Um profeta só não é estimado em sua pátria.
Jesus foi rejeitado em Nazaré, porque era de lá, e todos o conheciam
desde criança, e também a sua família. Nós também frequentemente fazemos esse
pecado de rejeitar nossos líderes cristãos locais e valorizar mais os que vêm
de fora.
“Jesus se admirou da incredulidade deles, e “ali não pôde fazer milagre
algum.” A graça de Deus depende da nossa abertura a ela e da nossa fé.
Os chefes judeus eram divididos em três grupos: fariseus, saduceus e
sacerdotes. Os fariseus colocavam sua segurança na Lei. Os saduceus colocavam
sua segurança no dinheiro; eram todos latifundiários. E os sacerdotes colocavam
a sua segurança no culto. Assim, nenhum deles precisava de profetas. O pior é
que essas mesmas tentações estão nos rodeando o tempo todo!
“Esse povo me procura só de palavra, honra-me apenas com a boca,
enquanto o coração está longe de mim. Seu temor para comigo é feito de
obrigações tradicionais e rotineiras” (Is 29,13). “Este povo me honra com os
lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mt 15,8).
“Na sua boca, tu (Senhor) estás presente, mas longe do coração” (Jr
12,2).
“Jesus admirou-se com a falta de fé deles.” A rejeição a um líder, só
porque é da própria cidade ou bairro, é sinal de falta de fé. Pensando bem, é
até preferível um líder cristão local, porque nos conhece, para falar o que
precisamos ouvir, e porque nós o conhecemos e unimos às suas palavras o seu
exemplo de vida. Também porque possibilita a continuidade na evangelização, já
que o líder está sempre presente ali.
Entretanto, na maioria das vezes a rejeição não é ao líder, mas à sua
mensagem. Se o profeta falasse o que o povo quer ouvir, ninguém o atacaria. É
mais fácil destruir o mensageiro do que acolher a mensagem.
“Eles roubam, matam... e depois se apresentam diante de mim no Templo,
dizendo: estamos salvos” (Is 1,11-15).
Se os destinatários do líder fossem santos, não precisariam dele. Por
isso, o líder deve continuar firme, confiando em Deus que sempre o protegerá.
“Se, quando éramos pecadores, fomos reconciliados com Deus, muito mais agora,
redimidos, seremos salvos” (Rm 5,10). Vamos imitar a Deus, amando os pecadores.
O profeta tem o dom de falar a palavra certa, na hora certa, para a
pessoa certa e do jeito certo. O profeta tem o dom de tocar na ferida, isto é,
falar aquilo que precisamos ouvir, não o que queremos ouvir. Por isso a sua
palavra às vezes dói em nossos ouvidos, mas nos liberta e nos faz felizes.
O profeta não se preocupa em agradar os ouvintes, mas em levá-los à
conversão e à felicidade plena. Ele tira todas as nossas seguranças e apoios.
Ficamos como Pedro andando sobre as águas.
Há muitos modos de perseguir um profeta ou líder: “Gelá-lo”; exagerar os
seus pontos fracos; torcer as suas falas, jogando-os contra o povo.
Recebemos no batismo, e principalmente na crisma, a missão de sermos
profetas. Nós a exercemos, ou não, todos os dias em nossos relacionamentos,
palavras e atitudes.
Certa vez, um professor mandou um aluno conjugar o verbo amar. Ele
conjugou direitinho, no presente, no passado e no futuro. Ganhou nota dez.
Na hora do recreio, aquele aluno brigou com um colega sem motivo e o
xingou de palavrão. O professor ficou sabendo e, depois do recreio, lhe disse:
“Vou diminuir a sua nota. Você conjuga bem o verbo amar, mas não o pratica”.
Quantas vezes nós fazemos isso, falando uma coisa e vivendo outra!
Maria Santíssima é Rainha dos profetas. Ela testemunhou a verdade com
atitudes e com palavras, especialmente no hino Magnificat. Que ela ajude a nós,
seus filhos e filhas, a cumprir bem a nossa missão de profetas.
Um profeta só não é estimado em sua pátria.
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