09 de junho - Evangelho - Mt 5,1-12a
O
chamado “Sermão da Montanha”, discurso inaugural do ministério público de
Jesus, se estende até ao capítulo 7 do Evangelho de S. Mateus. É o primeiro dos
cinco discursos que o evangelista distribui estrategicamente no seu livro.
Neste domingo simplesmente ficamos nas bem-aventuranças. O Evangelho deste domingo nos traz o Sermão da Montanha.
Falar dele em poucas palavras é uma missão bem difícil para mim, já que eu olho
para ele e vejo uma grande lição em cada versículo.
Sempre que o Sermão da Montanha é mostrado nos filmes,
Jesus está andando pelo meio da multidão e falando bem alto. Quando lemos no
Evangelho, descobrimos que não foi bem assim, como nos filmes. Na verdade,
Jesus olhou para a multidão, subiu o monte em silêncio, e sentou. Os discípulos
se aproximaram e sentaram perto d’Ele. Foi então que Jesus abriu a boca e
começou a ensinar-lhes. Então se os discípulos estavam perto, não havia por que
falar alto! Foi uma “aula particular” para os discípulos, e que deve ter sido
bem mais extensa do que as poucas linhas que ficaram registradas no livro de
Mateus.
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o
Reino dos Céus.” Quem são os “pobres de Espírito”? E por que é deles o Reino
dos Céus? Se alguém lhe perguntasse “de quem é o Reino dos Céus?” você
responderia “dos pobres de espírito”? Não? Nem eu. Por isso precisei pesquisar
outras traduções e estudar sobre o assunto para entender o que está escondido
nesse versículo… Pobre em espírito é aquele que tem o espírito vazio de si
próprio, a ponto de reconhecer sua pequenez e pedir humildemente que Deus ocupe
esse vazio do seu espírito. Não importa se a pessoa é rica ou pobre de
dinheiro, pois não é impossível para o pobre ser arrogante, nem para o rico ser
humilde. O Reino dos Céus é destas pessoas porque são estas que se permitem ser
preenchidas, no seu vazio, pelo próprio Deus. São estas pessoas que espalham as
sementes do Reino dos Céus em forma de Amor.
“Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.” Já
começo aqui lembrando que só se aflige quem se importa, quem se preocupa. Com
que/quem você se importa? Quem está aflito de verdade, chora. Como Jesus chorou
no Getsêmani. Você já chorou de arrependimento pelos seus erros? Pelas
dificuldades que você teve (ou está tendo) que enfrentar? Acredite: elas foram
ou estão sendo necessárias. Se Deus as permitiu, existe uma razão. Você pode
até não entender hoje, mas confie em Deus: depois de uma grande aflição, sempre
vem uma grande recompensa.
“Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.” O
verdadeiro manso é aquele que, mesmo tendo a possibilidade e a escolha de
aniquilar aqueles que se opõem a ele, escolhe a paciência. No entanto, o
verdadeiro manso não é passivo e indiferente ao que é errado, mas defende a
Verdade mesmo que isso lhe custe a vida. Nesse mundo cruel em que vivemos, o
normal é que os mansos sejam “engolidos” pelos violentos. Mas na lógica de
Jesus, quem vai “herdar a terra”, ou seja, quem vai permanecer no final de
tudo, são os mansos. Por quê? Porque os violentos matam-se uns aos outros.
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.” Aqui está implícito algo interessante: que neste mundo
a justiça é falha. Mas todos nós já ouvimos a expressão: “a justiça divina
tarda, mas não falha”. Alguém lhe caluniou? Alguém lhe trapaceou? Alguém lhe
condenou e castigou injustamente? Não se preocupe: mais cedo ou mais tarde,
essa pessoa terá de acertar as contas com Deus. E, sem sombra de dúvidas, irá
colher o que plantou.
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