Tu és o Cristo de Deus. O Filho do Homem
deve sofrer muito.
Este Evangelho narra três coisas: a
sondagem de Jesus sobre a opinião que a multidão e que os discípulos tinham
dele; a profissão de fé de Pedro; e o anuncio da paixão, que corrige a visão
que os judeus e os próprios discípulos tinham a respeito do Messias, como o
glorioso restaurador político do reino de Davi.
Quem sou eu para você? Essa pergunta
feita aos discípulos, Jesus a faz a cada um de nós. E quer uma resposta, não
teórica apenas, mas vivencial: qual a resposta que damos a essa pergunta com a
nossa vida?
Muitos dizem: para mim, Cristo é um
amigo, o meu melhor amigo. Está bom. Mas de vez em quando não viramos as costas
para ele? Que tipo de amigos somos de Jesus? O verdadeiro amigo não busca o
outro só quando precisa dele (amigo interesseiro), mas lhe é fiel sempre. O
amigo sabe ouvir. Jesus nos fala através dos Evangelhos e dos pastores da santa
Igreja. Os amigos costumam ter os mesmos ideais. Se somos amigos de Jesus, os
sonhos dele são os nossos sonhos.
Depois que Jesus fez o pacto de amizade
com os discípulos, revela-lhes o seu mistério: é o Messias sim, mas um Messias
sofredor, que foi anunciado pelos profetas e bem diferente das expectativas do
povo. Aqueles discípulos que eram verdadeiros amigos de Jesus entenderam, por o
amigo lê no coração, sabe entender o outro.
Jesus é o próprio Deus encarnado para
nos salvar. Através dele, todos nós recebemos a plenitude da vida. Mas para
isso precisamos acolhê-lo com generosidade, pois ele é o nosso caminho, verdade
e vida. Mais ainda, precisamos continuar a sua missão na terra: “Como o Pai me
enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21).
Diante da resposta correta de Pedro,
Jesus pediu a todos que não contassem a ninguém quem ele realmente é, para que
ele pudesse sofrer a sorte comum de todo ser humano que quer viver segundo o
plano de Deus, no meio dessa geração depravada.
Ser amigo de Jesus é caminhar com ele e
como ele, participando inclusive dos seus sofrimentos. Nós às vezes caímos. Mas
Jesus também caiu várias vezes no caminho do Calvário. O importante é, à
imitação dele, levantar-nos sempre e continuar carregando a cruz.
Jesus sempre caminhou, aproveitando ao
máximo os seus dias na terra. Nós também caminhamos. Cada dia de manhã,
desarmamos a nossa tenda e vamos mais à frente, como o povo hebreu no deserto.
Se alguém dica parado, não está sendo igual a Jesus.
A esperança é como o arco-íris, que está
sempre na nossa frente mas nunca a atingimos. Só no céu, o nosso arca-íris será
plenamente atingido por nós.
Faz parte da nossa missão, convidar
outros para caminharem junto conosco. “Vem, entra na roda com a gente. Também
você é muito importante, vem!”
Só podemos dizer que Jesus é o nosso
verdadeiro amigo quando falamos com ele, dialogamos com ele. “Orai sempre”,
pediu Jesus.
“Eis que estou à porta e bato. Se alguém
me abrir a porta, e ouvir a minha voz, eu entrarei e vou cear com ele “ (Ap
3,20). Jesus hoje convida você a ser amigo, amiga dele, amigo que dialoga,
amigo que abre o coração, amigo para sempre.
Dia 13/08/2000, faleceu em Santo André –
SP, o Pe. Alfredinho Kunz. Por opção, ele escolheu morar no Estado do Ceará, em
Tauá, uma das cidades mais pobres do Estado. Nesta cidade, a casa mais pobre
era a do Pe. Alfredinho.
Ali ele fundou um movimento chamado PAF
(Porta Aberta ao Faminto), pois ele não suportava ver pobres com fome. Sua
influência foi tão grande que perto de duas mil casas no Ceará tinham na porta
a sigla PAF.
Apesar de ser um escritor e ter livros
traduzidos em vários idiomas, Pe. Alfredinho andava sempre com roupas de
mendigo.
Um dia, ele foi convidado para pregar o
retiro para o clero de uma diocese. O retiro aconteceu numa casa própria para
encontros. Quinze minutos antes da abertura, quando todos os padres já estavam
reunidos esperando o pregador, ele chegou a apertou a campainha. O caseiro foi
atender, ele se apresentou direitinho como o Pe. Alfredinho que veio pregar o
retiro, mas o caseiro não acreditou e pediu que ele ficasse esperando do lado
de fora do portão. Até que o próprio bispo ficou sabendo, veio e o acolheu.
Em 1988, Pe. Alfredinho mudou-se para
Santo André, onde foi morar num barraco de favela. Ali viveu até o fim da vida,
dedicando-se à sua paróquia e ao movimento PAF. Mas nunca deixou de usar roupas
de mendigo.
“O Filho do Homem deve sofrer muito”.
Assim como Cristo, também o cristão que quer viver integralmente o Evangelho
acaba sofrendo incompreensões e mal-entendidos. Isso porque ele ou ela não
suporta viver em paz, ao lado de famintos e de pessoas que sofrem injustiças.
Maria Santíssima, conhecia bem o seu
Filho e nunca o fez sofrer. Que ela nos ensine. “Salve Maria, tu és a estrela
virginal de Nazaré! És a mais bela entre as mulheres, cheia de graça, esposa de
Jose”.
Tu és o Cristo de Deus. O Filho do Homem
deve sofrer muito.
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