28 de Outubro - Segunda - Evangelho - Lc 6,12-19
Escolheu doze
dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos.
Hoje é com alegria
que nós celebramos dois Apóstolos: S. Simão e S. Judas Tadeu. Conforme o
evangelista S. Marcos (Mc 6,3), eles eram primos de Jesus.
S. Simão é natural
de Caná da Galiléia (Cf Mc 3,18). Ele pertencia ao partido político dos
Zelotas, que tinha por objetivo libertar o País dos romanos.
Jesus gostava desse
tipo de gente, mesmo que não concordasse às vezes com as idéias deles. Veja o
caso de S. Paulo, que era um jovem comprometido em acabar com os cristãos,
porque achava que isso era um bem. Sinal que ele era uma pessoa de ideal,
alguém que abraça uma causa e luta por ela.
O que Jesus
detestava eram essas pessoas sem posição, sem marca, sem identidade nem ideal,
que, nos conflitos, ficam em cima do muro. “Porque és morno, nem frio nem
quente, estou para vomitar-te de minha boca!” (Ap 3,16).
As pessoas amorfas
são presas fáceis da sociedade de consumo. Elas não têm opinião formada sobre
nada. Não são contra nem a favor, muito pelo contrário. Nós as chamamos de
maria-vai-com-as-outras.
Segundo a tradição,
S. Simão pregou o Evangelho no Egito, onde morreu mártir.
S. Judas é mais
conhecido nosso. É o “santo das causas difíceis”. Seu pai se chamava Tiago. Ele
pregou na Palestina, na Síria, na Mesopotâmia, na Armênia e na Pérsia. Foi
morto a machadadas. Por isso que é apresentado com uma machadinha ao lado.
O evangelista S.
João traz uma passagem onde aparece S. Judas: Disse Jesus: “Quem acolhe e
observa os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu
Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele. Judas (não o Iscariotes)
perguntou-lhe: Senhor, como se explica que tu te manifestarás a nós e não ao
mundo? Jesus respondeu: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o
amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,21-23). Está aí a
explicação por que as pessoas que desobedecem os mandamentos acabam se
desviando na fé. Deus só se manifesta aos que observam os seus mandamentos.
S. Judas tem uma
carta na Bíblia. É curtinha, tem apenas uma página, mas é riquíssima.
Ele cita, por
exemplo, a ganância: “Os gananciosos apascentam a si mesmos. Por isso, são como
nuvens sem água, que são levadas pelo vento; e como árvores frutíferas que não
dão fruto, e por isso são cortadas pelo agricultor. São também como as ondas
bravias do mar: fazem espumas bonitas, mas em poucos segundos acaba tudo. São
ainda como meteoros à noite no céu: brilham, mas logo depois volta a
escuridão”.
Veja outra passagem
da carta: “Rezem, e mantenham-se unidos no amor de Deus. Procurem convencer os
vacilantes. E não se deixem contaminar pelos maus costumes dos pagãos”.
E ele termina com
uma oração: “Ao Deus único, que nos salva por meio de Jesus Cristo, nosso
Senhor, glória, majestade, domínio e poder, desde antes de todos os séculos,
agora e por todos os séculos. Amém.”
O Evangelho de hoje
é próprio da festa. Ele narra o chamado de Jesus aos Apóstolos. O texto começa
dizendo: “Jesus foi à montanha para rezar, e passou a noite toda em oração a
Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze entre eles”.
Alguns discípulos
subiram com Jesus a montanha, outros ficaram na planície. Já foi uma
pré-seleção, que partiu dos próprios discípulos. Afinal, eles iam passar o
noite toda rezando, e isso não é fácil.
Eles fizeram, ao
mesmo tempo, oração e penitência, passando a noite acordados. No outro dia,
estavam preparados para ouvir Deus falar.
“Ao amanhecer,
Jesus chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome
de apóstolos”. A oração nos ajuda a fazer o que Deus quer.
Ao descerem da
montanha, viram “uma grande multidão”. Sinal que estava mesmo na hora de Jesus
arrumar auxiliares.
Certa vez, uma
sementinha se recusou a cair numa terra molhada, cheia de esterco e mal
cheirosa. Ela disse: “Eu não! Estou limpinha, bonitinha, agora cair no meio
deste esterco?”
A sua mãe, a flor,
lhe disse: “Filha, tenha coragem. Eu também era uma sementinha como você, e
olhe como sou bonita hoje. Isso porque eu tive coragem de ficar no meio da
terra molhada e cheia de esterco”.
Os primeiros passos
da nossa vocação são sempre difíceis, mas depois vem o prêmio de Deus por
atendermos ao seu chamado. E Jesus disse: “Eu estarei convosco todos os dias”.
Pronto, se ele está conosco, ele que é Deus, não precisa mais nada. A confiança
em Deus nos dá coragem para arriscar, e caminhar rumo ao invisível. Isso porque
Alguém, que nos ama, está vendo tudo.
Vamos apresentar a
Maria Santíssima e aos Apóstolos S. Simão e S. Judas as nossas causas difíceis,
e tudo o que precisamos, para que intercedam por nós.
Escolheu doze
dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos.
Padre Queiroz
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