05 de Outubro - Sábado - Evangelho - Lc 10,17-24
Ficai alegres
porque vossos nomes estão escritos no céu.
Este Evangelho tem
três partes: o regresso dos setenta e dois, a alegria de Jesus e a felicidade
dos discípulos.
“Eles voltaram
muito contentes, dizendo: Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do
teu nome”. É a alegria do líder cristão, ao ver a conversão acontecer e as
pessoas que acolhem a Boa Nova ficarem mais felizes. Não existe alegria maior
do que possuir a graça de Deus.
“Jesus exultou no
Espírito Santo.” Nós queremos dar a Jesus a mesma alegria que ele sentiu, vendo
“Satanás cair do céu, como um relâmpago”, isto é, vendo o Reino de Deus já
atuante na terra, destronando definitivamente as forças do mal. Por isso,
“ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu”. Jesus se alegra
porque, pela força de Deus, as coisas se inverteram: agora são os pequeninos
que têm a primazia.
O Pai e Jesus
constituem uma unidade de amor e conhecimento mútuo, na qual são admitidos os
que se abrem a Deus com humildade e se abandonam nas suas mãos.
“Felizes os olhos
que vêem o que vós vedes!” Nós estamos incluídos nesses “felizes”, porque,
através do Espírito Santo, nós também conhecemos e experimentamos a Boa Nova de
Jesus triunfando sobre o mal. A história da humanidade tem duas partes bem
distintas: antes de Cristo e depois dele. Mas isso significa também uma
responsabilidade para nós: “Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas
e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20).
“Que Deus ilumine
os olhos de vosso coração, para que conheçais a esperança à qual ele vos
chamou, a riqueza da glória que ele nos dá em herança entre os santos, e a
extraordinária grandeza do poder que ele exerce” (Ef 1,18-19). “Os olhos de
vosso coração” nos lembra a bem-aventurança: “Felizes os puros de coração,
porque verão a Deus”. A fé e o amor são inseparáveis; quanto mais se ama, mais
se crê. O coração, isto é, o centro da pessoa, é o terreno onde pode enraizar a
semente do Reino.
Para isso,
precisamos ter os olhos do coração livres da miopia gerada pelo orgulho, pelas
paixões e ideologias. É por aí que os simples têm mais entendimento do que os
doutores e poderosos do mundo, inclusive, às vezes, mais que os teólogos.
“Eu te louvo, Pai,
porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos
pequeninos.” Quando líderes cristãos, humanamente incompetentes para a missão,
fazem maravilhas, aparece mais claro que é Deus que realiza, não o líder; este
é apenas um instrumento que Deus usa. E Deus gosta de usar instrumentos mais
fracos, porque assim fica claro que é ele que faz. Deus é poderoso para usar
qualquer instrumento para a conversão das pessoas. Ele já usou até animais,
como o caso da mula de Balaão (Cf Nm 22).
“Ninguém conhece o
Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” É Deus que
revela a Boa Nova aos que ouvem os líderes cristãos.
“Eu vos dei o poder
de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada
vos poderá fazer mal.” Deus nos defende dos malvados do mundo e de todos os
perigos que enfrentamos, no nosso trabalho de líderes cristãos. O discípulo e a
discípula de Jesus podem ficar tranqüilo, porque existe Alguém muito forte que
cuida deles.
Todos os cristãos e
cristãs somos missionários, cada um do seu modo. Existe um “toque de
compaixão”, despertado por Deus, que nos leva a sair do nosso mundinho e
evangelizar. Hoje as multidões são maiores que no tempo de Jesus, e a sede da
Boa Nova continua a mesma. Deus não toca diretamente no coração de ninguém; ele
quer fazer isso através de nós, que já fomos tocados por ele. Nós recebemos de
Jesus um tesouro de graças, que são os sacramentos, a Palavra de Deus, a vida
em Comunidade... Vamos aproveitar bem esse tesouro, não só para nós mesmos, mas
para enriquecer os outros.
Havia, certa vez,
um viúvo, cuja esposa tinha falecido a pouco tempo, e ele morava numa casa de
roça, junto apenas com seu filhinho de poucos meses de idade.
Ele tinha em casa
uma raposa que era sua amiga. Desde pequeninha, ele a trouxe para casa e era
tratada como animal de estimação. Ela fazia até as vezes de um cachorro,
ajudando a guardar a casa.
Ele saía cedo para
trabalhar na roça e todas as noites, quando voltava, a raposa ficava feliz com
sua chegada. Os vizinhos sempre o alertavam: “Cuidado! Raposa é um bicho
selvagem. Um dia ela pode sentir fome e comer a criança”. Mas ele respondia que
isso era uma grande bobagem, a raposa era sua amiga e jamais faria uma coisa
dessas.
Um dia, quando ele
chegava em casa, a raposa veio ao seu encontro, mal totalmente ensangüentada. O
homem suou frio. “Os vizinhos tinham razão, ela comeu o meu filhinho!” Mais que
depressa, com o machado que tinha na mão, matou a raposa.
Mas, ao entrar em
casa, qual não foi a sua surpresa: o filhinho estava no berço, dormindo, e, ao
lado do berço, uma a cobra morta!
Aquele senhor,
cheio de tristeza, pegou o cadáver da querida raposa e o enterrou, junto com o
machado que a matara. Em cima da cova, plantou uma árvore, que regava todos os
dias.
O homem foi
precipitado, deixando-se levar pelo primeiro impulso. Quantas lágrimas a
precipitação tem causado, tanto à pessoa como aos outros!
Os nossos
conhecimentos são limitados e podemos nos enganar. Daí a necessidade de nos apegarmos
com Deus, que nunca se engana, e de acolher e distribuir o grande tesouro que
seu Filho nos deixou, que chamamos de Boa Nova.
Maria Santíssima é
a grande missionária de Deus Pai, pela qual ele nos deu o seu Filho. Rainha dos
missionários, rogai por nós!
Ficai alegres
porque vossos nomes estão escritos no céu.
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