28 de agosto - Quinta - Evangelho
- Mt 24,42-51
Este texto de Mateus é a conclusão do “discurso escatológico”, sobre o
fim dos tempos. Este “discurso” é uma coleção de textos que se constituíram
como tradição das comunidades de discípulos de Jesus. Tais textos escatológicos
estão presentes, também, nos evangelhos de Marcos e Lucas. No de hoje,
encontramos os temas da vigilância e do julgamento final, com a condenação de
alguns em contraposição à salvação de outros. Esta visão escatológica tem
origem no Primeiro Testamento, em que prevalece a figura do Deus poderoso e
punitivo. O estímulo à ação é o temor. Com a revelação do Deus de amor, em
Jesus, predomina a perspectiva da sedução pela ternura e mansidão do coração.
Com a encarnação, realiza-se a presença do Deus de amor no tempo presente.
Trazemos dentro de nós um desejo e um
anseio de eternidade. Por isso nos confundimos achando que permaneceremos para
sempre instalados aqui neste mundo. Jesus nos exorta para que fiquemos
vigilantes quanto ao fato da brevidade da nossa vida. Na verdade, estamos aqui
apenas estagiando e necessitamos ter consciência do valor do nosso tempo e das
descobertas que, a todo o momento, nós fazemos em relação ao projeto de Deus
para bem vivermos a nossa existência terrena. Por isso, precisamos então todos
os dias pesar, medir e contar os nossos atos, as nossas intenções, pedindo ao
Senhor graças para que sejamos encontrados no nosso posto quando Jesus voltar.
Nunca chegará o dia em que nós poderemos descansar e nos refestelar achando que
já cumprimos toda a nossa missão. A cada dia o Senhor nos mostra algo novo para
vivenciarmos e nos renova a fim de que possamos assumir a obra que Ele nos
destinou. O nosso compromisso com Deus é em relação ao nosso irmão e o amor que
vivermos será o parâmetro da fidelidade da nossa vida. “Por isso, também,
fiquemos preparados,” porque é esta a mensagem do Senhor hoje para nós!
Você costuma se perturbar quando lhe
falam da morte? Você tem desejo de eternidade? Será que seria bom viver somente
aqui para esta vida: o que você acha disso? Você é vigilante? O que você espera
do seu futuro? O que você acha que Deus ainda vai entregar a você, como
compromisso?
Lembre-se! Para nós cristãos a
vigilância tem um novo sentido. É estar atento às necessidades dos irmãos,
particularmente os mais carentes, na busca da justiça. No serviço e na partilha
da vida, entra-se em comunhão com o próprio Jesus, hoje presente entre os
irmãos. Hoje temos duas parábolas na forma comparativa, exortando à vigilância.
A motivação é a expectativa da volta do Senhor. Enquanto é aguardada esta volta
deve-se vigiar, para não ser pego de surpresa. Esta expectativa da “volta do
Senhor” foi se frustrando com o tempo, dando lugar à visão mais realista do
encontro com Jesus, já presente entre nós, no nosso próximo e irmão, principalmente
nos mais carentes e necessitados. Vigiar é estar atento à vontade do Pai que
quer que todos sejam um, sem privilegiados e excluídos. Temos aqui um texto
típico de Mateus sobre o fim dos tempos. E por isso, devemos estar sensível, ou
seja, atentos às necessidades de nossos irmãos, sobretudo os mais simples,
humildes e excluídos, de modo a assumirmos o serviço como realização pessoal e
partilha da vida para com eles, a fim de que eles nos venham a receber no reino
dos Céus.
Pai, faça de mim um servo fiel e
prudente, disposto a pautar toda a vida pelos ensinamentos de teu Filho Jesus.
Que eu jamais seja insensato!
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