QUINTA - 29 de Maio de 2014 - Evangelho
- Jo 16,16-20
Vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria.
Neste Evangelho, Jesus anuncia aos discípulos a sua iminente partida e o
seu breve regresso, que mudará a tristeza dos seus em alegria. Cristo não lhes
diz adeus, mas até breve.
“Pouco tempo ainda, e já não me vereis. E outra vez pouco tempo, e me
vereis de novo.” O primeiro “pouco tempo” é a sua morte, que estava próxima. O
segundo “pouco tempo” e a sua ressurreição, pela qual ele reapareceu vivo no
meio dos discípulos.
Jesus reapareceu vivo, primeiro em seu corpo glorificado, e, após a
ascensão, em seu corpo místico, a Igreja una, santa, católica e apostólica.
Jesus dá a entender que o Espírito Santo é o Espírito da Alegria, aquele que
traz alegria para os cristãos.
O Espírito do Senhor ressuscitado vive em nós, animando a esperança e a
alegria, ajudando-nos a entender de forma cristã todas as realidades, inclusive
a cruz e a morte. “Cristo vive, Cristo reina, Cristo impera”. “Se fomos, de
certo modo, identificados com Cristo por uma morte semelhante à sua, seremos
semelhantes a ele também pela ressurreição. Sabemos que o nosso homem velho foi
crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo sujeito ao pecado” (Rm
6,5-6). “Estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele
que a pedir” (1Pd 3,15).
Um cristão triste é um triste cristão. Nós precisamos testemunhar alegria,
uma alegria permanente, fruto da fé na ressurreição de Cristo, e unida à paz e
ao amor fraterno. O próprio Jesus nos fala: “Não tenhais medo, pequeno rebanho,
pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o Reino”
(Lc 12,32).
O Espírito Santo nos assiste, no nosso dia a dia, especialmente através
dos seus sete dons:
A sabedoria. Esse dom nos dá uma visão clara e correta de Deus e das
coisas. A Bíblia está cheia de referências ao dom da sabedoria. Existe até um
livro dela com este nome. Nós vivemos numa sociedade pluralista, em que o bem e
o mal aparecem misturados e até trocados: o bem nos é apresentado como mal e o
mal como bem. É o pecado que habita no mundo que faz isso. Vamos fazer nossa a
oração de Salomão: “Senhor... dá ao teu servo um coração obediente..., capaz de
discernir entre o bem e o mal!” (1Rs 4,7-9).
O entendimento. O profeta Isaías chama esse dom de inteligência. Ele nos
permite compreender os acontecimentos que vão se sucedendo conosco ou ao redor
de nós. Como a própria palavra diz, é o dom de entender e aprender com
facilidade as coisas. “Para o bom entendedor, meia palavra basta.” Quem, tem
esse dom lê até nas entrelinhas, lê no coração aquilo que às vezes ele não
consegue expressar em palavras.
O conselho. E uma luz que nos mostra a decisão que devemos tomar em cada
situação concreta da nossa vida. No mundo existe uma grande confusão de valores
e, o que é pior, existe em muitos casos uma inversão de valores. Coisas certas
e coisas erradas são misturadas e até invertidas. A falta do dom do conselho
leva muita gente a agir como Pilatos: lavar as mãos e se posicionar em cima do
muro. Agora, o cristão que vive o dom do conselho é como as placas das
estradas, que mostra onde vai dar aquele caminho. Como é bom dizer a palavra
certa, na hora certa e do jeito certo!
A fortaleza. É a força de Deus para vencermos, nas situações difíceis.
Quem tem esse dom nunca perde o rumo, a esperança, a calma, a alegria, a
paciência e age sempre na paz. Nós não podemos ser maria-vai-com-as-outras. Não
sejamos vagões, mas locomotivas. Jesus disse: “O meu jugo é suave e o meu fardo
é leve”. Com Deus tudo se torna fácil, e o cristão vive na alegria, mesmo no
meio das maiores provações.
A ciência. Esse dom é chamado também de conhecimento. E o dom de
conhecer, tanto as coisas de D como as coisas do mundo, de maneira correta,
aproximando-nos da onisciência divina. Por esse dom nós conhecemos a Deus,
conhecemos a Sagrada Escritura e conhecemos a Igreja que Jesus fundou. Há muito
cientista que é cego nesse dom, e há muito analfabeto que é doutor na ciência
como dom do Espírito Santo.
A piedade. É o dom que nos leva a ter Deus como o centro da nossa vida e
a andar sempre na sua presença. Leva-nos a não apenas conhecer o caminho de
Deus, mas a segui-lo levando uma vida voltada para a observância dos
mandamentos. De fato, não basta apenas acreditar com a cabeça, ou apenas dizer
“Senhor! Senhor!” Na Bíblia, a piedade anda junto com a justiça e a fidelidade.
O contrário é o ímpio, aquele que tem o pescoço duro e não segue a Deus. “Todos
os que quiserem viver piedosamente no Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm
3,12).
O temor de Deus. É um dom que nos leva a ter certo medo de Deus e
conseqüentemente a respeitá-lo e obedecer-lhe. É um medo filial, de quem sabe
que Deus é um pai amoroso e compreensivo, mas é também justo. Por isso, a
possibilidade do inferno para nós é real. A Bíblia fala isso de ponta a ponta.
Esse dom nos leva a procurar conhecer sempre mais a vontade de Deus, para
segui-la. O temor de Deus é fruto do amor a ele. Nós o tememos porque o amamos.
Um sinal de falta de temos de Deus é chamar o seu nome em vão. O papa Pio XII
dizia que o homem moderno perdeu o sentido do pecado. Isso é falta de temor de
Deus. Quem tem esse dom, quando percebe que ofendeu o próximo, não fica em paz
até que se reconcilie. Por exemplo, se morre uma pessoa, muitos logo dizem:
“Foi para o céu”. Isso é falta de temor de Deus. Deus é que sabe quem vai e
quem não vai para a sua casa. Nós temos esperança de que a pessoa, se andou no
caminho certo, foi para o céu. Mas esperança não é certeza.
Havia, certa vez, um rei muito rico e muito generoso. Ele resolveu dar a
um súdito um presente: todos os dias ele ia colocar na conta desse súdito mil
quatrocentos e quarenta pesos, que era a moeda do reino. A doação era por tempo
indeterminado. A única condição é que o súdito devia gastar todo o dinheiro
naquele dia. Se n gastasse tudo, a sobra voltaria para a conta do rei.
E assim aconteceu durante muito tempo. O súdito, feliz, deitava e rolava
com aquele dinheiro todo. Num belo dia, sem aviso prévio, o rei interrompeu a
doação.
O rei é Deus, o súdito somos nós e o dinheiro é o tempo. A nossa vida é
um tesouro valioso. Cada dia Deus nos dá mil quatrocentos e quarenta minutos.
Isto é uma graça incalculável. Ele nos entrega esse tesouro, acrescentando
ainda a ajuda e acompanhamento do Espírito Santo com seus dons. O que ele pede
é que aproveitemos o nosso tempo, seja para construir a nossa felicidade, seja
para o bem do nosso próximo. Não vamos enterrar os talentos que Deus nos dá
diariamente! Assim, quando Deus bloquear a conta e nos chamar, ele sorrirá para
nós e dirá: “Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor!”
Nós pedimos a Maria Santíssima, a esposa do Espírito Santo e quem melhor
acolheu os seus dons, que interceda por nós.
Vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria.
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