29ºDOMINGO DO TEMPO COMUM
1ª Leitura Êxodo 17, 8-13
Salmo 120(121),2 O meu
socorro virá do Senhor, Criador do céu e da terra- Diác. José da Cruz
2ª Leitura 2 Timóteo
3,14-4.2
Evangelho Lucas 18, 1-8
Já vi escrito em muito
pára-choque de caminhão, que “O pobre vive de teimoso”, uma frase que embora
irônica tem um fundo de verdade, pois teimosia nesse caso, é sinônimo de
perseverança, paciência e esperança, virtudes que são na verdade o tempero da
nossa fé, porque a fé que não persevera, que não é paciente e não traz no
coração a esperança, é morta, pois segundo São Tiago, a Fé deve ser sempre
vivenciada e transformada em obras. No olhar do pobre encontramos um brilho de
esperança, basta ver as filas em busca de algum benefício nos bancos ou em
repartições públicas, ou até mesmo em fila de liquidação nas grandes lojas, o
pobre é capaz de varar o dia, a noite e a madrugada, para guardar um lugar,
sempre esperançoso de alguma melhora ou benefício
Não se quer dizer que estas
virtudes sejam exclusivas do pobre, mas é que o rico não tem muita paciência e
perseverança e nem seria necessário, uma vez que o dinheiro compra tudo nesta
vida, fazendo com que o rico coloque toda sua segurança em seu patrimônio e no
dinheiro e portanto, essas virtudes sempre nascem e são cultivadas no coração
do pobre por causa da sua necessidade, que o leva a pedir. É esse o caso dessa
viúva que aparece no evangelho desse domingo, pois naquele tempo não havia leis
que protegiam e davam garantias à mulher, no caso do falecimento do esposo e a
viuvez, junto com a orfandade, era sinônimo de desamparo e abandono, já que o
parente mais próximo do falecido, apossava-se de todos os seus bens sobrando
para a viúva a triste sina de viver de esmola, pois a mulher não tinha direito
de propriedade.
Na lógica humana a viúva não
tinha outra alternativa se não a de resignar-se com a sua sorte, pois o juiz
dificilmente iria lhe fazer justiça, já que a corda sempre arrebenta do lado
mais fraco. Conformismo e resignação parecem fazer parte da índole do nosso
povo, que deixa o destino da nação nas mãos de certos homens inescrupulosos,
sem se importar com os rumos da política ou da economia, tornando-se uma
perfeita “Vaquinha de presépio”, engolindo tudo que é sapo, ignorando a sua
cidadania e seus direitos essenciais. Mas não é esse o caso da viúva, ela não
se conformou com o abandono e a exploração da quais as viúvas eram vítimas e
resolveu “virar a mesa” indo à luta por aquilo que considerava justo. Não se
sabe quantas vezes ela bateu à porta desse juiz, mas a se julgar pelo temor do
magistrado, não deve ter sido só duas ou três e nem foi tão pacífica assim.
Claro que exercício de cidadania não deve ser confundido com arruaça e
vandalismo
Os maus governantes sempre
tremem na base, quando o povo toma consciência de seus direitos e vai à luta
por eles, foi o que aconteceu com esse juiz, que não temia a Deus e nem
respeitava homem algum, mas que diante da insistência e da teimosia da mulher,
acabou cedendo e atendeu o seu desejo fazendo-lhe justiça contra seu
adversário, que certamente queria ficar com seus bens. O evangelho nos mostra a
qualidade da verdadeira oração, que não pode ser “imediatista” e onde se quer
que Deus atenda o pedido “pra ontem”, as demoras de Deus requer do verdadeiro
crente a paciência e confiança.
A oração também não deve ser
uma forma de se forçar Deus a fazer a nossa vontade, realizando coisas, ou
consertando certas situações que são de nossa única responsabilidade. A viúva
soube unir oração e ação, com uma fé consciente e responsável, que crê,
persevera, insiste, persiste, espera e vai à luta, para mudar o placar adverso
Deus é a força e a teimosia do pobre pois ouve sempre seu clamor e
jamais deixará de atendê-lo. Aquela fé mágica e comodista, de quem só quer
vento a favor e espera sempre um milagre de Deus, sem mover uma só palha, é uma
fé que nada constrói e nem agrega nessa vida: QUEM SABE FAZ A HORA, NÃO ESPERA ACONTECER!
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