26 de agosto - Terça - Evangelho
- Mt 23,23-26
O capítulo 23 de Mateus é uma coletânea de advertências contra os escribas
e fariseus e sua doutrina oficial, sob a forma do lamento “ai de vós…”. Esta
expressão é bastante usada no Primeiro Testamento, dirigida aos que praticam a
iniqüidade. A forma literária deste texto se aproxima das advertências do
profeta Isaías (5,8-22). A hipocrisia é a atitude do sistema religioso
representado pelos escribas e fariseus, os quais se fecham em seu prestígio e
poder, julgando-se justos e desprezando o povo humilde.
Jesus
critica severamente os escribas e fariseus porque eles desprezavam os preceitos
mais importantes da lei, que era: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. A
hipocrisia dos fariseus e escribas com relação à religiosidade era algo que
eles não conseguiam disfarçar, não obstante a sua falsa aparência de santos.
Eles se fecham para não perder prestígio e poder, julgando-se justos e
perfeitos desprezavam o povo humilde e excluído da sociedade. Jesus que enxerga
além das aparências daqueles falsos santos denuncia toda a sua falsidade. Por
outro lado, Jesus, no estilo profético, contradisse a religião da Lei que
oprime e humilha o povo com suas inumeráveis observâncias, favorecendo aqueles
que subjugavam o povo em nome de Deus. E estes mandatários ou representantes da
elite religiosa procuram manter as aparências, porém falta o essencial, que é a
acolhida da pessoa de Jesus, e o seu plano de salvação com seu amor
misericordioso, libertador e vivificante.
Jesus é duro em suas advertências
chegando a chamar os fariseus de cegos e de hipócritas que limpam o exterior
dos seus corpos enquanto por dentro continuava sujo de pecados.
Jesus
penetra no coração dos homens e com muita sabedoria e propriedade Ele denuncia
o que há de escondido por debaixo das aparências. Assim como Ele falava para os
mestres da lei e para os fariseus, chamando-os de “hipócritas”, Ele também
poderá estar dirigindo-se a qualquer um de nós que nos enaltecemos em vista das
nossas “boas ações”. Nós também como os antigos, podemos estar pagando o dízimo
de todos os nossos proventos e até promovendo o bem comum, no entanto, ao mesmo
tempo, podemos estar agindo como guias cegos, se as nossas atitudes não
estiverem edificando a ninguém. Se estivermos fazendo o bem apenas para
aparecer e chamar a atenção estão nos faltando os ensinamentos mais
importantes, que são a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Isto acontece
quando nós aproveitamos os momentos em que todos tomam conhecimento das nossas
boas obras em campanhas que têm como objetivo somente a nossa promoção pessoal.
Os que se preocupam com isso são os fariseus e hipócritas. Que a semente e
o veneno dos fariseus hipócritas bem como dos escribas não caiam em nossos
corações a ponto de uma vez germinando sufoque, envenene e mate a boa nova que
recebemos de Jesus. Procuremos, pois, viver o que nós ensinamos, pregamos e
aparentamos ser perante a comunidade cristã! Pois não nos esqueçamos que Deus
que vê tudo vai um dia nos julgar.
A partir daqui é fundamental que tanto o
nosso exterior quanto o interior apareçam sem manchas e não como os doutores da
Lei, cujo exterior aparecia sem manchas, todavia o seu interior estava cheio de
maldade. Jesus nos adverte enquanto é tempo: “limpa primeiro o copo por dentro,
para que também por fora fique limpo”. Podemos enganar a todos, mas não
enganamos a Deus que sonda o nosso coração e conhece o que há de mais camuflado
dentro de nós. A justiça, a misericórdia e a fidelidade, portanto, se
constituem em atos concretos de amor. Somos chamados a dar o dízimo e a fazer o
bem, mas tudo com sentido e, por amor! Mesmo que não participemos de campanhas
beneficentes nem de grandes promoções na época do Natal que a regra de ouro da
nossa vida seja TUDO FAZER POR AMOR!
Prezados
irmãos: Será que Jesus no evangelho de hoje está dizendo alguma coisa para
nós? Será que nós também não lavamos muito bem o nosso corpo e até
passamos perfume e deixamos a nossa alma embaçada pelo pecado? Ou será que
nós procuramos manter uma aparência de santos, de quem observa todos os
mandamentos de Jesus, e tudo mais, porém, na realidade, não passamos de
pecadores maiores que aqueles que ao ver as nossas aparências de justos se
sentem pequeninos em relação a nós?
Com que espírito você tem dado o seu
dízimo? Você acha que Deus está vendo as suas ações de caridade? Você tem sido
fiel, justo(a) e misericordioso(a) com as pessoas com quem você convive? Você
faz alguma coisa para aparecer?
Pai, dá-me pureza de coração para que do
meu interior brotem a justiça, a misericórdia e a fidelidade, e assim, eu possa
guiar meus semelhantes na caminhada para ti.
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