01 de Abril- Quarta - Evangelho
- Mt 26,14-25
Pe.
Antonio Queiroz
O
Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura. Contudo, ai daquele que o
trair.
Hoje,
quarta-feira da semana santa, o Evangelho narra a traição do Apóstolo Judas a
Jesus. Em mais um gesto de amor ao querido Apóstolo traidor, Jesus fala claro,
na presença dele, tentando convencê-lo a desistir do enorme crime: “O Filho do
Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele
que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!”
Judas
teve dúvidas se Jesus falava a respeito dele e perguntou: “Mestre, serei eu?”
Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”.
Mas
a última tentativa de Jesus de evitar que seu Apóstolo o traísse foi em vão! E
ficou na história o maior traidor da humanidade.
Deus
acolhe o homem e a mulher como são, e confia neles, até mesmo na iminência de
uma traição. Nós também, como irmãos e irmãs, devemos aceitar a todos, por
indignos que sejam, porque a regeneração é sempre possível, e nada melhor para
isso do que sentir-se amado.
No
fundo do nosso coração mora um possível santo ou um possível traidor. Cristo
tem inimigos, amigos falsos e amigos verdadeiros. Os verdadeiros todos têm
fraquezas e cometem deslizes; mas quando percebem, ou são advertidos, voltam
atrás. Errar é humano, permanecer no erro é burrice. Que esse horrível pecado
de Judas seja um alerta para nós. “Quem julga estar de pé tome cuidado para não
cair” (1Cor 10,12).
Nesta
quarta-feira da semana santa, somos convidados a fazer uma acareação com o
crucifixo, e rever a nossa resposta a esse amor imenso de Deus por nós,
manifestado em Cristo.
O
pecado leva à morte, e ele nunca acontece de uma hora para outra, de improviso.
Ele tem as suas raízes; começa aos pouquinhos, em pequenas infidelidades. Nada
passa despercebido diante de Deus. Por isso, “cuidado com as coisas pequenas!”
Jesus
continua sendo traído hoje. Pessoas que dizem sim a ele para toda a vida, mais
tarde se esquecem e viram as costas para ele e para a sua Igreja.
S.
Paulo descreve a força que o pecado exerce em nós: “Estou ciente de que o bem
não habita em mim, isto é, na minha carne... pois não faço o bem que quero, mas
o mal que não quero” (Rm 7,18-19).
A
tentação é mentirosa e enganadora. Ela sempre chega com uma carinha bonita,
dizendo que aquilo é bom para nós. Veja a conversa da serpente com Eva. A
serpente começa incitando o casal a revoltar-se contra Deus: “É verdade que
Deus vos disse: ‘Não comais de nenhuma das árvores do jardim?’” (Gn 3,1). Eva
responde: “Nós podemos comer dos frutos das árvores do jardim. Mas do fruto da
árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Não comais dele, nem sequer o
toqueis, do contrário morrereis’” (Gn 3,2-3). A serpente respondeu: “De modo
algum morrereis. Pelo contrário... vossos olhares se abrirão e sereis como
Deus” (Gn 3,4-5). Eva então comeu e deu para o marido que estava ao seu lado.
Hoje,
a tentação continua enganando do mesmo jeito; apenas as táticas são outras, e
sempre novas, para nos enganar.
Quanta
gente fala, por exemplo: “Eu fiz isso (pecado) porque a outra pessoa insistia e
eu não quis magoá-la”. Neste caso, a tentação usou justamente do coração bom
daquela pessoa para levá-la a pecar.
A
tentação nos apresenta o pecado como coisa pequena, passageira e sem conseqüências.
Mas, logo após, ela muda de cara e quer nos levar ao desespero, dizendo-nos que
estamos num beco sem saída. Isso é mentira, porque todo pecado tem perdão e não
nenhum problema maior que Deus. A graça de Cristo é mais forte que o pecado. E
essa graça apenas não atua em quem não á quer, como foi o caso de Judas.
Havia,
certa vez, em um colégio de Irmãs, uma aluna adolescente que era
indisciplinada. Ela vivia fazendo bagunça, desobedecendo aos professores e
levando as colegas a fazerem o mesmo.
Um
dia, por causa de uma indisciplina maior, a Irmã diretora lhe deu um castigo:
enquanto a classe ia fazer um passeio, ela devia ficar na sala, escrevendo
cinqüenta vezes a seguinte frase: “Maior mandamento: Amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo”. Uma professora ia ficar na classe com
ela.
A
menina sentou-se e escreveu a primeira vez. Depois parou e ficou meditando
sobre frase.
Pediu
licença à professora, foi a um nicho, pegou a pequena imagem de Nossa Senhora e
a colocou ao seu lado na carteira. Mais que depressa, escreveu as quarenta e
nove vezes que faltavam.
Em
seguida, pediu à professora, foi à capela e rezou longamente. Voltou
deslumbrada e agradeceu à professora. Esta pegou o seu carro e a levou
imediatamente para o passeio.
Às
vezes, as crianças erram porque não sabem o catecismo e não conhecem os
mandamentos de Deus. Cristo deixou todos os recursos para evitarmos o pecado,
mas precisamos conhecê-los e usá-los.
Campanha
da fraternidade. Um dos critérios fundamentais para a construção da paz é a
não-violência. Esta, porém, não pode ser entendida como omissão, ou não ação,
ou passividade diante das agressões ou injustiças sofridas. Significa não pagar
o mal com a mesma moeda, mas agir a partir de outros critérios, como recorrer ao
poder judicial, a recusa de participação em atividades não construtivas,
desobediência cívica, greve pacífica, passeatas, protestos pacíficos etc.
Chamamos
essa não-violência de não-violência ativa. Ela é um dos meios mais importantes
à disposição de todos para quebrar a cultura da guerra, da vingança e do ódio,
substituindo pela tolerância, pelo diálogo e pela misericórdia.
Santa
Maria Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte.
Amém.
O
Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura. Contudo, ai daquele que o
trair.
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