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de Janeiro- Terça - Evangelho - Mc 6,34-44
Três pontos merecem destaque no Evangelho de hoje. Primeiro a
caridade. Se eliminarmos a hipótese de uma multiplicação milagrosa dos pães, o
que explicaria que todos comessem os pães, ficassem saciados e ainda sobrassem
12 cestos? A explicação que eu já escutei de muitos padres e estudiosos foi que
as pessoas que estavam lá, escutando Jesus, tinham seus pãezinhos guardados nas
suas bolsas. No momento em que viram que era hora da ceia, cada um repartiu o
que trouxe com aqueles que não trouxeram nada. E assim, todos comeram. Então a
caridade foi um fator primordial na multiplicação dos pães. Inclusive, mesmo
que tenha ocorrido realmente a multiplicação milagrosa dos pães, certamente
houve também a partilha daqueles que trouxeram sua própria comida.
O segundo ponto importante é que Jesus mandou que se formassem
grupos e se sentassem. Por quê? Não poderia ter feito a oração e a distribuição
dos pães com a multidão desorganizada? Qual seria a intenção de formarem
grupos? Jesus sabia de algo básico do ser humano: a maioria das pessoas não
consegue comer vendo outra pessoa passando fome na sua frente. Então se imagine
na situação: você dentro de um daqueles grupos, com comida na sua bolsa, com
fome. A maioria das pessoas, nessa situação, comeria e dividiria uma parte da
sua comida com as pessoas mais próximas. Você é assim? Se não for, talvez seja
hora de rever seus conceitos.
No Evangelho não diz, mas eu fico imaginando a reação dos
discípulos quando Jesus mandou que trouxessem os 5 pães e 2 peixes até Ele, na
intenção de alimentar aquela multidão de 5 mil homens (sem contar mulheres e
crianças). Para quem não entende o que é fé, aqui vai um bom exemplo do que é
fé: quando todos ao seu redor dizem que aquilo em que você acredita não existe,
mas mesmo assim você vai até o fim. Se a fé de Jesus fosse fraca, Ele nem teria
tentado repartir os pães e peixes. Mas Jesus, como em todos os milagres, fez a
parte dEle, e deixou que cada pessoa na multidão também fizesse a sua parte.
Cada um desses três pontos daria para falar muito mais, mas esse
aprofundamento nós faremos em outras oportunidades… Por hoje, que saibamos
repartir o nosso “pão” e nosso “peixe” com quem está do nosso lado…
Durante o ministério de Jesus, muitos dos seus discípulos
imaginaram seus sonhos se realizando. Sua demonstração de poder divino tinha-os
convencido de que ele seria um rei capaz de atingir os objetivos políticos e
suprir as necessidades físicas deles.
Quando os discípulos vieram dizer a Jesus que despedisse a multidão
por causa do horário avançado, podiam não estar realmente preocupados com o
bem-estar do povo, tão somente. Talvez estivessem mais interessados neles
próprios, uma vez que já vinham de uma outra jornada sem se alimentarem direito
(Mc 6:31). De repente, eles ouvem a frase: “Dai-lhes vós de comer”. Podiam ter
pensado assim: “Não temos comida, nem para nós mesmos, como vamos alimentar os
outros?”
Será que você já passou pela experiência de ter de oferecer alguma
coisa que ainda não tivesse nem para si? Em algumas situações nos sentimos
impotentes, sem saber como ajudar. Jesus queria ensinar aos discípulos que eles
podiam fazer muito mais do que achavam que podiam. Estavam cansados, exaustos,
e procuraram um meio de sair daquela situação.
Mas o Senhor os envolveu novamente e eles
acabaram tendo uma experiência riquíssima com o Mestre, aprendendo que podiam
alimentar multidões. Eles viram que era possível dar mais um passo.
Os discípulos estavam desesperados diante da
incumbência recebida de alimentar aquele grande número de pessoas. Onde
achariam tanto dinheiro para cumprir aquela tarefa?
Jesus, porém, não mantinha o foco da atenção voltado para o que
eles não tinham, e sim para o que estava em suas mãos. Ele não perguntou: “de
quanto vocês precisam”, mas sim “o quanto vocês têm”. Verificou-se que havia
entre eles apenas cinco pães e dois peixes, e com essa quantidade, uma multidão
foi alimentada.
Há outra passagem bíblica, onde uma viúva pedia ajuda ao profeta
para saldar suas dívidas. Ele lhe perguntou: “O que você tem em casa?” Ela
respondeu: “Uma botija de azeite”. E com essa botija de azeite, toda a sua
dívida foi paga (2 Reis 4:1-7). É possível que permaneçamos com um problema,
porque insistimos em olhar para o que necessitamos ter, ao invés de percebermos
o que já temos. Sempre achamos que não temos o suficiente.
Precisamos hoje mudar o foco da atenção, se queremos que o pouco
venha a se multiplicar, para poder ajudar as pessoas. Precisamos viver de forma
planejada e organizada, mas nunca permitir que o nosso coração se torne
insensível em face dos problemas dos outros. Devemos ajudar as pessoas a
perceberem que elas podem fazer mais do que acham que podem. O foco da nossa
atenção deve se voltar para o que já temos em mãos, com o qual Deus poderá
fazer um tremendo milagre. Do que você percebe que já tem em mãos, e que
poderia disponibilizar para matar a fome do irmão. Talvez Deus lhe revele uma
habilidade especial, um talento, uma idéia, um sonho, um bem material, etc. Ele
pode falar ao seu coração de várias formas e insiste com você e eu: Dai-lhes
vós de comer.
Ele não perguntou: “de quanto vocês precisam”, mas sim “o quanto vocês têm”. O que mim chamou atenção foi esta frase. Nela esta toda reflexão.
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