DOMINGO DE PENTECOSTES
08/06/2014
1ª Leitura Atos 2, 1-11
Salmo 103(104),30 “Se
enviais, porém, o vosso sopro, eles revivem a renovais a face da terra”
2ª Leitura 1Cor 12, 3b-7;
12-13
Evangelho João 20, 19 -23
RENASCIDOS NO ESPÍRITO"
Quando se capricha na reforma de uma casa antiga,
mudando totalmente sua fachada, costuma se dizer que ela ficou como nova, a
esse respeito, lembro-me também do tempo em que a compra de um sapato novo era
onerosa e a gente optava por levar o velho ao sapateiro, que colocava meia
sola, passava uma tinta, dava um brilho e quando ia buscar, era como se fosse
um sapato novo, e um último exemplo, um dos carros que tive foi uma Brasília,
que em certa ocasião , mandei fazer uma reforma caprichada e ao sair com ela da
oficina, dizia orgulhoso que ficou “novinha” em folha. Nesses três casos, a
palavra NOVA é apenas força de expressão, pois a casa, o sapato e a Brasília,
continuaram velhos, apenas com aparência de novos. O que o Espírito de Deus
realiza em nós, não é uma reforma de fachada, não somos uma casa velha
reformada, mas nele somos recriados, renascidos e renovados, passando a ser
realmente novas criaturas., porque estamos em Cristo (1 Cor 5, 17-21).
Quando o homem toma conhecimento dessa verdade,
fica confuso como Nicodemos, que perguntou a Jesus como é que podia um homem,
sendo já velho, nascer de novo,e se era necessário entrar novamente no útero
materno. Nas leituras da missa da vigília, e do domingo de Pentecostes
descobrimos que esse renascimento e essa renovação não dependem do homem, mas é
iniciativa de Deus. Quando celebramos Pentecostes estamos na verdade celebrando
o renascimento de todo gênero humano, a renovação de toda humanidade, onde o
homem, consciente e crente desta renovação, se une a seu Deus e aos irmãos em
comunhão perfeita, na Igreja, que é o Povo da Nova Aliança, a Assembléia ou a
reunião dos que crêem e vivem segundo o Espírito, vivenciando um amor que se
traduz em serviço, impelido pelos carismas.
Igreja não é um grupo fechado e particular que
têm exclusividade sobre o Espírito Santo, monopolizando seus dons e carismas, o
Espírito é derramado sobre todos e não canalizado para alguns em particular
como pensam algumas correntes religiosas. Todos os textos que ilustram essa
Festa de Pentecostes, da missa da Vigília e da própria Festa, não deixam margem
para dúvidas a esse respeito. “Derramarei o meu Espírito sobre todo ser humano”
– (Joel 3, 1) “todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em
outras línguas, conforme o espírito os inspirava. Moravam em Jerusalém, judeus
devotos de todas as nações do mundo, quando ouviram o barulho, juntaram-se á
multidão e cada um os ouvia falarem em sua própria língua” (Atos 2, 4-5)
Através do seu Espírito que é único, Deus se comunica com todos os homens no
pluralismo de valores, de culturas e religiões, em uma única linguagem!
No espírito descobrimos que somos todos iguais
embora queiramos parecer diferentes. Se atendêssemos aos apelos do Espírito,
derrubaríamos por terra todas as barreiras que nos separam e homens de todas as
nações, culturas e religiões, iriam se dar às mãos e em uma única voz cantariam
um único louvor, ao único e verdadeiro Deus, reunidos em uma única Igreja que
já não seria mais este ou aquele templo, esta ou aquela denominação religiosa,
mas sim as entranhas do homem. Eis aí algo esplendido que Pentecostes nos
revela: nascemos de novo e nos renovamos porque Deus em seu Espírito Santo,
entra em nós. “Nossos ossos estavam secos, nossa esperança havia acabado ,
texto que em Ezequiel 17, mostra não só a situação de um povo, que tinha
perdido a sua identidade de povo de Deus, mas da própria humanidade, que sem
Deus não consegue sonhar, ou esperar nada de bom, mas só tem pesadelos, e neste
mesmo texto vemos a maravilhosa profecia “Porei em vós o meu Espírito para que
vivais... e os anciãos voltarão a sonhar, e os jovens profetizarão” isso
significa que todos, jovens e velhos poderão esperar algo novo, uma nova e
feliz realidade.
Essa possibilidade se concretizou ao anoitecer
daquele dia, quando Jesus soprou sobre a comunidade dos discípulos,
concedendo-lhes o dom da paz e o seu próprio Espírito. Precisamente ali surgiu
a nova humanidade, em uma Igreja que na força do Espírito Santo perdeu o medo,
abriu suas portas que estavam fechadas e saiu em missão para anunciar a todos
os homens essa verdade, que o Espírito do Senhor nos renovou, que em todos os
homens, a graça é maior e mais abundante que o pecado. E quando todo homem
olhar para dentro de si e tomar consciência dessa verdade, de que é uma Igreja
ambulante porque o Senhor habita nele em Espírito, então passará a produzir os
frutos doces e saborosos da caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, lealdade e mansidão. Você já fez essa experiência? (Domingo de Pentecostes)
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