17
de Outubro - Sexta - Evangelho
- Lc 12,1-7
Os
cabelos de vossa cabeça estão todos contados.
Neste
Evangelho, Jesus nos pede para sermos transparentes. A pessoa transparente é
como uma casa com vidros transparentes nas portas e janelas. Quem está do lado
de fora vê tudo o que existe e o que se faz lá dentro.
Nós
não precisamos ter medo de mostrar para ninguém a verdade sobre nós mesmos,
pois Deus nos ama. “Não se vendem cinco pardais por uma pequena quantia?... Vós
valeis mais do que muitos pardais”.
E
de Deus ninguém consegue esconder nada, pois nos conhece muito bem. “Os cabelos
de vossa cabeça estão todos contados”. Podemos, portanto, confiar em Deus e ser
sempre transparentes.
Os
hipócritas mentem e disfarçam a verdade, porque reconhecem que são malandros e
que isso é errado. O próprio fato de a pessoa ocultar a realidade sobre si
mesma mostra que elas levam vida errada e sabem disso. O pecado do fingimento
age na sociedade como o fermento; por isso que Jesus falou: “Cuidado com o
fermento dos fariseus, que é a hipocrisia”.
Hipocrisia
é o fingimento de pessoas que, sabendo que levam vida errada, querem esconder a
verdade sobre si mesmas, dando uma aparência de boas e de santas.
As
crianças e os jovens, que não têm muita experiência de vida, são os primeiros a
acreditar nos hipócritas, pensando que eles são realmente do jeito que se
apresentam. Quando essa geração nova descobre o fingimento, é invadida pelo
desânimo e pela diminuição do gosto pela vida. Não compensa ser adulto amanhã,
não compensa fazer parte desta sociedade fingida. Daí para o vício das drogas é
um pequeno passo. Se o hipócrita pertence a uma Comunidade cristã, esta também
passa a ser desacreditada.
“Não
tenhais medo.” Jesus nos lembra que o nosso maior tesouro é a vida após a
morte, e esta ninguém consegue tirar de nós. Devemos ter medo, medo filial, de
um só: Deus
Nossos
maus exemplos e más palavras agem também como mau fermento nas pessoas; de
forma lenta e quase imperceptível, vão corrompendo a família, a Comunidade, o
ambiente em que vivemos.
Se
a hipocrisia age como o fermento, o bom exemplo também. Vamos testemunhar o
bem, deixando que a luz de Deus, que recebemos no batismo, se irradie,
iluminando o mundo.
Certa
vez, um estudante universitário saiu para dar um passeio com o seu professor, a
quem os alunos consideravam seu amigo devido à sua bondade para os que seguiam
as suas instruções.
Enquanto
caminhavam, viram no seu caminho um par de sapatos velhos e calcularam que pertenciam
a um homem que trabalhava no campo ao lado e que estava prestes a terminar o
seu dia de trabalho.
O
aluno disse ao professor: “Vamos fazer-lhe uma brincadeira. Vamos esconder-lhe
os sapatos e escondemo-nos atrás dos arbustos para ver sua cara quando não os
encontrar”.
“Meu
caro” – disse o professor – “nunca devemos divertir-nos à custa dos pobres. Tu
és rico e podes dar uma alegria a este homem. Coloca uma moeda em casa sapato e
depois escondemo-nos para ver a sua reação quando os encontrar”.
Fez
isso e ambos se esconderam no meio dos arbustos. O pobre homem terminou as suas
tarefas diárias e caminhou até os sapatos para voltar para casa. Ao chegar,
deslizou um dos sapatos no pé, mas sentiu algo dentro deste. Baixou-se para ver
o que era e encontrou a moeda. Pasmado, perguntou-se o que havia acontecido.
Olhou a sua volta para todos os lados, mas não viu nada e ninguém. Guardou a
moeda no bolso e foi calçar o outro sapato.
Sua
surpresa foi ainda maior quando encontrou a outra moeda. Seus sentimentos esmagaram-no.
Pôs-se de joelhos, levantou os olhos ao céu e, em voz alta, fez um
agradecimento, falando de sua esposa doente e sem ajuda e de seus filhos que
não tinham pão e, devido a uma mão desconhecida, não morreriam de fome.
O
estudante ficou profundamente emocionado e seus olhos ficaram cheios de
lágrimas. “Agora” – disse o professor – “não está mais satisfeito com essa
brincadeira?” O jovem respondeu: “Você me ensinou uma lição que jamais hei de
esquecer. Agora entendo algo que antes não entendia: é melhor dar do que
receber”.
Aquele
rapaz certamente dava uma de santinho em casa, mas no anonimato queria ser
malandro. Felizmente o professor não foi na conversa e inverteu: fez com que o
rapaz fizesse o bem também no anonimato. Como é importante termos bons
educadores!
Maria
Santíssima era uma pessoa transparente. Como ela se mostrava para o povo, assim
era realmente. Mesmo não tendo pecado, ela era humilde e se reconhecia indigna
dos favores de Deus. Que Nossa Senhora nos ajude a ser cada vez mais transparentes.
Os
cabelos de vossa cabeça estão todos contados.
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