Dia: 06/02/2013
Mc 6,1-6
Um profeta só não é estimado em sua
pátria.
Jesus foi rejeitado em Nazaré, porque
era de lá, e todos o conheciam desde criança, e também a sua família. Nós
também frequentemente fazemos esse pecado de rejeitar nossos líderes cristãos
locais e valorizar mais os que vêm de fora.
“Jesus se admirou da incredulidade
deles, e “ali não pôde fazer milagre algum.” A graça de Deus depende da nossa
abertura a ela e da nossa fé.
Os chefes judeus eram divididos em
três grupos: fariseus, saduceus e sacerdotes. Os fariseus colocavam sua
segurança na Lei. Os saduceus colocavam sua segurança no dinheiro; eram todos
latifundiários. E os sacerdotes colocavam a sua segurança no culto. Assim,
nenhum deles precisava de profetas. O pior é que essas mesmas tentações estão
nos rodeando o tempo todo!
“Esse povo me procura só de palavra,
honra-me apenas com a boca, enquanto o coração está longe de mim. Seu temor
para comigo é feito de obrigações tradicionais e rotineiras” (Is 29,13). “Este
povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mt 15,8).
“Na sua boca, tu (Senhor) estás
presente, mas longe do coração” (Jr 12,2).
“Jesus admirou-se com a falta de fé
deles.” A rejeição a um líder, só porque é da própria cidade ou bairro, é sinal
de falta de fé. Pensando bem, é até preferível um líder cristão local, porque
nos conhece, para falar o que precisamos ouvir, e porque nós o conhecemos e
unimos às suas palavras o seu exemplo de vida. Também porque possibilita a
continuidade na evangelização, já que o líder está sempre presente ali.
Entretanto, na maioria das vezes a
rejeição não é ao líder, mas à sua mensagem. Se o profeta falasse o que o povo
quer ouvir, ninguém o atacaria. É mais fácil destruir o mensageiro do que
acolher a mensagem.
“Eles roubam, matam... e depois se
apresentam diante de mim no Templo, dizendo: estamos salvos” (Is 1,11-15).
Se os destinatários do líder fossem
santos, não precisariam dele. Por isso, o líder deve continuar firme, confiando
em Deus que sempre o protegerá. “Se, quando éramos pecadores, fomos
reconciliados com Deus, muito mais agora, redimidos, seremos salvos” (Rm 5,10).
Vamos imitar a Deus, amando os pecadores.
O profeta tem o dom de falar a
palavra certa, na hora certa, para a pessoa certa e do jeito certo. O profeta
tem o dom de tocar na ferida, isto é, falar aquilo que precisamos ouvir, não o
que queremos ouvir. Por isso a sua palavra às vezes dói em nossos ouvidos, mas
nos liberta e nos faz felizes.
O profeta não se preocupa em agradar
os ouvintes, mas em levá-los à conversão e à felicidade plena. Ele tira todas
as nossas seguranças e apoios. Ficamos como Pedro andando sobre as águas.
Há muitos modos de perseguir um
profeta ou líder: “Gelá-lo”; exagerar os seus pontos fracos; torcer as suas
falas, jogando-os contra o povo.
Recebemos no batismo, e
principalmente na crisma, a missão de sermos profetas. Nós a exercemos, ou não,
todos os dias em nossos relacionamentos, palavras e atitudes.
Certa vez, um professor mandou um
aluno conjugar o verbo amar. Ele conjugou direitinho, no presente, no passado e
no futuro. Ganhou nota dez.
Na hora do recreio, aquele aluno
brigou com um colega sem motivo e o xingou de palavrão. O professor ficou
sabendo e, depois do recreio, lhe disse: “Vou diminuir a sua nota. Você conjuga
bem o verbo amar, mas não o pratica”.
Quantas vezes nós fazemos isso,
falando uma coisa e vivendo outra!
Maria Santíssima é Rainha dos profetas.
Ela testemunhou a verdade com atitudes e com palavras, especialmente no hino
Magnificat. Que ela ajude a nós, seus filhos e filhas, a cumprir bem a nossa
missão de profetas.
Um profeta só não é estimado em sua
pátria.
Padre Queiroz
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