, dá-lhes o Espírito, infunde neles uma vida nova, que eles terão de comunicar aos outros esta vida nova e também perdoar os pecadores que arrependidos pedirem perdão.
                   Agora é a ação do Espírito Santo que vai garantir a missão da comunidade dos discípulos. É o Espírito Santo que vai manter viva a fé, a esperança, a coragem, a perseverança.
                   Naquela hora, que Jesus sopra sobre eles, eles foram batizados no Espírito Santo e receberam o encargo de continuar o projeto de Deus, a missão de Jesus, as ações de Jesus, o ser de Jesus.
                   O sopro é símbolo da vida que Jesus comunica e que Ele dá a todos. Também nós precisamos pedir o batismo no Espírito Santo todos os dias para termos forças na nossa caminhada de sofrimento, dor, doenças, tristezas, angústias, aflições... pecados, erros, mágoas, dúvidas, mas também, para a nossa caminhada de cristãos, para sermos seguidores de Jesus, para levar a boa nova a todos sem desanimar, com coragem, com força, com esperança, com perseverança.
                   Jesus resume o projeto do Pai assim: “Os pecados daqueles que vocês perdoarem serão perdoados; os pecados daqueles que vocês não perdoarem não serão perdoados”.
                   Assim Jesus estava instituindo o sacramento da Confissão, do perdão. A confissão é o sacramento da misericórdia de Deus, é o sacramento da volta. . . Somente a confissão é capaz de desfazer a desordem causada pelo pecado e restabelecer no coração do homem a paz, a alegria, a certeza do perdão, a esperança. Todas as vezes que procuramos o sacramento da confissão, nos sentimos aliviados, restaurados, renovados. Sentimos claramente a misericórdia de Deus que nos acolhe, nos perdoa e nos ama.
                   Agora os discípulos terão de continuar a missão de Jesus, os discípulos terão que percorrer o mesmo caminho de Jesus, terão a mesma missão, e anunciar o perdão é doar a própria vida. Agora eles estão cheios da força e do poder do Espírito Santo que o próprio Jesus lhes comunicou. Os discípulos continuarão como Jesus, a manifestar por atos e obras, o grande amor gratuito e generoso do Pai. E por isso terão o mesmo destino de Jesus, serão perseguidos, presos, flagelados e muitos serão mortos. Porque muitos aceitarão sua pregação, mas muitos permanecerão com o coração endurecido, rejeitarão o amor do Pai se voltando contra os discípulos.
                   Naquela tarde de domingo, no domingo da ressurreição, Jesus se manifesta vivo aos discípulos reunidos em comunidade. Quem não está ali reunido em comunidade não se encontra com o ressuscitado, não pode ouvir a sua saudação e a sua paz. Não prova, não experimenta da sua alegria, não recebe o seu Espírito.
                   Tomé não estava entre eles, portanto não recebe o Espírito Santo. . .  Também nós, se não estivermos unidos em comunidade, não experimentamos Jesus ressuscitado e não recebemos o Espírito Santo.
                   A partir da ressurreição de Jesus, o dia do Senhor é o domingo. Jesus marca para todos nós, ainda hoje, um encontro semanal na missa do domingo. Jesus quer nos ver reunidos em comunidade, para nos comunicar sua graça, o seu amor, a sua paz, o seu Espírito. Porque é só quando estamos unidos é que o Espírito Santo nos vem.
                  Quando saímos da missa é preciso que continuemos unidos em comunidade. Estar em comunidade é estar solidário com o irmão, a serviço do irmão, num mesmo Espírito, numa só fé, num só amor, num só coração.
                   A fé em Jesus ressuscitado é para encher-nos de vida. Páscoa é ressurreição, é vida, é vitória. Crer na ressurreição de Jesus é crer no Deus da vida, é levar vida a todos e em plenitude como quer Jesus.
                   O que é levar vida aos irmãos? É ter gestos concretos de amor ao próximo, levando uma palavra de conforto para quem está sofrendo, dando pão para quem tem fome, consolando os que sofrem e choram, visitando doentes, dando esperança para aqueles que estão sem esperança, enfim, sendo solidário e fraterno com nossos irmãos. Isto é viver a páscoa no nosso dia-a-dia, é viver a ressurreição de Jesus, é levar paz a todos.
                   O 2º episódio que nos relata o Evangelho é sobre Tomé, aquele que não acreditou porque não viu. Mas Jesus nos ensina que o importante não é ter convivido com Ele antes de sua morte, e sim viver a vida que nasce da ressurreição, assumindo o projeto de Deus como escolha pessoal, por querer trabalhar por Jesus e pelo seu reino.
                   Quando Jesus aparece para os discípulos, Tomé, um dos apóstolos, não está junto com a comunidade, portanto não recebe seu Espírito., não se alegra, não faz a experiência de Cristo Vivo, não aceita o testemunho dos discípulos, isto é, não acredita nas palavras dos seus companheiros. Tomé DUVIDA.
                   Sua fé é fraca, não acredita nos companheiros, ele está ausente da comunidade, por isso duvida e quer sinais extraordinários para acreditar. Tomé diz que só acredita se colocar o dedo nas chagas de Jesus.
                   Tomé serve de símbolo das dificuldades que todo discípulo, inclusive nós, encontramos para acreditar na ressurreição. E como Tomé, o mundo, e nós também, continuamos incrédulos, querendo milagres ou sinais para acreditar que Jesus realmente ressuscitou.    Mas Jesus nos consola dizendo: “Bem-aventurados os que não viram, mas creram”.
                   Estas palavras de Jesus ressuscitado são dirigidas aos seus discípulos de todos os tempos, inclusive para nós hoje, que precisamos crer no testemunho dos apóstolos e nos ensinamentos da Igreja apostólica.
                  Bem-aventurados todos que ouvindo a palavra do Evangelho, reconhecem imediatamente a voz do seu pastor Jesus e fazem a profissão de fé, feita por Tome: “Meu Senhor e meu Deus”.
                   O lugar melhor para ouvir esta voz e para encontrar o Ressuscitado é a comunidade reunida na missa do domingo, quando na hora da consagração podemos contemplar Jesus na hóstia consagrada e em profunda adoração, reconhecermos que Jesus é o Senhor e dizermos dentro do nosso coração: “Meu Senhor e meu Deus”.
                   Se Jesus ressuscitado não pode ser visto, a não ser com os olhos da fé, existe alguma coisa que podemos ver: a comunidade reunida, que com sua vida testemunha que Cristo está vivo. Somos nós os apóstolos de hoje que temos que testemunhar com nossa vida, com nossa fé que Jesus está vivo, e presente no meio de nós no poder e na força do Espírito Santo.
         Maria de Lourdes          


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