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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Tu és o Cristo de Deus - Padre Antonio Queiroz




Tu és o Cristo de Deus. O Filho do Homem deve sofrer muito.
Este Evangelho narra três coisas: a sondagem de Jesus sobre a opinião que a multidão e que os discípulos tinham dele; a profissão de fé de Pedro; e o anuncio da paixão, que corrige a visão que os judeus e os próprios discípulos tinham a respeito do Messias, como o glorioso restaurador político do reino de Davi.
Quem sou eu para você? Essa pergunta feita aos discípulos, Jesus a faz a cada um de nós. E quer uma resposta, não teórica apenas, mas vivencial: qual a resposta que damos a essa pergunta com a nossa vida?
Muitos dizem: para mim, Cristo é um amigo, o meu melhor amigo. Está bom. Mas de vez em quando não viramos as costas para ele? Que tipo de amigos somos de Jesus? O verdadeiro amigo não busca o outro só quando precisa dele (amigo interesseiro), mas lhe é fiel sempre. O amigo sabe ouvir. Jesus nos fala através dos Evangelhos e dos pastores da santa Igreja. Os amigos costumam ter os mesmos ideais. Se somos amigos de Jesus, os sonhos dele são os nossos sonhos.
Depois que Jesus fez o pacto de amizade com os discípulos, revela-lhes o seu mistério: é o Messias sim, mas um Messias sofredor, que foi anunciado pelos profetas e bem diferente das expectativas do povo. Aqueles discípulos que eram verdadeiros amigos de Jesus entenderam, por o amigo lê no coração, sabe entender o outro.
Jesus é o próprio Deus encarnado para nos salvar. Através dele, todos nós recebemos a plenitude da vida. Mas para isso precisamos acolhê-lo com generosidade, pois ele é o nosso caminho, verdade e vida. Mais ainda, precisamos continuar a sua missão na terra: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21).
Diante da resposta correta de Pedro, Jesus pediu a todos que não contassem a ninguém quem ele realmente é, para que ele pudesse sofrer a sorte comum de todo ser humano que quer viver segundo o plano de Deus, no meio dessa geração depravada.
Ser amigo de Jesus é caminhar com ele e como ele, participando inclusive dos seus sofrimentos. Nós às vezes caímos. Mas Jesus também caiu várias vezes no caminho do Calvário. O importante é, à imitação dele, levantar-nos sempre e continuar carregando a cruz.
Jesus sempre caminhou, aproveitando ao máximo os seus dias na terra. Nós também caminhamos. Cada dia de manhã, desarmamos a nossa tenda e vamos mais à frente, como o povo hebreu no deserto. Se alguém dica parado, não está sendo igual a Jesus.
A esperança é como o arco-íris, que está sempre na nossa frente mas nunca a atingimos. Só no céu, o nosso arca-íris será plenamente atingido por nós.
Faz parte da nossa missão, convidar outros para caminharem junto conosco. “Vem, entra na roda com a gente. Também você é muito importante, vem!”
Só podemos dizer que Jesus é o nosso verdadeiro amigo quando falamos com ele, dialogamos com ele. “Orai sempre”, pediu Jesus.
“Eis que estou à porta e bato. Se alguém me abrir a porta, e ouvir a minha voz, eu entrarei e vou cear com ele “ (Ap 3,20). Jesus hoje convida você a ser amigo, amiga dele, amigo que dialoga, amigo que abre o coração, amigo para sempre.
Dia 13/08/2000, faleceu em Santo André – SP, o Pe. Alfredinho Kunz. Por opção, ele escolheu morar no Estado do Ceará, em Tauá, uma das cidades mais pobres do Estado. Nesta cidade, a casa mais pobre era a do Pe. Alfredinho.
Ali ele fundou um movimento chamado PAF (Porta Aberta ao Faminto), pois ele não suportava ver pobres com fome. Sua influência foi tão grande que perto de duas mil casas no Ceará tinham na porta a sigla PAF.
Apesar de ser um escritor e ter livros traduzidos em vários idiomas, Pe. Alfredinho andava sempre com roupas de mendigo.
Um dia, ele foi convidado para pregar o retiro para o clero de uma diocese. O retiro aconteceu numa casa própria para encontros. Quinze minutos antes da abertura, quando todos os padres já estavam reunidos esperando o pregador, ele chegou a apertou a campainha. O caseiro foi atender, ele se apresentou direitinho como o Pe. Alfredinho que veio pregar o retiro, mas o caseiro não acreditou e pediu que ele ficasse esperando do lado de fora do portão. Até que o próprio bispo ficou sabendo, veio e o acolheu.
Em 1988, Pe. Alfredinho mudou-se para Santo André, onde foi morar num barraco de favela. Ali viveu até o fim da vida, dedicando-se à sua paróquia e ao movimento PAF. Mas nunca deixou de usar roupas de mendigo.
“O Filho do Homem deve sofrer muito”. Assim como Cristo, também o cristão que quer viver integralmente o Evangelho acaba sofrendo incompreensões e mal-entendidos. Isso porque ele ou ela não suporta viver em paz, ao lado de famintos e de pessoas que sofrem injustiças.
Maria Santíssima, conhecia bem o seu Filho e nunca o fez sofrer. Que ela nos ensine. “Salve Maria, tu és a estrela virginal de Nazaré! És a mais bela entre as mulheres, cheia de graça, esposa de Jose”.
Tu és o Cristo de Deus. O Filho do Homem deve sofrer muito.




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