11 de Setembro - Quinta - Evangelho -
Lc 6,27-38
Dentre
as perguntas mais difíceis de responder figuram estas: Será que no nosso dia a
dia podemos dizer se o cristão tem inimigo? E se sim como pode ter inimigos se
é discípulo de Jesus? Eis perguntas difíceis de responder quando Jesus nos
convida a viver este Evangelho, pois esta é uma das missões mais sublimes do
cristão. O Evangelho não pede para suportar ou conviver, nos é pedido para
amar. Dom supremo e maior deixado por Jesus para que possamos buscar
diariamente nossa santificação. Amar como Jesus amou. Quantas vezes fomos
feridos na face e oferecemos a outra? Que situação difícil de enfrentar! Nosso
desejo primeiro não é oferecer a outra, mas meter a mão na face do outro! Não é
verdade?
Muitas vezes esse Evangelho nos faz ver um cristão
passivo exteriormente, que não reage a insultos, a difamações e até aos maus
tratos, porém, não é verdade meus irmãos, muito pelo contrário: este Evangelho
nos faz altamente ativos espiritualmente, pois mexe com o nosso “EU”,
exercitando os dons espirituais e as virtudes existentes dentro de cada um de
nós, nos fazendo perfeitos como nosso Pai celeste é perfeito.
Não
julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados;
perdoai, e sereis perdoados; Penso que se conseguirmos viver este versículo, já estamos
num estágio de vivência cristã admirável. Esta mensagem mostra claramente o
amor radical de Jesus e seu Pai, e que deve ser como um sinal dos cristãos. É
um amor tão desmedido, que põe à prova os discípulos e nós também, pois é o
amor incondicional, sem limites, o amor aos inimigos, que não pode ser
compreendido nos padrões terrenos e que só acontece se estiver muito bem
alicerçado na fé.
As expressões “amar”, “fazer o bem”, “dar”, aparece por
três vezes no texto. “Amar, fazer o bem e emprestar”, é apenas uma boa
política, um bom negócio. Para sermos bons cristãos, considerados filhos de
Deus, é preciso mais, pois Sua medida, são nossas atitudes. Assim, como
julgarmos, seremos julgados; como condenarmos, seremos condenados, mas também,
como perdoarmos seremos perdoados. É neste contexto, onde Jesus nos chama à
generosidade, que Ele chama também a Deus de PAI, pela primeira vez em sua vida
pública, embora, no v. 35, esteja subentendido esse parentesco.
O Pai é nosso exemplo. Ser como Ele, é ser generoso, pois
Ele não julga, não condena, perdoa as ofensas e dá sem medir custos. E nos ama
com tanta intensidade, que jamais poderá ser superado. Estejam certos de que
nunca poderemos retribuir tanta generosidade. Que todos unidos, façamos um
esforço de fazer este mundo melhor através da palavra de Deus que é a
verdadeira chave para abrir as portas do coração da humanidade. E como
conseguiremos isso? Onde está o grande segredo desta chave? “Sede
misericordiosos, como também nosso Pai celeste é misericordioso.”
Jesus nos chama a um ideal mais pleno, mais radical: AMAR
O INIMIGO. Não há nada mais evangélico do que esta máxima de Lucas, certamente
difícil de ser colocada em prática. Este ideal pressupõe naturalmente um uso da
liberdade muito maduro: ser livre para amar não como eu quero, mas como Deus
quer que nos amemos. Sem condições.
A partir da Ressurreição de Cristo e através dela o homem
pode realizar este ideal, pois aí está a ESPERANÇA para tudo o que fazemos(Cf.
1Cor 15, 45-49). Amar a partir da Ressurreição é, na linguagem paulina e
lucana, possuir uma carne nova, um corpo novo, é viver na força do Espírito que
nos confere a graça para realizarmos este ideal evangélico do AMOR RADICAL, sem
condições.
Amar quem nos ama, quem nos elogia, quem nos prestigia, é
muito fácil. Todo jogo dos interesses passa por este tipo de relação. Mas amar
quem nos prejudica, quem nos amaldiçoa, quem não corresponde às nossas
expectativas, é mais difícil e impossível sem a graça de Deus. Por isso, antes
de tudo, temos que viver o Intróito da Missa deste Domingo para depois vivermos
o que nos pede Jesus no Evangelho de Lucas: “Domine, in tua misericórdia
Speravi”. Esperar na misericórdia, nos diz o Salmista, é exultar pela Salvação,
é cantar por tudo o que se nos acontece. O Salmo de Meditação após a Primeira
Leitura (Sm 26,2.7-9.12-13.22-23) no-lo faz conhecer, atestar, confirmar.
Misericórdia e Graça são as prerrogativas do nosso Deus.
É com esta Esperança do Salmo 102 que conseguimos ser
plenamente livres para amar sem condições; é com este amor que somos
verdadeiramente livres para imitarmos Aquele que nos amou de forma irrestrita e
irrevogavelmente nos salvou. Jesus não só pregou o amor, mas Amou os seus que
estavam no mundo, e os amou até o fim.
Assim o Cristo instaurou a Nova Criação para nós, e a
Nova Criação é este ideal para o qual somos hoje convocados: amar
criativamente, como Deus quer. Criar um mundo novo a partir deste Amor
incondicional, radical, universal. Como Cristo se torna o Novo Adão, também nós
nos tornamos, com o nosso amor. Esta é a Vida Nova e a beleza do Cristianismo
que não existe em nenhum outro lugar. Peçamos a graça de buscar viver
fraternalmente a alegria do Ressuscitado em nossas vidas!
Belíssima reflexão, nem imaginam como ajuda a nos entender a palavra e a partilhar no grupo. Obrigada, paz e bem!
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