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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Se cada um não perdoar a seu irmão, o Pai não vos perdoará. Padre Queiroz


5 DE MARÇO
Mt 18,21-35

Se cada um não perdoar a seu irmão, o Pai não vos perdoará.
Este Evangelho nos trás a parábola do empregado cruel que, mesmo sendo perdoado de uma enorme dívida pelo rei, não perdoou ao colega que lhe devia uma bagatela.
A parábola é uma resposta de Jesus à pergunta de Pedro: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus responde: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Quer dizer: devemos perdoar sempre, sem limites.
O perdão fraterno é ilimitado; é a única maneira de romper a espiral do ódio e da vingança. A razão principal desse perdão é o perdão de Deus a nós, que é sem limites. O empregado que deve uma soma fabulosa ao seu rei, uma vez perdoado completamente pelo rei-Deus, deveria perdoar por sua vez ao companheiro que lhe deve apenas algumas moedas e pede um prazo para pagar. Ao negar o pedido, ele mesmo se condenou e perdeu o perdão que o rei lhe havia dado.
“Perdoai-nos como nós perdoamos.” O nosso perdão ao próximo é o parâmetro que Deus usa para nos perdoar ou não. Ao saber disso, nos dá vontade de sair por aí perdoando todo mundo, pois todos somos pecadores e queremos o céu, queremos o perdão de Deus!
O discípulo de Cristo experimenta todos os dias a sua bondade, o seu perdão; deve tratar o próximo igualmente. Devemos sempre ver o lado bom do próximo, e não julgá-lo, pois a Deus pertence o julgamento. Quem nos dá o exemplo é o próprio Cristo, que morreu perdoando aos que o crucificavam.
A Bíblia está cheia de exemplos de perdão: Davi perdoa Saul, José perdoa seus irmãos, Estevão perdoa seus carrascos...
“Aquele a quem menos se perdoa, ama menos” (Lc 7,47). Por outro lado, quando perdoamos alguém, a pessoa sente vontade de levar para frente o gesto, perdoando a outro. Quem perdoa torna-se ponte de união entre as pessoas. Quando recebemos o perdão de Deus na Confissão, devíamos sair perdoando também a todos e todas.
“Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho?” (Mt 7,3). É importante darmos o primeiro passo, perdoando, como Deus deu o primeiro passo nos perdoando em Cristo.
São sérios pontos de exame para um dia de quaresma, que nos pressiona à conversão.
Campanha da fraternidade. Nas camadas dominantes da sociedade, é comum se ouvir frases do tipo: “O problema do crime é a falta de repressão”, “Pobre é pobre porque não se esforça”, “É preciso construir mais cadeias”... Já entre os excluídos se ouvem frases do tipo: “O problema do crime é a fome e a miséria”, “O criminoso é uma vítima da sociedade.”
No que diz respeito à localização geográfica, não é diferente. Aqueles que vivem em lugares privilegiados costumas apresentar seu discurso a partir do princípio da exclusão, em vista do afastamento da ameaça, por exemplo: “É preciso remover as favelas para bem longe”; “Bandido tem que morrer”; “O Brasil precisa da pena de morte”; “É precisa dar mais força à polícia”... Já os que vivem nas favelas e periferias pobres possuem outro discurso, em que transferem a responsabilidade do pessoal para o social, por exemplo: “O crime é fruto do capitalismo selvagem”; “O jovem comete crimes por problemas familiares”...
“A paz é fruto da justiça” (Is 32,17). Todo ato de injustiça e desamor é pecado e fonte de violência. A violência sempre aparece quando é negado à pessoa aquilo que lhe é de direito a partir de sua dignidade ou quando a convivência humana é direcionada para o mal. A violência nega a ordem querida por Deus.
Havia, certa vez, nos primeiros séculos da Igreja, um mosteiro masculino, em cima de uma colina. Eram monges pobres, mas tinham lá uma obra de valor altíssimo. Era um livro, escrito em pergaminhos, em três volumes. O único exemplar daquele livro no mundo. Pessoas de longe iam ao mosteiro para ver a obra, e deixavam ofertas para os pobres monges. Com isso, eles viviam.
Um dia, um ladrão entrou no mosteiro, pegou dois daqueles rolos e foi-se embora. Os monges avisaram o abade. Este pegou o rolo que ficou e saiu correndo atrás do ladrão. Quando o encontrou, explicou-lhe: “Filho, você está levando uma obra de altíssimo valor. Mas sem este volume aqui, esses dois aí perdem o valor. Ou você me dá esses rolos, ou leva também este aqui”.
O ladrão disse: “Eu peguei porque estou precisando de dinheiro”. “Eu dou dinheiro para você”, disse o abade. “Mas se você quiser levar os três volumes, estamos em paz.” O ladrão preferiu o dinheiro e continuou o seu caminho.
Dias depois, o ladrão voltou ao mosteiro, quis falar com o abade e pediu para ser monge. Ele disse ao abade: “Eu nunca encontrei alguém que me compreendesse e que dissesse para mim: “Estamos em paz”.
Rainha da paz, rogai por nos!
Se cada um não perdoar a seu irmão, o Pai não vos perdoará.
Padre Queiroz

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