DIA 14 SEXTA - Evangelho
- Mc 7,31-37
Efatá é uma palavra chave na liturgia
deste domingo; palavra que o Senhor pronuncia hoje para todos e que tem, para
cada um de nós, uma ressonância pessoal. É fundamental que cada um de nós veja
e pense no conteúdo dela. Efatá, palavra dita pelo Senhor quando o mar se abriu para a
passagem dos escravos rumo à liberdade. “Efatá!”, disse Deus, e se abriram os
céus sobre o batismo de Jesus e sobre a humildade do seu batismo; e se abriu o
paraíso sobre a cruz de Jesus, e o paraíso ficou à mercê dos ladrões; e se abriram
os sepulcros, e os vencidos fugiram da morte. Dirigida agora para nós a fim de
que enxerguemos o caminho que nos conduz à Salvação eterna. Por isso, não diga
“Abrir-se-ão os olhos do cego e os ouvidos do surdo”. Mas que abrir-se-ão os
meus olhos e os meus ouvidos que estávamos fechados por causa da dureza do meu
coração, fruto do meu próprio pecado. Saiba que a palavra se cumpre hoje, a
profecia está se realizando neste evangelho. A promessa se torna realidade hoje
e agora, com Cristo e em Cristo na tua vida. Corra e vá atrás d’Ele. E se não
tens como peça a ajuda. Deixe-se ajudar. Não seja cabeça dura. Escute e siga as
orientações, os conselhos da tua esposa, do teu marido, dos teus pais e filhos.
Deixe de viver na noite e no mundo do erro, do pecado, da falsidade e da morte.
Ah padre, mas eu não sou surdo nem mudo.
Isso é ofensa. Eu digo que sim. Somos
surdos, por exemplo, quando não ouvimos o grito de ajuda que se eleva para nós
e preferimos pôr entre nós e o próximo o «duplo vidro» da indiferença. Os pais
são surdos quando não entendem que certas atitudes estranhas ou desordenadas
dos filhos escondem um pedido de atenção e de amor. Um marido é surdo quando
não sabe ver no nervosismo de sua mulher o sinal do cansaço ou a necessidade de
um esclarecimento. E o mesmo quanto à esposa. Estamos mudos quando nos
fechamos, por orgulho, em um silêncio esquivo e ressentido, enquanto talvez com
uma só palavra de desculpa e de perdão poderíamos devolver a paz e a serenidade
ao nosso lar. Os religiosos e as religiosas têm, no dia, tempos de silêncio, e
às vezes se acusam na Confissão, dizendo: «Quebrei o silêncio». Penso que às
vezes deveríamos acusar-nos do contrário e dizer: «Não quebrei o silêncio».
O que, contudo, decide a qualidade de uma comunicação não é
simplesmente falar ou não falar, mas falar ou não fazê-lo por amor. Santo
Agostinho dizia às pessoas em um discurso: É impossível saber em toda
circunstância o que é o justo que se deve fazer: se falar ou calar, se corrigir
ou deixar passar algo. Eis aqui então que se dá uma regra que vale para todos
os casos: «Ama e faz o que quiseres». Preocupa-te de que em teu coração haja
amor; depois, se falas, será por amor, se calas, será por amor, e tudo estará
bem porque do amor não brota mais que o bem.
As histórias de cura, envolvendo as multidões de excluídos,
carentes e adoentados, são a expressão da atenção especial de Jesus para com
estes pobres, em vista de restaurar-lhes a vida que é característica do Reino
de Deus. A proclamação final, “faz os surdos ouvirem e os mudos falarem”,
indica o cumprimento da profecia atribuída a Isaías aos exilados da Babilônia;
porém, agora, não restrita àquele povo que se julgava eleito, mas a todos os
povos da terra sem discriminações. Jesus vem libertar as maiorias empobrecidas
subjugadas pelas minorias que detêm o poder, resgatando a dignidade e a vida
neste mundo.
Por isso, meu irmão, minha irmã o segredo está em entrar em
comunhão com Cristo ressuscitado, tu que estavas morto, vês e escutas e entras
com Ele pelas portas abertas de Deus.
Ó Senhor tenho plena consciência de que Vossa voz ressoou no
deserto: “Efatá!”, para que do céu caísse como chuva o pão e da rocha jorrou
água. “Efatá!”, dissestes, e abristes, como que com uma faca, as águas do
Jordão, que se tornaram porta pela qual entraram vossos filhos à terra das
vossas promessas. Dignai-vos olhar para mim, para os meus olhos e ouvidos.
Impõe sobre mim as Tuas mãos e liberta-me, cura-me do egoísmo que impede a
comunicação com o meu próximo.
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