15 de Setembro - Segunda - Evangelho -
Jo 19,25-27
Jesus refere-se a si
mesmo como “o Filho do Homem”. A expressão “filho de homem” aparece dezenas de
vezes no profeta Ezequiel, onde se refere ao profeta, na sua simples e frágil
condição de “humano”. Aparece também duas vezes no livre de Daniel, sendo uma
delas como um “humano” que vem entre as nuvens do céu, agora revestido de
poder. Nos evangelhos, Jesus identifica-se como o filho do homem, revestido de
fragilidade (cf. segunda leitura), conforme o sentido do profeta Ezequiel, para
que não o confundissem com o messias glorioso, esperado pelos judeus. O Filho
do Homem significa o humano, o encarnado na vida, na história. Contudo os
discípulos originários do judaísmo, na sua incompreensão, vão, com freqüência,
interpretar o “filho do homem” com o qual Jesus se identifica, no sentido
messiânico de glória e poder, conforme a única vez que aparece em Daniel. O
Filho do Homem desceu do céu e será levantado. É o Verbo que se fez carne e
vimos a sua glória. Temos aqui a dinâmica característica do evangelho de João.
Jesus desceu do céu para elevar o humano. João prima pela revelação da
exaltação da condição humana a partir da encarnação do Filho de Deus, Jesus. A
elevação do Filho do Homem é a elevação do humano. Conforme o livro de Números,
Moisés fez uma serpente de bronze e a levantou, para que todos a vissem. Quem
recebesse a mordida mortal de uma serpente contemplava a serpente de bronze e
não morria (primeira leitura). Este antigo modelo da Lei de Moisés é
substituído pela graça e a verdade de Jesus (Jo 1,17). Quem nele crer tem a
vida eterna. Na encarnação Deus deu seu Filho ao mundo, que veio como enviado
para anunciar e testemunhar sua Palavra da salvação. A sua divina missão não é
a da condenação do mundo, mas a de fecundar a vida e fazê-la germinar e
frutificar no mundo. É a missão da misericórdia e do amor. Crer em Jesus,
segui-lo e assumir a sua missão é entrar na vida eterna. Jesus ao manifestar o
amor de Deus atrai e comunica este amor a todos. Jesus é dom de Deus para
comunicar a vida ao mundo. A glorificação de Jesus é fidelidade total à sua
missão, sem recuar, mesmo diante da morte. Jesus elevado na cruz é a consumação
de uma vida de amor. É a glória de Deus no seu projeto de elevação da
humanidade à participação de sua vida eterna.
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