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domingo, 10 de fevereiro de 2013

“Quando jejuardes, não fiqueis de rosto triste” – Nancy



Dia 13


            O evangelho de hoje vem nos falar dos rituais prescritos no Antigo Testamento, cumpridos obrigatoriamente pelo povo de Israel, enfatizando a oração, o jejum e a caridade. Esta última compreendida como o dar esmola, e todas essas práticas ritualísticas contempladas também no Novo Testamento como princípios de vida cristã.
            Jesus, no entanto, ao dirigir-se aos seus discípulos, tem o cuidado de alertá-los acerca da importância da discrição. Mas, o que seria discrição aos olhos do Pai? – perguntamos.
            São Mateus aborda a atitude discreta em todo o corpo do texto deste evangelho, quando nos acena para que não queiramos aparecer aos olhos dos outros, de forma que todos fiquem sabendo das caridades que praticamos, dos bens que dispusemos em prol dos irmãos necessitados, da fome que saciamos no outro, entre tantas boas ações inseridas no rol das práticas religiosas.
            Ter discrição é ser reservado, modesto, sensato. É uma atitude daqueles que fazem algo por amor, por missão, pela busca da justiça e maior equidade social, sem necessidade de tocar a trombeta. Discrição é uma atitude virtuosa de fazer desinteressadamente, sem buscar mérito, prêmios ou honrarias. Por isso Jesus dizia:"Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita, de modo que tua esmola fique escondida."
            No entanto, ser discreto pode soar como alguma coisa fora de moda nesta contemporaneidade. "Hoje os tempos são outros" – muitos dirão. Vivemos o tempo do toma cá, dá cá! Tempos de troca de favores, como se os direitos humanos apenas existissem para adornar o papel – mero texto legislativo constitucional. 
            Tal como uma criança que está em fase de formação e precisa ser ensinada, educada para ter boas maneiras, e ser um verdadeiro cidadão, Jesus também fazia recomendações aos seus discípulos com uma lista de "NÃOS" essenciais. Vejamos:
"NÃO pratiqueis vossa justiça na frente dos outros, só para serdes notados."
"NÃO mandes tocar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas."
"NÃO saiba tua mão esquerda o que faz a direita, de modo que tua esmola fique escondida."
"NÃO sejais como os hipócritas, que gostam de orar nas sinagogas e nas esquinas das praças, em posição de serem vistos pelos outros."
"Quando jejuardes, NÃO fiqueis de rosto triste como os hipócritas."
            E resumindo Jesus afirmava: "E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa."
            Como são claras as palavras do Mestre, bem como o seu exemplo em tudo o que pregava e aconselhava. Para ELE não valia a lei do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço." Ao contrário, era exemplo de vida, aquilo que falava estava coerente com aquilo que praticava, cotidianamente.
            Vivemos num século conturbado onde a inversão de valores é aceita como um processo natural do desenvolvimento tecnológico, científico, cultural etc. e tal...  E mostrar-se caridoso, empreendedor de projetos sociais que atendam aos carentes e excluídos da sociedade, declarar-se o Pai dos pobres tornou-se mote de muitos homens que agem com segundas intenções. Infelizmente, isso denigre a imagem de outros que o fazem com modéstia, para dar testemunho verdadeiro da responsabilidade social que lhe é inerente, ou mesmo por amor ao simples ato de servir.  
            Ora, ora! Abaixo os hipócritas, os enganadores de carteirinha, aqueles que usam do poder, do dinheiro, da posição social que ocupam para manipular pessoas. Afinal, há valores que são imutáveis. Não dá para viver e conviver sem o respeito, a partilha, a fraternidade, o diálogo... Não dá para ser autoridade, importante e poderoso aos olhos dos homens, mas pequeno, reles, pífio diante de Deus, que nos sonda, nos conhece, perscruta a nossa alma, ausculta o nosso coração como um bom médico dedicado a descobrir e curar os males que nos afligem.
            Peçamos que Espírito Santo desça sobre cada um de nós, com força e vigor suficientes de maneira a nos inspirar à oração, à partilha e ao jejum, não como obrigação humana, simplesmente, mas como momento oportuno e precioso de comunhão com a Santíssima Trindade. Amém!
Abraços fraternos, com carinho.
Nancy – professora

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