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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida-Claretianos

Domingo, 18 de maio de 2014
5º Domingo da Páscoa
Outros Santos do Dia:Dióscoro de Kynopolis (leitor, mártir), Elgiva de Shaftesbury (viúva, monja), Félix de Cantalício (capuchinho), Félix de Spoleto (bispo, mártir), Feredário de Iona (abade), Henrique da Suécia (rei, mártir), Potamon de Heracléia (bispo, mártir), Rafaela Maria do Sagrado Coração (religiosa), Teódoto, Tecusa, Eufrásia e Companheiras (mártires de Ancira), Venâncio de Camerino (mártir).
Primeira leitura: Atos dos Apóstolos 6, 1-7.
Escolheram sete homens repletos do Espírito Santo.
Salmo responsorial: 32, 1-2.4-5.18-19.
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós esperamos!
Segunda leitura: 1 Pedro 2, 4-9.
Vós sois a raça escolhida, o sacerdócio do Reino.
Evangelho: João 14, 1-12.
Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Na comunidade lucana, descrita na primeira leitura, os apóstolos têm plena consciência de que não podem fazer tudo, que necessitam valer-se de outros para atender às necessidades urgentes da comunidade, porém sem desatender o ministério da Palavra. Porém, eles não se impuseram. Convidam a comunidade a escolher seus próprios servidores e animadores.
Apresentam sete pessoas “autorizadas” pelos apóstolos para satisfazer as necessidades da comunidade. Não são servidores de segunda classe. São pessoas encarregadas ou enviadas a realizar ministérios diferentes. Porém, todos se sentem empenhados na difusão da Palavra e no crescimento numérico e qualificado da comunidade.
Assim mesmo, o autor da carta de Pedro quer sublinhar o papel de todos os membros da comunidade crente na construção do templo vivo de Deus. Jesus é a pedra viva, o fundamento, a base para construir a casa de Deus. Sobre essa pedra se instalam as demais pedras, os seguidores de Jesus. Assim, não somos somente espectadores da construção. Somos artífices e ao mesmo tempo matéria fundamental para alcançar a construção do grande edifício humano, levantado com a ativa cooperação de cada um dos batizados. O sacerdócio, mais que uma honra, um privilegio, uma casta… é um dinamismo desencadeado pelo Espírito para o serviço da comunidade eclesial. Todos somos ministros, sacerdotes, servidores em uma densa experiência fraternal a serviço do reinado de Deus.
O evangelho de João revela a situação crítica que vive a comunidade nascente, provocada pelo ambiente hostil e perigoso em que se vai desenvolvendo. Jesus não somente é a pedra fundamental, mas é também caminho, verdade e vida. Os discípulos estão confusos ante as palavras de Jesus. Nos anteriores versículos Jesus anunciava a traição de Judas e a negação de Pedro. Este episódio reflete a situação de crise dos discípulos porque não entendem o caminho de Jesus. As palavras que Jesus pronuncia pretendem alentá-los na esperança, fortalece-los em meio à angustia, devolver-lhes o horizonte de vida.
Jesus é caminho, isto é, projeto, horizonte de vida para muitos. Sua morte está cheia de sentido porque nela se manifesta o amor de Deus pela humanidade e lhes devolve a razão de viver em momentos de confusão e desespero.
Jesus é verdade: a mentira, o engano, a corrupção se apoderam do coração da pessoa humana. A palavra anunciada e testemunhada por Jesus, que é Palavra do Pai, se converte em critério de verdade, em transparência que devolve a luz.
É vida: frente às forças da morte que causam terror, Jesus dá sentido à vida, se revela como senhor da vida e vencedor da morte. E nele todos os que apostam a favor de um projeto de vida, de verdade e amor como horizonte que pode salvar a humanidade do caos, da injustiça, da corrupção, da exclusão e da maldade.
Quem crê em Jesus crê no Pai e será transparência do Ressuscitado. No fundo, isso é ser cristão, que é uma forma de ser em plenitude filhos/filhas de Deus. Porém, a proposta de Jesus não é um assunto meramente individual, intimista, espiritualista. O projeto de seu seguimento é exigente e radical. Também a pessoa cristã, integrada ao corpo comunitário, deve ser caminho, verdade e vida. Somos chamados a ser uma alternativa de vida, junto com outras alternativas de vida – representadas por outras pessoas e comunidades inspiradas por outras religiões – em meio a um mundo desorientado que com frequência não encontra o sentido da existência. Somos servidores da vida ainda que em meio à morte que semeia o egoísmo humano quando desatende a sabedoria que se manifesta “por muitos caminhos de Deus”. A desatenção a esta sabedoria divina manifestada por tantos caminhos repercute nas crescentes injustiças sociais e guerras que pretendem justificar-se com apelos à defesa da liberdade e da segurança, ou à imposição da democracia ou da “liberdade de comércio” … porém, que no fundo escondem mesquinhos interesses econômicos e hegemônicos das grandes potencias e enche de chagas de fome e de miséria os povos pobres.
Nossa missão, pois, como pessoas cristãs, é nos unir com muitas outras pessoas e comunidades crentes, praticantes de outras religiões e ser alternativa de vida, de resistência e de esperança para todos.
Em uma época como a que vivemos, marcada por novos paradigmas, como o pluralista, temos de ler e proclamar com cuidado, tanto a expressão de Pedro de uma “linhagem escolhida”, como a expressão de João, colocada nos lábios de Jesus: “Eu sou o caminho”… Esta última sobretudo não deixa de ser uma expressão própria de uma linguagem confessional, uma linguagem de amor e de fé, cultual, e nesse contexto é preciso entende-la. Não se pode perder de vista que  são muitos os caminhos de Deus, “seus caminhos, que não são nossos caminhos”, e que nos podem surpreender sempre com a descoberta de “novos caminhos” de Deus.
Oração:
 Ó Deus, mistério insondável, presença eterna, amor inefável. Ajuda-nos a compreender que a verdade está mais além das nossas formulações, que a vida és tu mesmo e que os caminhos que conduzem a ti são infinitos. Nós concretamente te pedimos por Jesus, filho teu e irmão nosso. Amém.


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