10 de Setembro - Quarta - Evangelho -
Lc 6,20-26
Lucas narra quatro bem-aventuranças
proclamadas por Jesus, seguidas de quatro “ais” de advertência, diferentemente
de Mateus que nos apresenta oito. Seja como for convém notar que ambos os
textos nos situam em cima da montanha onde Jesus escolhe os seus Apóstolos e
lhes apresenta o seu programa de ação. Anuncia-lhes o seu conteúdo: Felizes
são vocês, os pobres, pois o Reino de Deus é de vocês. Felizes são vocês que agora
têm fome, pois vão ter fartura. Felizes são vocês que agora choram, pois vão
rir… Estas palavras foram vida e missão para os Apóstolos, são e o
serão para todos os cristãos de hoje e de amanhã. É nossa missão tornar a
sociedade antiga justa e digna, arrancando de seu meio, pela força do
Evangelho, a miséria, a injustiça, a fome.
O cristão
deve sentir e encontrar prazer e alegria nas perseguições pelo amor a verdade e
a justiça do Reino. Pois será grande no céu a sua recompensa. A promessa é do
próprio Jesus: Felizes são vocês quando os odiarem, rejeitarem,
insultarem e disserem que vocês são maus por serem seguidores do Filho do
Homem. Fiquem felizes e muito alegres quando isso acontecer, pois uma grande
recompensa está guardada no céu para vocês.
O cristão deve fazer tudo para derrubar
todos os geradores dos males sociais. É preciso que ele dê a conhecer aos
grandes que defender a causa do pobre é devolver-lhe a vida e a dignidade e não
é a multiplicação de palavras. Porque ele não vive de explicações, filosofias e
falação.
Jesus
dirigi-se com freqüência à multidão para advertí-la sobre o que está por vir.
No texto deste Evangelho se reflete com nitidez este tipo de comunicação. Como
Mateus, Lucas nos apresenta uma nova versão das Bem-aventuranças:Felizes
vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus…!
Digo
“nova versão” por causa de algumas ligeiras diferenças quanto a ordem de
colocações. Se Mateus faz da proclamação das Bem-aventuranças um bloco
homogêneo de oito declarações pelo positivo, Lucas nos apresenta dois blocos:
um de quatro bem-aventuranças, outro de outras tantas declarações de
infelicidade, de imprecações:Mas ai de vocês que agora são ricos, pois já
tiveram a sua vida boa.
Podemos dizer que se tratam de blocos
opostos: aos pobres opõem-se os ricos; aos que têm fome contrapõem-se os que
estão fartos. Além disso, o texto dá grande relevo à anáfora e ao paralelismo.
O paradoxo é bastante comum em S. Lucas
e indica uma orientação importante do terceiro Evangelho: o radicalismo da
força transformadora da sua mensagem. Há muita coisa desconcertante, inesperada
neste Evangelho.
Felizes vós, que agora tendes fome,
porque sereis saciados! Saciados por quem? Saciados por Jesus a verdadeira
comida e bebida. Aquele que nos abre para os novos tempos e por isso, nos faz
firmes e fortes nesta espera. Quem espera no Senhor e não vacila nos momentos
de amargura se torna bem-aventurado.
Jesus nos situa na perspectiva dos que
buscam encontrar aqui na terra a felicidade seguindo os conselhos evangélicos e
mantendo a esperança de um dia encontrá-la. Ser bem aventurado é ser feliz. As
bem-aventuranças são estágios de vida que nos levam a ter o prenúncio das
coisas celestes, da realidade do Céu. Quando nós seguimos as sugestões do
Evangelho, nós perseguimos a plenitude da felicidade aqui na terra embora o
mundo não possa entender. Portanto, ser pobre, passar fome, chorar, ser
perseguido, odiado, insultado, amaldiçoado, são situações que, de acordo com a
mentalidade do mundo, revelam infelicidade. Porém, quando vivemos na
perspectiva de fazer a vontade de Deus essas coisas que nos acontecem servem de
motivação para que nós experimentemos cada vez mais o poder e a força do Senhor
na nossa vida. Ao contrário, as coisas que o mundo prega como lucro, a riqueza,
a fartura, o riso fácil, o elogio, passam e não deixam nenhum vestígio de
felicidade. É feliz aqui quem já espera a realização das promessas de Deus que
plenamente serão cumpridas no Céu. O próprio Jesus nos garante: “Alegrai-vos e
exultai, pois será grande a vossa recompensa no Céu”. A expectativa de que um
dia contemplaremos a Deus e alcançaremos a plena felicidade, já é um motivo
para que sejamos felizes aqui.
Você já meditou sobre as
bem-aventuranças? Com qual bem-aventurança você mais se identifica? É feliz
mesmo quando as coisas para você não sejam fáceis? Você tem sofrido alguma
afronta por amor a Jesus?
Pai, faça-me solidário com os mais
pobres deste mundo, e ensina-me a partilhar, de modo que chegue até eles a
esperança e a alegria que Jesus veio nos trazer e então eu seja verdadeiramente
feliz. Pois Vosso Filho, Jesus nosso irmão, nos ensinou que há mais alegria em
dar do que em receber!
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