07 de Outubro - Segunda- Evangelho - Lc 1,26-38
Alegra-te, cheia de
graça, o Senhor está contigo!
Hoje é com
muita alegria que nós celebramos a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa
Senhora. O Evangelho narra a cena da Anunciação, em que o anjo Gabriel lhe
fala: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”
Deus quis que uma
mulher contribuísse bem de perto na redenção da humanidade, já que uma mulher,
Eva, havia contribuído no pecado. E a mulher que Deus escolheu não podia ser
vítima de pecado, pois seria um sinal de fraqueza de Deus, diante das forças do
mal. Como Davi venceu o gigante Golias (1Sm 17,49), Jesus derrotou o tentador.
Não só derrotou, mas arrasou com ele completamente. Nem junto à sua mãe ele
teve vez. Após o dilúvio, uma pomba trouxe em seu bico um raminho verde para
Noé (Gn 8,11). Aquela pomba não estava suja de barro, ela não fora atingida
pelo dilúvio.
Nós também somos
chamados a colaborar na redenção. Deus não gosta de gente manchada, suja. Como
podemos anunciar a vitória de Cristo, se até nós, os anunciadores, somos vítima
do tentador? Pecadores todos nascemos. Mas temos condições de nos purificar,
usando os meios que Jesus nos deixou, entre os quais se destaca a Igreja, da
qual Maria é Mãe. Assim, tirando a trave do nosso olho, temos condições de
tirar o cisco que está no olho do nosso irmão.
A concepção
imaculada de Maria nos mostra que Deus não quer conviver com pecado. Ele quer o
pecado longe dele. Ele nos suporta, quando pecamos, mas não queria isso, como
qualquer pai que não quer ver o filho ou filha no caminho errado. Como podemos
dizer a Deus: “Senhor, eu vos amo sobre todas as coisas”, e depois viramos as
costas e já começamos a colocar outras coisas acima dele? Por isso que Deus
fala na Bíblia: “Estou para vomitar-te da minha boca” (Ap 3,16).
A Imaculada
Conceição foi um fruto antecipado da redenção realizada por Jesus, o seu Filho.
E o fato de ela ter sido isenta do pecado, já na sua concepção, mostra que a
força da graça redentora supera infinitamente a força do pecado. “Onde abundou
o pecado, superabundou a graça” (Rm 5,20).
“Quando éreis
escravos do pecado, praticáveis ações das quais hoje vos envergonhais. Agora,
porém, libertados do pecado e como servos de Deus, produzis frutos para a vossa
santificação, tendo como meta a vida eterna. Com efeito, a paga do pecado é a
morte, mas o dom de Deus é a vida eterna no Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm
6,20-23). Antes, quando reinava o pecado, o carro estava na frente dos bois, e
dava tudo errado. Cristo veio, colocou os bois na frente do carro, e na direção
certa, que é a nossa felicidade.
Deus realizou
plenamente a redenção na Mãe do seu Filho, para nos mostrar o que ele quer de
todos nós. Ela se tornou assim a estrela da esperança, que nos anima a sempre
nos levantar a caminhar.
Santo Agostinho,
quando estava mergulhado no pecado, leu, por sugestão de sua mãe, muitas
biografias de santos. Um dia ele disse para si mesmo, em latim, que era a sua
língua: “Potuerunt ii, potuerunt ee; cur non tu, Agostiné?” Em português é:
“Puderam estes, puderam aquelas, por que não tu, Agostinho?” Impulsionado por
este lema, venceu.
Daqui a exatamente
nove meses, celebraremos o nascimento de Maria. Rezemos, neste tempo, pelos
nascituros, a fim de que sejam protegidos por suas mães.
Havia, certa vez,
um rapaz que trabalhava no centro de uma cidade grande e morava na periferia.
Numa tarde, ao
voltar para casa, enquanto atravessava um bairro de classe alta, viu numa
lixeira uma caixa preta, parecida com caixa de sanfona. Ficou curioso, abriu a
caixa, era mesmo uma sanfona! E estava boa de tudo. Tocava direitinho.
Ele se lembrou de
um vizinho, que sabia tocar sanfona e não possuía o instrumento, e levou-a para
ele. O vizinho se alegrou com o presente, e começou a tocar belas canções. A
casa toda se alegrou. Até algumas crianças apareceram na porta.
À noite, algumas pessoas
se reuniram na casa, e foi aquela festa. Daí para frente, de vez em quando o
tocador de sanfona era chamado, seja para tocar em festinha de aniversário, em
reza, até na Santa Missa. A sanfona tornou aquele bairro mais alegre.
A sanfona
representa a graça de Deus, que une as pessoas e alegra o ambiente. O rapaz que
a achou somos nós que recebemos a graça no batismo, e a levamos a outros.
Muitos jogam no
lixo a graça batismal, e vivem tristes por aí, procurando a felicidade na
riqueza, no prazer, no poder etc. Nós não queremos ser assim.
Uma pergunta: com
qual desses personagens você mais se identifica? Com o rapaz? Com o homem que
ganhou a sanfona? Com os vizinhos que acorreram, ao som da sanfona? Ou com
aquele ou aquela que a jogou no lixo?
Nossa Senhora da
Conceição, rogai por nós!
Alegra-te, cheia de
graça, o Senhor está contigo!
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