12 de junho - Evangelho - Mt 5,20-26
Segundo o Evangelista Mateus, é importante que o homem tenha a
consciência de que “A ira do homem não realiza a justiça de Deus” (Tg 1, 20). E
que é pela prática da justiça que vem de Deus que a sua vida é restaurada sobre
a terra. E isto é tão fundamental que se torna imprescindível na vida
existencial do homem e extensivo a todas outras práticas no seu dia a dia para
tornar possível a convivência dos homens entre si e entre o meio ambiente. Ouvistes o que foi dito… Eu, porém vos
digo… Jesus não pretende reformar o complexo doutrinal do judaísmo.
Jesus veio nos ensinar a viver em
plenitude a Lei de Deus e nos adverte de que a nossa justiça deve ser maior do
que a dos mestres da lei e dos fariseus. Eles viviam na rigidez da lei e
esqueciam de que o maior mandamento da Lei era justamente o amor e que, mais
importante que a Lei em si, é o bom relacionamento entre as pessoas. Muitas
vezes nós também, como os escribas e os fariseus, nos apegamos ao que a lei nos
exorta a não fazer e ficamos alerta para não cometer aquelas faltas que se
constituem as mais graves, como matar, roubar, adulterar, ter maus pensamentos,
etc.. “Todo aquele que se encoleriza com o seu irmão será réu de juízo”.
O desejo primeiro de Deus, ao criar os
seres humanos, é que vivam na mais perfeita comunhão, deixando de lado tudo
quanto possa dividi-los e separá-los pelo muro da inimizade. O ódio e a divisão
constituem flagrante desrespeito à vontade divino.
O homicídio é uma forma incontestável de
ruptura com o próximo, culminando com a sua eliminação. Para evitar isto, Deus
condenou peremptoriamente esse crime, com o mandamento: “não matarás”.
Todavia, a eliminação física do próximo
é antecedida por outros gestos de eliminação de igual gravidade. Por exemplo, a
simples irritação contra os outros, as palavras ofensivas contra eles são
formas sutis de atentar contra a vida alheia. O discípulo do Reino não pode
agir desta maneira.
A Palavra de Deus que Jesus veio
esclarecer para nós vai muito mais além do que as coisas que nós praticamos,
mas atinge também ao que nós pensamos e falamos ou expressamos a partir do
nosso coração. Assim sendo, nós não podemos chamar os nossos irmãos e irmãs nem
mesmo de tolos ou idiotas. Quanto ensinamento para nós! A oferta que fazemos ao
Senhor será desnecessária, se primeiro não oferecermos a nossa compreensão e
perdão às pessoas com as quais nos relacionamos. Enquanto caminhamos
aproveitemos o conselho do Mestre para que a nossa justiça seja maior do que a
justiça dos “mestres da lei” e dos “fariseus” de hoje. Como é a nossa justiça?
O que é justo para Deus? A justiça de Deus é o Amor, é o perdão, é a
reconciliação. E a nossa? Fazemos as nossas ofertas no Altar do Senhor, mas
como está o nosso coração? Reflita agora: – Como você trata as pessoas com quem
você convive? – Você tem costume de falar mal os seus amigos, suas amigas? –
Você o faz de coração? – E quando você faz a sua oferta na hora do ofertório,
qual é a sua atitude diante de Jesus?- Você já pensou que enquanto você faz a
oferta do seu coração na hora da Missa, ele pode estar sujo com a injustiça da
falta de perdão, da ofensa feita, do ódio por alguém?
A reverência a Deus passa pelo respeito
ao próximo.
Na liturgia de hoje, Jesus exige de mim
e de ti, como seus discípulos a reconciliação com seu próximo, antes de fazerem
sua oferenda a Deus. Se alguém estava para fazer sua oferta, e se recordava de
algum desentendimento com o próximo, deveria deixá-la ao pé do altar, para
antes ir reconciliar-se. Caso contrário, a oferta não teria valor perante Deus.
Ele vem revelar que qualquer doutrina ou
lei só tem valor à medida que contribua para a libertação e a promoção da vida.
Jesus não propõe uma doutrina, mas ensina a prática restauradora da vida. A
grande novidade que Jesus me ensina hoje é o perdão sem limites e a
reconciliação, que me levam à comunhão de vidas com Deus e com os meus irmãos.
Por isso, quero neste
dia ó Senhor Jesus que me ensineis a perdoar os meus irmãos e irmãs para poder
estar em comunhão com o Vosso e o meu Deus e com os meus irmãos já aqui na
terra.
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