01/03/2013
Mt 21,33-43.45-46
Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo!
Este Evangelho traz para nós a parábola
dos vinhateiros homicidas. Ela é um compêndio da história da salvação humana
por Deus, desde a sua aliança com o povo eleito, Israel, até à fundação da
Igreja por Jesus, como novo povo de Deus, passando pelos profetas e o próprio
Cristo, que inaugurou o Reino de Deus e foi constituído sua pedra angular,
mediante o seu mistério pascal de morte e ressurreição.
A vinha é Israel, o dono é Deus, os
arrendatários são os chefes do povo judeu, os empregados são os profetas, o
filho morto é Jesus Cristo e a entrega da vinha a outros será a admissão das
nações pagãs no Reino de Deus.
A reação dos sumos sacerdotes e dos
fariseus, querendo prender Jesus, mostra já em ação o que Jesus anuncia na
parábola. À medida que avançamos para a Páscoa, vai adquirindo relevo o
mistério da morte e ressurreição de Cristo, o Filho de Deus feito homem.
A parábola realça dois momentos altos da
história da salvação: Cristo e a Igreja. A referência a Cristo é patente em
dois detalhes da parábola:
1º) “Agarraram o filho, jogaram-no para
fora da vinha e o mataram.” É uma alusão à morte de Jesus fora dos muros de
Jerusalém.
2º) “A pedra que os construtores
rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é
maravilhoso aos nossos olhos” (Jesus, citando o Sl 118,22). Esta passagem é
preferida no Novo Testamento para se referir a Cristo, o Senhor ressuscitado e
glorificado (At 4,11; 1Pd 2,4ss).
A referência à Igreja está
principalmente na frase de Jesus: “O Reino de Deus vos será tirado e será
entregue a um povo que produzirá frutos”. Também a vinha, que começou
representando Israel e conclui significando a Igreja, novo Povo de Deus.
A advertência a nós é clara: A
Comunidade cristã, novo Povo de Deus a quem Deus confiou a vinha, deve produzir
frutos. A oração, o jejum e a caridade que praticamos de modo especial na
quaresma, devem ter por objetivo produzirmos bons frutos, a fim de não frustrar
as esperanças que o Senhor pôs em nós. A colheita é agora, o kairôs, tempo novo
de graça e de passagem de Deus pela nossa vida.
A nossa eleição como povo consagrado não
deve ser motivo de orgulho, e sim de fértil responsabilidade cristã.
Certa vez, uma coordenadora de
Comunidade foi muito humilhada numa reunião. Coisas que ela não merecia. Eram
pessoas invejosas que a humilharam.
Terminada a reunião, uma amiga a
procurou e disse: “Admiro a sua calma. Se fosse eu, não agüentaria aquilo
tudo”.
A coordenadora respondeu: “Iii, fulana!
Aqueles nossos irmãos e irmãs, por mais que me rebaixem, ainda me deixam muito
acima do que mereço. Tenho muito mais defeitos que eles não citaram!”
Bonito e exemplo, não? Nós, o novo Povo
de Deus ao qual ele confiou a sua vinha, continuamos sendo humilhados e
rejeitados pelo mundo pecador, como foi Jesus. Se Jesus, o próprio Filho de
Deus encarnado, suportou tudo com humildade, quanto mais nós pecadores, que não
merecemos pertencer à nova Vinha do Senhor.
Maria Santíssima é a nova Vinha do
Senhor, que produziu para nós o melhor fruto: o seu Filho Jesus. Que ela nos
ajude a produzir frutos agradáveis a Deus.
Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo!
Padre Queiroz
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