Dia 11
"Discordo
daquilo que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de o dizeres."
(Voltaire)
Jesus realizou este início dos sinais em Caná da Galiléia.
Este Evangelho, das Bodas de Caná, nos trás dois ensinamentos: Um
cristológico, referindo-se a Jesus que realiza o milagre de converter a água em
vinho; e um mariológico, baseado na intervenção suplicante de Maria.
“Este foi o início dos sinais de Jesus... Manifestou a sua glória e seus
discípulos creram nele.” O evangelista chama o milagre de sinal porque é uma
manifestação de Jesus, pela intercessão da sua mãe Maria; e porque é um anúncio
do banquete do Reino de Deus, em que haverá do vinho da salvação, “sangue da
nova e eterna Aliança”.
Está presente também a imagem do casamento como símbolo da Aliança de
Deus com o povo. “Como a noiva é alegria do noivo, assim também tu és a alegria
de teu Deus” (1ª Leitura).
A intervenção de Maria, antecipando a “hora” de Jesus, isto é, a
manifestação de sua glória através de milagres, destaca a solicitude maternal
de Maria que se mostra sensível às necessidades do próximo. Mostra também a
força intercessora de Maria junto a Jesus. Assim entendeu o povo cristão, desde
o início, confiando na mediação da Mãe do Senhor.
São três as bases da devoção mariana:
1) A Bíblia, especialmente os Evangelhos, que nos mostram Maria dentro
do projeto salvador de Deus por Jesus Cristo, e cuja missão é inseparável de
Cristo. Evidentemente, os católicos não adoram, mas veneram Maria.
2) Jesus Cristo. A figura de Maria não pode entender-se senão a partir
de Cristo, pois tudo em Maria tem raiz, orientação e sentido cristocêntrico.
Cristo é visto sob vários matizes. Um deles é Maria. A devoção mariano não é
algo paralelo ao mistério de Cristo, mas é justamente a entrada nesse mistério
por um ângulo, entre tantos outros.
A chave para se entender a devoção mariano é a sua maternidade divina,
portanto está centrada em Cristo. É esta maternidade que fundamente a sua
concepção imaculada, a virgindade e a assunção gloriosa.
O culto de veneração a Maria sempre acaba em Deus, para o qual ela está
voltada. Nos católicos não olhamos tanto para Maria, mas para Deus do jeito que
ela olha e com a sua ajuda. Maria é modelo de cristã, de membro da Igreja de
Jesus, da qual ela é Mãe.
3) A Igreja. Maria está intimamente ligada à Igreja. Depois de Cristo,
ela ocupa o lugar mais alto e também mais perto de nós. Em toda a sua vida,
Maria aparece totalmente identificada com o novo Povo de Deus, do qual ela é
modelo e Mãe.
Maria é a mulher nova que representa, com Cristo, a amizade
restabelecida com Deus, que o pecado tinha quebrado. Como Cristo é o novo Adão,
Maria é a nova Eva. Maria é a cristã perfeita, a primeira discípula de Jesus,
aquela que escuta a sua palavra, guarda no coração e medita sobre ela, a fim de
transformá-la em vida. Junto com a Igreja, Maria canta a glória de Deus
realizada em Cristo em favor dos homens.
Um detalhe importante é o pedido de Maria aos serventes: “Fazei o que
ele vos disser”. Este pedido tem um sentido amplo, e é dirigido a todos nós,
seus filhos e filhas. Aí está o sentido profundo da devoção a Maria. Nós
agradamos a ela, atendendo ao seu pedido de fazer o que o seu Filho nos disse,
que está nos Evangelhos e na legítima tradição da santa Igreja.
Havia, certa vez, um homem que dizia para todo mundo: “Eu não acredito
em Nossa Senhora nem gosto dela” Um dia ele estava viajando de avião, junto com
um amigo. De repente o avião entrou numa tempestade e começou uma turbulência
muito forte. O avião balança como palha ao vento. Apavorado, aquele homem
disse: “Nossa Senhora, ajude-nos!”
O piloto conseguiu dominar a aeronave e ela atravessou a tempestade,
voltando ao normal. Então o amigo disse àquele homem: “Você não disse que não
gostava de Nossa Senhora? Por que então chamou por ela?” O homem respondeu: “Eu
não gosto dela lá embaixo, em terra firme. Mas aqui em cima é outra coisa”.
Ainda bem que Maria Santíssima é nossa mãe, e uma mãe entende até esse
tipo de filho. Entende e atende. Vamos gostar dela e pedir a sua proteção
sempre, não só quando estamos em perigo.
Jesus realizou este início dos sinais em Caná da Galiléia.
Padre
Queiroz
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