TERÇA - 10 de Junho de 2014 - Evangelho - Mt 5,13-16
Tira primeiro a trave do teu próprio
olho.
Neste Evangelho, Jesus nos pede para não
julgar as pessoas. E ele apresenta como argumento o fato de nós também termos
defeitos, às vezes maior do que os da pessoa. Tão maiores quanto uma trave é
maior que um cisco.
“Vós sereis julgados com o mesmo
julgamento com que julgardes.” Isto significa que os critérios que Jesus usará
para nos julgar serão os mesmos que nós usamos para julgar o nosso próximo.
Quem é condescendente será julgado com condescendência; quem é rigoroso será
julgado com rigor.
É evidente que compensa sermos ultra
condescendentes com o nosso próximo, procurando enxergar sempre o seu lado bom.
Todas as pessoas têm um fundo bom, pois
foi Deus que as criou e ele só faz coisas boas. No caso, por exemplo, de uma
criança delinqüente, foram as pessoas que convivem com ela que a fizeram assim.
O julgamento, portanto, deve cair mais nessas pessoas do que na criança. A
sociedade pecadora fabrica marginais, drogados e criminosos. E nós fazemos
parte desta sociedade. Portanto, se jogarmos pedra em alguém, a pedra pode
voltar a nós.
Ao vermos ou ouvirmos falar de defeitos
de alguém, devemos ver o outro lado, as qualidades da pessoa, e dizer: “ainda
bem que ela é isso e mais aquilo”, destacando alguma qualidade da pessoa. Para
os maledicentes, é um jato de água fria.
A imagem do cisco e da trave no olho nos
mostra um aspecto importante do julgamento: Ele é sempre subjetivo. Se uma
pessoa nos é simpática, facilmente aprovamos tudo o que ela faz. Se outro nos é
antipática, reprovamos nela aqueles mesmos atos que na outra eram qualidades.
O julgamento de Jesus foi subjetivo. Os
verdadeiros motivos da sua condenação foram totalmente outros, bem longe dos
apresentados. Se as autoridades tivessem “tirado a trave dos seus olhos”,
teriam se tornado discípulas de Jesus, em vez de condená-lo.
Se uma pessoa que cometeu um erro é
acolhida e bem tratada, pode tornar-se melhor do que era antes de cometer
aquele erro. É importante lembrar que o que vale é o que a pessoa é hoje, não o
que foi no passado, pois uma pessoa que no passado caiu, pode hoje estar mais
madura e consciente, conhecedora do mundo e de suas tentações, portanto, mais
santa. “Se o ímpio se arrepender... nenhum dos pecados que cometeu será
lembrado” (Ez 18,21-22).
A Comunidade cristã é agente de inclusão
dos excluídos. Ela deve acolher, e acolher sempre. Perdoar, e perdoar sempre.
A gente acolhe o pecador, não o pecado
que ele fez. Reprovamos todos os erros e queremos extirpá-los da Comunidade,
mas sem julgar as pessoas que os fizeram, pois não conhecemos o interior de
ninguém, não sabemos as verdadeiras razões dos seus atos e as suas intenções ao
praticá-los, e não conhecemos direito o passado da pessoa, que a levou a fazer
aquilo.
A sociedade, especialmente a mídia,
criou uma palavra para taxar os que fazem coisas erradas: “bandido”. Cada
cidadão divide a sociedade em dois grupos: bandidos e não bandidos. E se coloca
do lado dos não bandidos, sendo que pode ser pior que os outros, pois ajudou a
fabricar a cultura que os levou a praticar crimes. Conclusão: devemos ser como
Deus que “faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e
injustos” (Mt 5,45).
Na cena da mulher adúltera, Jesus
simplesmente mostrou a trave que estava no olho de cada fariseu que tinha nas
mãos as pedras para apedrejá-la.
Certa vez, dois rapazes entraram numa
loja de lembranças. Um deles era muito crítico e começou logo a ver defeito em
tudo. O vaso de flor estava feio, o cavalinho não parecia cavalo... De repente
chegaram a uma coruja. Ele logo disse: “Eu conheço bem corujas. Não é assim. A
cabeça não está proporcional ao corpo, a pose dela não é essa...” Quando acabou
de falar, a coruja virou a cabeça e piscou para eles. Era uma coruja viva e ele
pensava que estava vendo uma imitação de coruja. O coitado ficou com a cara no
chão.
É isso que dá ser negativo, pessimista e
só ver defeitos.
Maria Santíssima é chamada, na Salve
Rainha, Mãe de misericórdia. Que ela nos ensine a ser humildes, misericordiosos
e não julgar ninguém.
Tira primeiro a trave do teu próprio
olho.
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