20 de Setembro - Sábado - Evangelho -
Lc 8,4-15
Jesus contou frequentemente, por parábolas, histórias sobre os
acontecimentos do dia-a-dia que ele usava para ilustrar verdades espirituais.
Uma das mais importantes destas parábolas é a que Lucas nos apresenta no dia de
hoje. Esta história fala de um fazendeiro que lançou sementes em vários lugares
com diferentes resultados, dependendo do tipo do solo. A importância desta
parábola é salientada por Jesus em Marcos 4,13: Não entendeis esta
parábola e como compreendereis todas as parábolas? Jesus está dizendo que esta parábola é
fundamental para o entendimento das outras. Esta é uma das três únicas
parábolas registradas em mais do que dois evangelhos, e também é uma das únicas
que Jesus explicou especificamente. Precisamos meditar cuidadosamente nesta
história.
O
trabalho do semeador é colocar a semente no solo. Uma vez que a semente for
deixada no celeiro, nunca produzirá uma safra, por isso seu trabalho é
importante. Mas a identidade pessoal do semeador não é. O semeador nunca é
chamado pelo nome nesta história. Nada nos é dito sobre sua aparência, sua
capacidade, sua personalidade ou suas realizações. Ele simplesmente põe a
semente em contato com o solo. A colheita depende da combinação do solo com a
semente.
Aplicando-se
espiritualmente, os seguidores de Cristo devem estar ensinando a palavra.
Quanto mais ela é plantada nos corações dos homens, maior será a colheita. Mas
a identidade pessoal dele não tem importância. Porque ele o faz em nome de
Jesus! Eu
plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que
planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento (1 Coríntios 3:6-7). Em nossos dias, o
semeador tornou-se a figura principal e a semente é bastante esquecida. A
propaganda das campanhas religiosas frequentemente contém uma grande fotografia
do orador e dá grande ênfase ao seu nível escolar, sua capacidade pessoal e o
desenvolvimento de sua carreira; o Evangelho de Cristo que ele se supõe estar
pregando é mencionado apenas naquelas letrinhas, lá no canto. Não devemos exaltar
os homens, mas sim, completamente ao Senhor!
A
semente é a Palavra de Deus. Cada conversão é o resultado do assentamento do
Evangelho dentro de um coração puro. A palavra gera, salva, regenera, liberta,
produz fé, santifica e nos atrai a Deus. Como o Evangelho se espalhava no
primeiro século, foi-nos dito muito pouco sobre os homens que o divulgaram,
porém, muito nos foi dito sobre a mensagem que eles disseminaram. A importância
das Escrituras deve ser ressaltada ao máximo.
Isto
significa que o professor tem que ensinar a palavra. Não há substitutos
permitidos. Frequentemente, pessoas raciocinam que haveria uma colheita maior
se alguma outra coisa fosse plantada. Então, igrejas começam a experimentar
outros meios, de modo a conseguir mais adeptos. Não é nosso trabalho analisar o
solo e decidir plantar alguma outra coisa, esperando receber melhores
resultados. A colheita do Evangelho pode ser pequena, mas Deus só nos deu
permissão para plantar a palavra. Somente plantando a Palavra de Deus nos
corações dos homens o Senhor receberá o fruto que Ele espera. Ou, usando uma
figura diferente: as Escrituras são a “isca” de Deus para atrair o peixe que
Ele quer salvar. Precisamos aprender a ficar satisfeitos com seu plano.
Aqui
há uma lição para o ouvinte também. O fruto produzido depende da resposta à
Palavra. É decididamente importante ler, estudar e meditar sobre as Escrituras.
A Palavra tem que vir habitar em nós, para ser implantada em nosso coração.
Temos que permitir que nossas ações, nossas palavras e nossas próprias vidas
sejam formadas e moldadas pela Palavra de Deus.
Uma
safra sempre depende da natureza da semente, não do tipo da pessoa que a
plantou. Um pássaro pode plantar uma castanha: a árvore que nascer será um
castanheiro, e não um pássaro. Isto significa que não é necessário tentar
traçar uma linhagem ininterrupta de fiéis cristãos, recuando até o primeiro
século. Há força e autoridade próprias da Palavra para produzir cristãos como
aqueles do tempo dos apóstolos. A Palavra de Deus contém força vivificante. O
que é necessário são homens e mulheres que permitam que a Palavra cresça e
produza frutos em suas vidas; pessoas com coragem para quebrar as tradições e
os padrões religiosos em volta deles, para simplesmente seguir o ensinamento da
Palavra de Deus. Hoje em dia, a Palavra de Deus tem sido frequentemente
misturada com tanta tradição, doutrina e opinião que é quase irreconhecível.
Mas, se pusermos de lado todas as inovações dos homens e permitirmos que a
Palavra trabalhe, podemos tornar-nos fiéis discípulos de Cristo justamente como
aqueles que seguiram Jesus há quase 2000 anos atrás. A continuidade depende da
semente.
É
perturbador notar que a mesma semente foi plantada em cada tipo de solo, mas os
resultados foram muito diferentes. A mesma Palavra de Deus pode ser plantada em
nossos dias; mas os resultados serão determinados pelo coração daquele que
ouve.
Alguns
de nós somos solos de beira de estrada, duro, impermeável. Eles não têm uma
mente aberta e receptiva para permitir que a Palavra de Deus os transforme. O
Evangelho nunca transformará corações como estes porque eles não lhe permitem
entrar.
As
raízes das plantas, no solo pedregoso, nunca se aprofundam. Durante os tempos
fáceis, os brotos podem parecer interessantes, mas abaixo da superfície do
terreno, as raízes não estão se desenvolvendo. Como resultado, se vem uma
pequena temporada seca ou um vento forte, a planta murcha e morre. Os cristãos
precisam desenvolver suas raízes por meio da fé em Cristo e do estudo da
Palavra cada vez mais profundo. Tempos difíceis virão, e somente aqueles que
tiverem desenvolvido suas raízes abaixo da superfície sobreviverão.
Quando
se permite que ervas daninhas cresçam junto com a semente pura, nenhum fruto
pode ser produzido. As ervas disputam a água, a luz solar e os nutrientes e,
como resultado, sufocam a boa planta. Existe uma grande tentação a permitir que
interesses mundanos dominem tanto nossa vida que não nos resta energia para
devotar ao crescimento do Evangelho em nossas vidas.
Então,
há o bom solo que produz fruto. A conclusão desta parábola é deixada para cada
um responder a esta pergunta. Que espécie de solo você é? Esta parábola, por um lado, revela a
força divina da Palavra de Deus, e, por outro, convida os que a escutam a
oferecerem à sementeira dela a terra de um bom coração.
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