27º DOMINGO DO TEMPO COMUM 06/10/2013
1ª Leitura Habacuc 1,
2-3.2-4
Salmo 94 (95), 7 “Quem dera
hoje ouvir a sua voz”
2ª Leitura 2Timóteo 1,
6-8.13-14
Evangelho Lucas 17, 5-10
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Eis um evangelho onde, se o
leitor não prestar muita atenção, irá pensar que são dois assuntos diferentes
que Jesus está tratando. Os apóstolos lhe fazem um pedido que nós todos sempre
fazemos: Para que Deus aumente a nossa Fé! Jesus acolhe o pedido mas vai lhes
dizer que “Se a Fé que eles tinham fosse
tão pequenina como o de um grão de mostarda, conseguiriam até arrancar uma
amoreira e fazê-la sozinha plantar-se ao mar”, ou seja, com um pouco se faz
muito além do que se pode.
Arrancar qualquer árvore
adulta, usando as próprias mãos, já requer um grande esforço, uma amoreira mais
ainda, pois sua raiz é grande e muito entrelaçada, exatamente como suas
ramagens se apresentam. Arrancá-la dando uma simples ordem verbal, sem por as
mãos, e ainda fazê-la plantar-se ao mar, ora, a amoreira teria que afundar,
atingir o solo do fundo do mar e penetrar na terra. Mesmo estando em um
contexto longe da narrativa do evangelho, do Jesus Histórico e seus seguidores,
a gente conclui que essa seria uma ação impossível humanamente falando.
Se a reflexão parasse por
aqui a conclusão seria essa: Os apóstolos não tinham nenhuma Fé, pois se
tivessem, poderiam fazer grandes proezas, como aquela que Jesus lhes propôs
como exemplo. Se a Fé fosse isso, seria tão bom para todos nós. Faríamos
grandes proezas e não passaríamos mais nenhuma necessidade. Essa é a Fé Mágica
que muitos querem ter pois sempre diante de algo difícil de se conseguir, não
falta quem diga “Você precisa ter mais Fé”
Mas a reflexão tem sequência
quando Jesus lhes fala da relação entre servo e seu Senhor. Mudou o assunto?
Não. Jesus agora irá aprofundar o ensinamento. Os apóstolos, embora seguidores
de Jesus, ainda não tinham conseguido mudar a mentalidade sobre o Messias e no
fundo pensavam como a Comunidade Judaica, principalmente os Fariseus e Doutores
da Lei, para os quais, Deus estava á sua inteira disposição, desde que
cumprissem toda Lei de Moisés, atendendo rigorosamente a todas as prescrições e
determinações. Com uma conduta e procedimento de um Justo, Deus era obrigado a
atendê-los concedendo todas as bênçãos e promessas feitas a Abraão e sua
descendência, pois tornavam-se merecedores.
Entre nós, quando alguém
recebe algum benefício, ou acontece algo de bom que vai lhe trazer vantagens,
principalmente financeiras e materiais, os mais próximos o saúdam e o
cumprimentam, dizendo “Olha, você merece!”. Essa mentalidade Farisaica perpassa
o tempo e o espaço, e ainda contamina
nosso coração diante de Deus, pois, quando peco mereço o castigo, quando me
confesso e procuro viver bem, na Graça de Deus, então sou merecedor das bênçãos
e do Céu , que um dia Deus me dará, porque sou realmente muito bom, como
Cristão.
Fé consistente, não é aquela
que faz coisas prodigiosas, sem explicação, mas sim aquela que consegue
transformar a nossa mentalidade religiosa, e consequentemente a nossa relação
com Deus! Algo tão difícil como arrancar uma amoreira com raiz e tudo e fazê-la
plantar ao mar...Os Dons maravilhosos que o Senhor nos concede, são todos
imerecidos.Um coração contaminado pelo orgulho, vaidade e prepotência, nem
sempre aceita o que é de graça, porque isso seria reconhecer a superioridade de
quem nos concede, por isso os pobres e pequenos sempre foram os preferidos de
Deus. De igual forma os que se julgam pecadores e estão afastados da
comunidade, em geral estão sempre abertos para essa experiência impar com a
gratuidade do grandioso Amor Divino , que na sua Graça nos transforma por
inteiro, arrancando de nosso coração as raízes entrelaçadas de pensamentos
egoístas, que nos impedem de nos abrir á Deus.
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