27/02/2013
Mt 20,17-28
Eles o condenarão à morte.
Este Evangelho traz para nós a
declaração clara que Jesus fez aos seus discípulos sobre tudo o que ia
acontecer com ele em Jerusalém: as acusações falsas, as torturas e a morte.
Isso para que eles não tivessem ilusões a respeito do Mestre que seguiam.
Apesar disso, a mãe dos Apóstolos João e
Tiago, fez a Jesus o seguinte pedido: “Manda que estes meus dois filhos se
sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda!” Era um desejo
de honra, que a mãe e os dois filhos tinham. E o Evangelho fala que os outros
dez, ao ouvirem isso, ficaram irritados contra João e Tiago. Sinal que o mesmo
desejo estava no coração de todos os doze: viam a participação no Reino de Deus
como espaço para honras, glórias e destaque sobre os que não participavam.
Esse era o pensamento de todos os judeus
a respeito do Reino de Deus; esperavam um Messias político, com poder e Reino
temporal. Essa idéia estava também nos doze. Por isso lhes escapou
completamente o que Jesus lhes acabara de anunciar sobre a sua paixão e morte
humilhantes, embora coroadas com a glória da ressurreição. De fato, depois do
que Jesus falou, não tinha cabimento pedir honras nesse Reino do Messias. Mas
eles não haviam entendido nada, e o seu pensamento estava todo voltado para a
ambição. Teriam, portanto, de aprender ainda muito.
Jesus não perde a oportunidade para catequizar
os doze, futuros guias e pilares da Igreja: “Quer quiser tornar-se grande,
torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo”.
Na Comunidade cristã, a autoridade, e
mesmo a fraternidade, devem ser sinônimos de serviço. No grupo dos seguidores
de Cristo, não tem cabimento o domínio, o autoritarismo, a ambição e o desejo
de poder. Isso fica para os “chefes das nações” e seus grupos.
Na verdade, Jesus não condena a
autoridade nem o desejo de ser o primeiro; o que ele faz é inverter o modo de
exercer a autoridade e de ser o primeiro, passando de dominar os subordinados
para servi-los. A própria sociedade civil tem esse desejo, que está incrustado
na palavra democracia, que significa governo do povo pelo próprio povo.
E Jesus apresenta como exemplo a si
mesmo: “Pois o Filho do Homem não veio para servido, mas para servir”. Quando
participamos da Eucaristia e recebemos a Comunhão, estamos assumindo em nós a
vida de Cristo, os seus critérios e este seu modo de viver em sociedade, na esperança
de chegarmos assim à ressurreição.
Campanha da fraternidade. A sociedade é
fruto da descoberta do homem de que, sozinho, não consegue satisfazer suas
necessidades: alimentação, vestuário, moradia etc). Mas o acúmulo de bens gera
relações de poder e manipulação de pessoas, e o bem pessoal é tido como mais
importante que o bem comum. Assim, a convivência ficou perigosa, pois o “outro”
passou a significar ameaça à satisfação dos interesses individuais.
A sociedade tornou-se insegura, tanto em
relação a outros grupos sociais a ameaça externa – como em relação à
convivência de seus próprios membros – ameaça interna. Existem inúmeros bairros
de cidades grandes no Brasil em que padarias e mercadinhos têm grades na frente
e os objetos são vendidos pelos buracos das grades. Mas há pessoas que rompem
esse medo e até saem de casa deixando sua casa aberta.
Havia, certa vez, dois burrinhos que
estavam amarrados um ao outro por uma corda. Eles estavam num curral, no qual
havia dois feixes de capim.
Mas a distância entre os feixes era
maior que a corda! Então eles ficavam forçando a corda, cada um querendo se
aproximar do seu feixe de capim.
Até que, cansados, resolveram juntos
comer um dos feixes e depois, também juntos, comer o segundo feixe.
É preferível o bom, unidos, do que o
ótimo, desunidos. É a humildade que nos leva a trabalhar juntos, formando
equipes, pastorais e ministérios. E é nas reuniões que planejamos a nossa
caminhada juntos.
Nós não somos mais fortes que Jesus, que
gemeu no Jardim das Oliveiras. Que Maria Santíssima nos ajude a seguir o seu
Filho integralmente.
Eles o condenarão à morte.
Padre Queiroz
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