18 de junho - Evangelho - Mt
6,1-6.16-18
O texto de hoje nos ajuda a fazer uma
reflexão, uma introspecção. Estamos diante de um Evangelho que determina o
nosso ser cristão. É, diria eu, o termômetro da nossa própria fé católica. E
não poderia existir passagem melhor do que a do Evangelho de hoje. A prática da justiça, no sentido
religioso, significava a busca de justificação diante de Deus. As mais
consagradas eram: a esmola, a oração e o jejum. Por esta prática o piedoso
judeu julgava-se justo diante de Deus. Com atitude ostensiva, os líderes religiosos
do templo e das sinagogas afirmavam seu prestígio e poder.
A penitência, muitas vezes vista como
uma prática de sofrimento, na verdade tem o caráter modificador, que nos
transforma que nos faz perceber que podemos viver sem certas coisas do mundo. Que
mais forte é Deus que nos dá o suficiente para viver. Compreendemos que os
sacrifícios feitos deverão, portanto, ser fonte de crescimento, de
amadurecimento espiritual e não motivo de promoção pessoal. E por isso, não
devem ser expostos ao mundo, pois é interioridade, é intimidade com Deus.
Isto vale para todos os nossos atos
religiosos ou aparentemente humanitários. Não podem ser forma de se vangloriar
de sua bondade, mas de promover sua espiritualidade e também o bem de outras
pessoas.
Sê assíduo à oração e à meditação.
Disseste-me que já tinhas começado. Isso é um enorme consolo para um Pai que te
ama como Ele te ama! Continua, pois, a progredir nesse exercício de amor a
Deus. Dá todos os dias um passo: de noite, à suave luz da lamparina, entre as
fraquezas e na secura de espírito; ou de dia, na alegria e na luminosidade que
deslumbra a alma.
Se conseguires, fala ao Senhor na
oração, louva-o. Se não conseguires, por não teres ainda progredido o
suficiente na vida espiritual, não te preocupes: fecha-te no teu quarto e
põe-te na presença de Deus. Ele ver-te-á e apreciará a tua presença e o teu
silêncio. Depois, pegar-te-á na mão, falará contigo, dará contigo cem passos
pelas veredas do jardim que é a oração, onde encontrarás consolo. Permanecer na
presença de Deus com o simples fito de manifestar a nossa vontade de nos
reconhecermos como seus servidores é um excelente exercício espiritual, que nos
faz progredir no caminho da perfeição.
Quando estiveres unido a Deus pela
oração, examina quem és verdadeiramente; fala com Ele, se conseguires; se te
for impossível, detém-te, permanece diante dele. Em nada mais te empenhes como
nisso.
Não se trata de conceber a oração
interior, livre de todas as formas tradicionais, como uma piedade simplesmente
subjectiva, e de opô-la à liturgia, que seria a oração objectiva da Igreja;
através de toda a verdadeira oração, alguma coisa se passa na Igreja e é a
própria Igreja quem reza, porque é o Espírito Santo que vive nela que, em cada
alma única, “intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rom 8, 26). E essa é,
justamente, a verdadeira oração, porque “ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’
senão por influência do Espírito Santo” (1Cor 12, 3). O que seria a oração da
Igreja se não fosse a oferenda daqueles que, ardendo com grande amor, se
entregam ao Deus que é amor?
O dom de si a Deus, por amor e sem
limites, e o dom divino que se recebe em troca, a união plena e constante, é a
mais alta elevação do coração que nos é acessível, o mais alto grau da oração.
As almas que o atingiram são, na verdade, o coração da Igreja; nelas vive o
amor de Jesus, Sumo-Sacerdote. Escondidas com Cristo em Deus (Col 3, 3), não
podem deixar de fazer irradiar para outros corações o amor divino de que estão
cheias, concorrendo assim para o cumprimento da unidade perfeita de todos em
Deus, como era e continua a ser o grande desejo de Jesus.
Jesus nos mostra neste texto ao falar da
oração, jejum e caridade de forma consciente o momento e o ato mais importante
da nossa íntima união com Ele. E nos faz saber que estes atos devem ser livres
e desimpedidos, desinteressados de reconhecimento. A partir do momento em que
vivemos estas três lições de Cristo oração, jejum e penitência, em nossas
vidas, tudo em nós será um eterno aleluia. Jesus terá verdadeiramente ressuscitado
em nós.
Espírito de piedade ensina-me o modo de
agir que realmente agrade ao Pai, e mereça a recompensa divina.
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